Festa estranha, com gente esquisita

segunda-feira, 12 de julho de 2010

FELIPE AMORIM

A 19ª edição da Copa do Mundo de futebol teve de tudo. Favoritos caindo ainda na primeira fase, brigas internas, craques não rendendo 1% do esperado, erros bisonhos dos juízes e bandeirinhas, bola criticada pela maioria dos boleiros, vuvuzelas irritantes, musas, narrador anunciando a aposentadoria para o próximo Mundial e até um polvo vidente. Definitivamente, a Copa da África do Sul já entrou para a história como a mais diversificada dos últimos tempos.

Assim que a pelota rolou pela primeira vez, lá no dia 11 de junho, no Soccer City, acredito que muita gente não esperava tanta novidade em solos sul-africanos. Quem, em sua sã consciência, acreditaria que os finalistas de 2006 seriam os lanternas em seus grupos na primeira fase? Pois é, foi o que aconteceu.

Dos candidatos a craques, todos fracassaram. Franck Ribéry, Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, o nosso Kaká, Lionel Messi (este o único que demonstrou lampejos de bom futebol) e até o finalista Fernando Torres não foram sombra do que são. Bom para os "coadjuvantes" aparecerem, como foi o caso do Bola de Ouro eleito pela Fifa, o uruguaio Forlán. O nanico Sneijder e David Villa, que levou a Espanha nas costas, também merecem serem lembrados. Ah, e o que dizer dos Meninos da Alemanha? Geniais!

Mas a falta de craques foi tanta que o nível técnico da Copa ficou a desejar. Se podemos ver algo positivo nisso tudo foi a final feita entre Holanda x Espanha. Duas seleções que até então não haviam levantado a taça. O final todos sabem qual foi, mas a Orange também está de parabéns. Para quem fosse o título, seria merecido.

Fora os atletas, apesar de os juízes terem se esforçado para roubarem a cena com um erro mais bisonho que o outro, o destaque foi Dieguito. Entre superstições e toques de calcanhar na bola, ver o beijoqueiro Maradona na beira do gramado foi um espetáculo à parte. Coitado de Dunga, que, com seu figurino pra lá de suspeito, só conseguiu chamar a atenção após esmurrar o gramado e a proteção do banco de reserva, enquanto seu time era envolvido pela Holanda.

E o que falar de Paul, o polvo? Ah se eu tivesse seguido seus palpites no bolão aqui do jornal... Não poderia esquecer da paraguaia Larissa Riquelme. Mesmo estando a milhares de quilômetros da África do Sul, ela ganhou a preferência da macharada no quesito musa.

Há quem critique, mas eu, assim como os apaixonados pela Copa do Mundo, ficarei com uma saudade de tudo isso. Quem me dera mais uma semaninha de África do Sul... Mas como a competição já acabou, resta me contentar com a Série B do futebol brasileiro, com os nossos representantes Náutico e Sport, além do Santinha que começará a sua saga na Quarta Divisão neste domingo. Eu era feliz e não sabia. Fazendo uma brincadeira com um famoso apresentador, 2014 é logo ali. Ainda bem!

Destaques da Folha de Pernambuco

O caderno Folha na Copa chega a sua última edição nesta segunda-feira e traz como principal destaque o inédito título da Espanha na Copa do Mundo. A conquista foi assegurada após uma apertada vitória de 1x0 sobre a Holanda, com gol de Iniesta no segundo tempo da prorrogação.

No Recife, o ponto de encontro dos espanhóis foi o Instituto Cervantes. A festa, claro, tomou conta do recinto após o apito final do árbitro. Em Boa Viagem, o clima foi bem diferente na reunião dos holandeses, que amargaram, pela terceira vez, o vice-campeonato de uma Copa.

Ainda na edição desta segunda-feira, confira as fotos que marcaram o primeiro Mundial de futebol realizado no continente africano, a seleção eleita pela equipe de Esportes da Folha de Pernambuco e a coluna Agito na Copa.

E toda a equipe aproveita para agradecer a companhia durante esse mês.

Sobre certas coisas...

domingo, 11 de julho de 2010

LEUSA SANTOS
Editora Executiva

Final de Copa. Resultado justo: Espanha campeã. A estratégica Holanda não suportou a perfeição do toque de bola espanhol. Quanto mais jogos vi, mais tive a certeza de que a Seleção Brasileira, pentacampeã para sempre (pelo menos é assim que se comporta), tem muito a melhorar. E por incrível que pareça arrisco a dizer que não é dentro de campo, mas fora dele. Não é em plena Copa, mas antes dela. O Brasil perdeu 50% da Copa antes do Mundial começar. Dunga teimoso, Kaká bichado e apenas Lúcio com fome de jogo não poderia ser outra coisa a não ser o fiasco que foi.

Mas vamos falar de quem jogou bola nessa final histórica. Holanda e Espanha. Dois times ávidos pela taça. Desde sempre notou-se isso. E notou-se também com a Alemanha, a Argentina e até com Gana. Os espanhóis quiseram, lutaram, mereceram... ganharam. Resultado óbvio para uma equipe que tem a humildade e o sentimento de batalha nos pés. Sem afobação e desespero de quem não pode perder, mas também sem a apatia de quem não aceita um revés. A Espanha soube, dentro de campo, controlar essas emoções tão próximas da nossa Seleção e sufocou a Laranja Mecânica.

Também se a Holanda tivesse ganhado teria seus méritos. E méritos justos. Afinal, foi uma equipe que também levou a Copa a sério. Estratégica, focada, organizada. O pecado? Talvez ter incutido neste 11 de julho um favoritismo ainda precipitado. Dava para ver nos rostos dos jogadores a decepção de quem já se via com a taça na mão. Mas, assim como os espanhóis, jogaram, lutaram e buscaram o tempo todo imprimir a marca laranja nessa Copa. Não deu. Fazer o quê? Alguém tem que ganhar e, para isso, alguém tem que perder.

Que o Canarinho tire uma lição desta Copa, já que não aprendeu em 2006: futebol se ganha jogando bola e não admirando o próprio currículo. Mas vamos relaxar. Afinal, o tão simpático polvo acertou! Será que ele vem pra cá em 2014? Se Teixeira continuar na CBF vai ser fácil esse amiguinho excluir da sua escolha uma certa seleção. Adivinha qual?

A Fúria "Roja"

FELIPE AMORIM

Foi merecido. Apesar de a Espanha ter vencido o seu quarto jogo na Copa do Mundo pelo placar de 1x0, o título não poderia ter ido para mãos melhores. Tudo bem, eu concordo que o futebol apresentado desta vez pela La Roja deixou a desejar. Mas também os holandeses pouco fizeram no Soccer City, nesta tarde, em Johannesburgo. Além de bater muito, ficou comprovado que a verdadeira amarelona é a Orange: tri-vice-campeã (1974, 1978 e 2010).

Como já disse acima, a qualidade do jogo deixou a desejar. No primeiro tempo, pouco se criou. Apenas David Villa, aos 11, e Robben, aos 46, fizeram a torcida soltar o grito de "uhhhh". O destaque mesmo ficou pela quantidade abusiva de violência. O árbitro inglês acabou distribuindo seis amarelos. Na segunda etapa, a pancadaria foi maior. Resultado: com os oito amarelos da Holanda e quatro da Espanha, além do vermelho dado aos vice-campeões, a final de 2010 foi a que teve mais cartões dados. Até então a decisão de 1986, vencida pela Argentina, por 3x2 contra a Alemanha Ocidental, com seis amarelos, tinha sido a mais violenta.

Mas quando os atletas resolveram jogar, o futebol melhorou no segundo tempo. Se Robben tivesse assistido aos jogos do Flamengo na época de Zico, ele teria aprendido a driblar o goleiro na frente do gol como o Galinho cansou de fazer. Como não aprendeu, ele desperdiçou a chance de abrir o placar aos 16 minutos e aos 37. Agora, os espanhóis também vacilaram muito. Aos 24, David Villa, após uma incrível furada de Heitinga, mandou em cima do goleiro, e não fez mais nada no jogo. Uma pena, pois poderia ter deixado o campo como destaque.

Veio a prorrogação e a aflição continuou, como manda ser uma verdadeira final. A posse de bola da Fúria era nítida. Lembrou os toureiros duelando com os touros, nas arenas espanholas. Mas faltava o golpe final, no caso a forma no pé dos atletas. Sorte deles que o ditado do "quem não faz, leva" não entrou em campo. Só quando se desenhava a segunda final seguida a ser decidida nos pênaltis é que o gol saiu, para a felicidade daqueles que seguiram o palpite de Paul, o polvo. Coube a Iniesta proferir o golpe fatal, com um chute cruzado. Festa no Soccer City. Festa na Espanha. O mundo conhecia a verdadeira Fúria, a oitava equipe a conquistar a Copa.

Muita porrada e pouco futebol

FELIPE AMORIM

Este primeiro tempo da final da Copa do Mundo entre Holanda e Espanha lembrou muito um jogador: Felipe Melo. Se o volante da Seleção Brasileira estivesse em campo, ele estaria bem à vontade, afinal, a pancadaria "comeu no centro" nestes 45 minutos. Para quem esperava um futebol vistoso, teve que se contentar com muita marcação, pouquíssimas chances de gol e cinco cartões amarelos. Por enquanto, o placar de violência está 3x2 para a Orange. Isso mesmo. Se o árbitro inglês Howard Webb não punisse os infratores, poderia ter sido pior. E olhe que ainda teve "neguinho" saindo no lucro.

Dos cinco amarelos aplicados pelo árbitro, quem conseguiu se safar foi o volante De Jong. O lance do holandês, dando uma verdadeira voadora na caixa dos peitos de Xabi Alonso, parecia mais com a cena dos filmes do finado Bruce Lee. No mais, os amarelos dados aos "Vans" Bommel e Persie, pelo lado laranja, e a Puyol e Sérgio Ramos da Espanha foram justos.

Fora a sessão de pancadaria, o que me chamou a atenção (também negativamente) foi a ineficiência do meio de campo da Espanha. Se durante a Copa este setor jogou muito, até agora Xavi e companhia não produziram muita coisa. Mas a falta de qualidade não é privilégio da Fúria. Do lado holandês, o maestro e candidato a craque do Mundial, Sneijder também pouco apareceu. Pelo quase pouco criado, o placar em branco até foi justo. Vamos torcer para que o segundo tempo melhore e os gols saiam.

A final de 98 e as coxinhas de tia Rosa

YURI DE LIRA

Mil novecentos e oitenta e nove: caía o muro de Berlim, Fernando Collor era eleito presidente da República, as tropas soviéticas deixavam o Afeganistão, o seriado Os Simpsons estreava na TV. Em meio a toda essa efervescência, eu nascia. Teoricamente, a minha primeira Copa do Mundo seria a de 1990 - na Itália. Mas qual a graça que um bebê de um ano iria achar em um bocado de marmanjos correndo atrás de uma bola? No máximo, a bola. Só fui saber que houve esse campeonato depois de um tempinho. Uma pena. Se mamãe e papai fossem mais apressadinhos, eu teria visto jogadores como Maradona, Careca e Klinsmann voando dentro de campo. Do Mundial seguinte, tenho apenas lembranças vagas. Me recordo mais de Boris Yeltsin enviando tropas russas à Chechênia que do tetra conquistado pela Canarinho, nos Estados Unidos. Brincadeira, é claro. Mas com cinco primaveras recém-completadas, o esporte bretão ainda não tinha me cativado.

A minha grande Copa só foi acontecer em 1998. Naqueles tempos, o futebol já pulsava nas veias deste que os escreve. Esboçava uma torcida pelo Brasil. Toda santa partida, minha família e meus vizinhos se reuniam. Faziam churrasco, compravam comida e jogavam conversa fora. Eu adorava aquilo tudo. Aproveitava para comer os quitutes feitos por tia Rosa, especialmente as coxinhas. Crocantes, super-recheadas e um tanto oleosas, elas pareciam divinas para mim (eu era gordinho, quase obeso). Achava a comilança o mais legal de tudo. Cada fase que o selecionado nacional avançava era sinônimo de mais farrinhas e mais glutonice. O espírito de gordo reinava! Grudava na televisão, pegava os tira-gostos e avante, Brasil!

Lembro também que na época teve até uma moda de usar umas luvinhas nas cores verde-amarelo. Todo pirralho tinha uma. Para não ficar de fora, entrei na onda. Estava empolgadíssimo. Pensava que ninguém nos venceria. Após a primeira fase, veio Chile, Dinamarca e Holanda. Lapada em todo mundo. Esses dois últimos, por sinal, me renderam momentos de extrema angústia. Era muita emoção para um torcedor de nove anos de idade.

O pior, todavia, estava reservado. Na grande final, diante dos franceses, aconteceu a tragédia. Quando soube que Ronaldo não entraria em campo, previ o pior. Quando soube que Edmundo ocuparia o seu lugar, me desesperei. O Fenômeno, no entanto, foi à batalha. Fiquei aliviado. O resto da história me desagrada bastante. São coisas que não saem da memória tão fácil. Foram três gols avassaladores em cima da gente. Os dois primeiros, de Zidane, puseram a minha animação lá embaixo. Petit (para o jovem Yuri, infelizmente, não era o Gateau) marcou o terceiro e me desmoronou. De tanta tristeza, parecia até que a derradeira e mais saborosa coxinha de tia Rosa havia caído no chão e se espatifado.

Se espatifavam, na verdade, os sentimentos daquele garotinho. O amargo 3x0 não me fez chorar. Sempre fui forte para essas coisas. Sabia que aqueles atletas não mereciam as minhas lágrimas. Talvez o que mais me confortava era o fato de aquele ser o último jogo do escrete tupiniquim no torneio, ou seja, as farras (e, consequentemente, as coxinhas free) acabariam de todo jeito. Acabaram da pior forma possível para um menino que aspirava maiores amores pela Seleção. Restaram as coxinhas. Essas, sim, amo até hoje.

Resta um

FELIPE AMORIM

Depois de 63 partidas, eis que chegou o grande momento da Copa do Mundo: a finalíssima. Mesmo sem a Seleção Brasileira por lá, a atenção de todo o País estará voltada, às 15h30, no Estádio Soccer City, em Johannesburgo, o palco da decisão. Afinal, Espanha ou Holanda, uma dessas duas se tornará a oitava equipe a levantar a taça mais cobiçada do planeta bola. Fúria ou Oranje, quem levará a melhor? Pegue a sua bebida, prepare o seu tira-gosto e faça sua aposta, porque os craques estão prestes a entrar no gramado. Hoje, companheiros, veremos história. Veremos um novo campeão mundial.

Pela primeira vez, não teremos Argentina, Itália, Alemanha ou Brasil entre os finalistas. "Culpa" dos espanhóis e holandeses, que eliminaram germânicos e canarinhos, nessa ordem. Na minha humilde opinião, é bom para o futebol, que será oxigenado. Afinal, em 18 edições até então, só haviam tido o gostinho de levantar o caneco Brasil (cinco vezes), Itália (quatro), Alemanha (três), Uruguai (duas), Argentina (duas), Inglaterra (uma) e França (uma).

Voltemos ao duelo desta tarde. Por terem eliminado os favoritos alemães na semifinal, por 1x0, e com o melhor toque de bola desta Copa, a Espanha, para mim, chega como franca favorita. Se levar, exterminaria, de uma vez, o estigma de "amarelona", além de consagrar uma geração de craques.

Por outro lado, ficaria também feliz se a Holanda fosse campeã. Nada mais justo do que o "futebol" corrigir um erro do passado, quando o Carrossel Holandês ficou com o vice em 1974 e 1978. Mesmo não lembrando nem de longe aquele belo time, o fato de chegar à final com 100% de aproveitamento é de impor respeito a qualquer adversário, até na Espanha.

Bom, pela qualidade das duas equipes, o futebol já sai como o grande vitorioso. Agora vamos rezar para que a partida dê gosto de ser ver, como manda uma final de Copa do Mundo. A torcida agradece.

2002: Gols adornaram a final

GUSTAVO PAES

Passeando com certa facilidade, o Brasil venceu a Alemanha em 2002 sem os requintes de crueldade (com os corações brasileiros) de 1994. Poder gritar gol em uma final de Copa do Mundo – já que nos pênaltis do Mundial dos Estados Unidos o nervosismo era tanto que só saíam alguns grunhidos quando a rede era estufada pelos cobradores brasileiros-, tornou a decisão diante dos germânicos muito especial para mim.

Na época, ainda adolescente, superstições para ver futebol ainda faziam parte do meu repertório. Tinha assistido a todos os jogos em uma farra organizada por vizinhos bem mais velhos e familiares. Na época da grande final, meu antigo colégio estava recebendo estudantes de todo o Nordeste para uma competição poliesportiva. Ou seja, telão, centenas de jovens da minha idade e muita festa. Mas não teve quem me fizesse sair do lado da velha guarda. Não me perdoaria se quebrasse a “corrente” e o Brasil perdesse. Jovens...

Mas depois do segundo gol de Ronaldo Cascão, veio a confiança que eu precisava. Ainda segurei por alguns instantes (por garantia), mas disse até logo aos que estavam ao meu lado, já em festa. O Brasil apenas contava os minutos para ser campeão. Corri como um maluco do meu prédio até o colégio – um trajeto de uns 5 minutos e naquela época eu estava relativamente em forma. Lembro-me que caía uma chuva fina. Tamanha era a sutileza que parecia proposital, poético.

E talvez fosse mesmo proposital. Para disfarçar o choro do babaca emotivo, pois durante a “maratona”, os olhos já marejaram, assim como acontece agora no momento da lembrança. Pior. O maluco com a camisa do Brasil correndo pelas ruas do bairro das Graças recebeu apoio do povo. “Vai lá garoto, o Brasil vai ser campeão”, gritou um da janela, batendo palmas. Um prédio à frente e um casal anuncia o final da partida. “Cabou o jogo, é penta. Vai rápido, vai”, e acenavam para mim.

Todos pareciam imaginar qual era o objetivo. E ele foi alcançado. Entrei esbaforido no auditório onde estava o telão. Sem a devida oxigenação no cérebro, demorei a encontrar os rostos conhecidos. Mas foi tudo muito rápido. Foi avistar os amigos, dar aquele abraço emocionado, e eis que surge Cafu no telão, com um sorriso histórico. Sua boca ainda se moveu para alguns dizeres. Algumas horas depois – talvez até dias, não lembro ao certo -, ficamos sabendo que ele fez uma homenagem para a esposa. “Regina, eu te amo”, disse o capitão. E levantou a taça. Eu vi, após a corrida mais importante da minha vida. O resto é história.

Final de Copa dentro de um carro

FLÁVIO BATISTA

Hoje é um dia especial. Domingo de final de Copa do Mundo. Jogo que traz toda uma carga emocional. Coroa heróis. Marca vilões. E a primeira decisão do torneio que me lembro de ter acompanhado foi a de 1990, envolvendo Alemanha e Argentina.

E acompanhei de uma forma bem peculiar. Na época, eu tinha nove anos e como se diz no interior, "não tinha querer". No domingo da final da Copa, saímos de Carpina, cidade onde eu morava, e fomos para o Recife, visitar minha avó materna. Dia super agradável em família, tal... eis que meu pai resolve voltar para Carpina bem na hora do jogo.

Mesmo pequeno, já começava a despertar para o mundo esportivo e queria muito assistir à final. No entanto, não teve jeito. Ainda vimos o primeiro tempo, pela TV, na casa da minha avó e no intervalo, pegamos a estrada.

Para não ficar tão alheio ao que se passava na Itália (sede da Copa de 1990), ligamos o rádio. Teve até comemoração quando Brehme fez o gol de pênalti que garantiu o título para a Alemanha. Naquele momento, minha torcida era para chegar mais rápido em casa para ver a taça sendo levantada. Não deu tempo. Mesmo assim, essa minha primeira final de Copa do Mundo vai ficar guardada para sempre na minha memória.

Destaques da Folha de Pernambuco

É domingo de final de Copa do Mundo. Holanda e Espanha decidem o título na África do Sul e você, leitor da Folha de Pernambuco, entra no clima através do caderno Folha na Copa.

Além da apresentação da partida, com as escalações, as campanhas das seleções até aqui e o duelo de artilheiros entre Sneijder e Villa, preparamos um vasto material.

Saiba como foram as duas finais de Copa perdidas pela Holanda, em 1974 e 1978. Conheça também um holandês e um espanhol que torcerão por suas seleções neste domingo bem longe de casa. Ambos estão morando em Pernambuco e já trataram de reunir os amigos para acompanhar a decisão.

E entre os jogadores dos três grandes times do Recife - Náutico, Santa Cruz e Sport -, qual é a torcida para mais tarde? Leia na sua Folha de Pernambuco.

Obrigada, Klose!

sábado, 10 de julho de 2010

IRCE FALCÃO

Tudo indicava para uma nova quebra de recorde em Copas do Mundo. O atacante alemão Klose começou o Mundial a todo vapor, deixando claro que Ronaldo Fenômeno poderia perder o posto de maior artilheiro de todos os Mundiais. Klose marcou quatro gols na Copa da África do Sul, ficando a apenas um de igualar a conta do brasileiro, e a dois de ultrapassar o 15 gols assinalados pelo ídolo canarinho. Hoje, ele não atuou devido a problemas na coluna.

Para Ronaldo, um gol a mais ou a menos não diminuiria a rechonchuda (como o fenômeno) conta bancária que ele possui. Se o atacante estivesse realmente preocupado em manter a marca e fixar, ainda mais, o nome dele na história dos Mundias, ele teria se cuidado para disputar mais uma Copa na carreira, pois qual treinador não convocaria um Ronaldo em boa forma? Nem Dunga resistiria. Mas, enfim.

Para nós, brasileiros, é sempre bom poder abrir a boca e dizer que somos pentacampeões do mundo e, como um bônus, temos ainda o maior artilheiro de todas as Copas. Pense num orgulho danado de uma conquista onde não despejamos uma gota de suor. Tudo fruto do trabalho alheio. Mas o patriotismo aflora nesses momentos, além de ser muito legal tirar onda com os adversários. Então, desejo melhoras a Klose, pelas dores de coluna, mas destino é destino, e não ia ficar legal um alemão tomando lugar de brasileiro na artilharia. Obrigada, Klose!

Uma final escrita por Franz Kafka

KAUÊ DINIZ

É engraçado. Deveríamos lembrar com mais exatidão das nossas alegrias do que tristezas. Mas acho que, talvez, o ser humano para não querer errar novamente, tende a recordar daquelas cicatrizes que deixaram marcas profundas. E a final da Copa do Mundo de 1998 foi assim. Foi um tipo de Maracanaço, claro com suas devidas proporções, e devidas mesmo, do final do século XX.

Após passarmos pelo timaço da Holanda, nas semifinais, não havia quem duvidasse do pentacampeonato. Ronaldo estava na ponta dos cascos. Taffarel pegando tudo atrás. Tudo bem que nosso zagueiro era Júnior Baiano, já tinha até esquecido disso e é melhor deletar da memória novamente. Mas a Seleção se não era 100% qualidade, também não decepcionava com Bebeto, Rivaldo, Leonardo, César Sampaio, Roberto Carlos.

A França, sinceramente, não metia medo. Chegou cambaleante à final. Zidane, até então, não era o Zidane que hoje todos nós reverencíamos. Os Bleus tinham um ataque, formado por Guivarc e, às vezes, Dugarry, que, simplesmente não sabia fazer gol. Eram horríveis mesmo.

Por isso, fui assistir à final da Copa na casa de um amigo da época do colegial com a certeza de que o caneco era nosso. Mas logo ao chegar na casa dele, seu pai foi logo me informando: "olha, o Ronaldo parece que não vai jogar. Tão dizendo que quem vai entrar de titular é Edmundo". Era apenas a ponta de um iceberg que se tornou a traumática e tão discutida final de 98, que até hoje tem quem acredite piamente que os homens-forte do nosso futebol venderam nosso título.

A falta de informações precisas na ocasião, misturada à apatia de Ronaldo e toda a equipe dentro de campo, foram a cada minuto adormecendo as esperanças do pentacampeonato. O brilhante escritor tcheco Franz Kafka parecia ter renascido dos mortos para contar em formas surreais as últimas horas de um time moribundo. Um surrealismo explícito no gol de cabeça de Zidane. Pois é, como Sneijder, agora nesta Copa, o francês também jamais havia marcado um gol de cabeça.

Atônitos, acho que não só eu, mas a grande maioria dos brasileiros, até mesmo pelo exemplo da reação dos meus amigos presentes naquele "funeral", não tínhamos forças para reagir. Não houve xingamentos, nem lágrimas. Apito final, todos calados, fomos jogar ping-pong, como se nada houvesse acontecido.

Em boas mãos

IRCE FALCÃO

Emocionante, imprevisível, movimentado. O duelo entre Alemanha e Uruguai foi bom de ver, digno de entrar para a lista dos melhores jogos deste Mundial. A cadência da partida foi quase um passinho de dança, um (ataque) para lá, outro para cá, mostrando o equilíbrio que marcou o confronto. Se alguém esperava uma Alemanha sem motivação, cabisbaixa por causa da derrota na semifinal, surpresa! Os pupilos de Joachim Löw mostraram o porquê de terem sido considerados favoritos ao título, partindo para o ataque em velocidade e abrindo o marcador com o sempre oportunista Müller, que fez cinco gols em uma Copa brilhante.

Os uruguaios foram um capítulo à parte. Apesar da derrota, eles correram, atacaram, se defenderam (exceto o goleiro Muslera, que faltou nas aulas de atenção, saída do gol e iniciativa, falhando nos gols europeus) e, sem dúvidas, vão desembarcar em casa como verdadeiros heróis, afinal, esta delegação foi responsável por recuperar a imagem da Celeste no futebol mundial. Como verdadeiros guerreiros, jogaram em igualdade com um timaço, chegando até a virar o placar no início do segundo tempo, com um golaço de Fórlan, que jogou muito e só não fez chover nesta Copa. Ele é O Cara!

A virada, no entanto, não foi suficiente para segurar o tal "rolo compressor" alemão, que sufocou a defesa uruguaia até empatar e ficar, novamente, em vantagem no placar. Para quem gosta de bom futebol, com ingredientes tradicionais como emoção e muitos gols, essa decisão pelo terceiro lugar, definitivamente, não deixou a desejar. Quando parecia já estar tudo definido, eis que Fórlan ainda coloca uma bola no travessão, que se diga de passagem, foi um pecado não ter entrado.

Confesso ter torcido para a Celeste, pelo calor sul-americano, a garra do time e a festa de um povo que não comemorava há tempos. Mas admito que o bronze está em ótimas mãos, premiando uma seleção jovem, audaciosa, que promete dar muito trabalho na Copa de 2014, no Brasil. A Alemanha repetiu a colocação de 2006, quando venceu Portugal e ficou em terceiro lugar. Estou é curiosa para saber se os atletas, que disseram não querer festa, vão resistir a tal cervejinha na comemoração pela vitória. Duvido.

A primeira decepção

LÉO LISBÔA

Final de Copa do Mundo não tem como brasileiro não lembrar. Seja por alegria ou tristeza, os duelos que acontecem a cada quatro anos acabam não saindo da memória de um povo que é tão aficcionado por futebol. Em meus 24 anos de vida, me lembro de ter acompanhado as decisões de 1994 (Estados Unidos), 1998 (França), 2002 (Japão e Coreia do Sul) e 2006 (Alemanha).

Apesar de assistir à Seleção Brasileira ser tetra e pentacampeã na América do Norte e na Ásia, uma decisão que me marcou foi França x Brasil, em Paris, em 1998, jogo em que os donos da casa golearam a Canarinho por 3x0, não deixando dúvidas onde a taça deveria ficar.

Naquele Mundial, então com 12 anos, a empolgação era total. Embalado pela Conquista em 94, logo na primeira Copa do Mundo em que acompanhei, acreditava que a Seleção Brasileira ganharia mais um título. Mero engano. O início foi de animar. Na primeira fase, sob comando do técnico Zagallo, que esteve presentes nas outras quatro conquistas, o Brasil venceu Escócia e Marrocos, mas foi derrotado pela Noruega.

No mata-mata, mais sucesso da Seleção. Nas oitavas de final, vitória por 4x1 sobre o Chile. O duelo seguinte, com uma atuação inspirada do pernambucano Rivaldo, triunfo por 3x2 em cima dos dinamarqueses. Contra os holandeses, que seriam os algozes este ano, coube ao goleiro Taffarel garantir a vitória ao defender dois pênaltis.

Para a grande final, contra a França, a expectativa era a maior possível. Não quis saber de superstição. Ao invés de assistir no meu quarto, onde tinha acompanhando as partidas anteriores, fui junto a minha família assistir na casa de um tio. Após o almoço, o primeiro susto. Roinaldinho não estava entre os titulares divulgados pela Fifa. Mas o atacante entrou em campo, junto com os outros dez atletas. Melhor que não tivesse entrado.

O Brasil não se encrontrou e levou dois gols de Zidane ainda no primeiro tempo. Desolado, fui para casa, sabia que o sonho do penta tinha terminado, pelo menos naquele ano. Os 45 minutos finais nem assisti, perdi até o terceiro gol. Preferi jogar videogame...

Vale o terceiro lugar

IRCE FALCÃO

Se em muitas competições a disputa pela terceira colocação é vista como uma partida secundária, sem tanta badalação, Uruguai e Alemanha prometem mudar qualquer estereótipo deste tipo. Logo mais, a partir das 15h30, as duas equipes entram em campo com o objetivo de encerrar a passagem no Mundial da África do Sul com uma vitória. Afinal, ambas fizeram uma bela campanha na competição.

Do lado uruguaio, vejo esse jogo como histórico, pois a Celeste não apresentava um bom futebol há alguns anos, e a Copa de 2010 pode marcar a retomada dos sul-americanos entre as forças do esporte. Estará em jogo também uma quebra de tabu, pois o Uruguai não vence os germânicos desde os Jogos Olímipcos de 1928. Uma seca de 82 anos.

Já para a Alemanha, a terceira colocação pode soar como um prêmio de consolação. Sim, porque os europeus mostraram um futebol bonito e empolgante de ver, com um time composto de garotos, donos de um contra-ataque no estilo "rolo compressor". Os comandados de Joachim Löw eram tidos como certos na grande final do Mundial, e a derrota para a Espanha, sem dúvida, ainda não saiu da mente deles. A frustração foi grande, tanto que os atletas adiantaram não terem interesse em comemorar o bronze, como aconteceu em 2006.

Acredito em uma partida de muitos gols, pois o Uruguai terá o retorno do atacante Luis Suaréz, ao lado do habilidoso Fórlan, enquanto a Alemanha poderá contar com o oportunista Müller, que, ao lado de Klose, é o principal finalizador das jogadas ofensivas dos europeus.

Palpites para o vencedor:

Paul, o polvo profeta: Alemanha
Eu: Prefiro acompanhar a opinião de Paul, afinal, ele foi bem melhor que eu nas apostas da Copa.

A final de 1998

GUSTAVO LUCCHESI

Como passei a acompanhar as Copas do Mundo a partir da edição de 1994, faço parte de uma geração que cresceu e acreditou que o Brasil fosse praticamente imbatível em Mundiais, por isso é tão estranho acompanhar duas quedas seguidas nas quartas de final, como em 2006 e 2010. Mas vamos ao que interessa. Instintivamente, pensei em escolher a final de 1994, contra a Itália, que, curiosamente, está bem mais fresca na minha cabeça do que a de 2006.

Porém, na tentativa de fugir um pouco do óbvio, escolhi uma que é tão inesquecível quanto o tetracampeonato, mas com um sentimento final completamente oposto: a de 1998, contra os franceses. De antemão gostaria de avisar também que a decisão de 2002 foi "arretada", mas não me contagiou tanto, pois considero aquele título óbvio demais, sem riscos para o Brasil. Sem desmerecer a conquista, obviamente.


Naquela Copa da França, acompanhei todos os jogos do Brasil no meu quarto, de porta fechada, enquanto meus irmãos e amigos se reuniam na sala e faziam aquela bagunça. Cheio de confiança, resolvi me juntar aos "baderneiros de plantão" e saí da minha toca justamente na grande final, com toda a certeza do mundo que o título já estava nas mãos do Brasil. Me lembro muito bem quando chegou a notícia de que Ronaldo Fenômeno estava fora da final.

Claro que, inicialmente, todos levaram na brincadeira, com o pensamento de que o "grande truque do velho Lobo Zagallo" foi utilizado para "catimbar" a decisão. Na partida, mesmo com o primeiro tempo terminando 2x0 para a França, eu não tinha dúvidas de uma virada brasileira. Com o passar dos segundos, fui murchando, murchando, até que precisei ver o gol de Petit para acreditar realmente que o Brasil tinha deixado o pentacampeonato escorrer pelos dedos. Não chorei, pois a ficha só caiu dias depois, mas, como diria um amigo meu, aquilo machucou muito meu "x-coração". Ah... Machucou.

A epopeia azul

PAULO FAZIO

Quando o assunto é Copa do Mundo, as minhas primeiras lembranças remetem a 1994, quando o Brasil foi campeão nos Estados Unidos, naquela disputa de pênaltis inesquecível contra a Itália. Mas, curiosamente, a final que mais me marcou não envolvia a Seleção em campo, mas envolvia disputa por penalidades. Foi no ano de 2006, no Mundial da Alemanha. Aquela foi a primeira Copa que me envolvi realmente. Assistia a todos os jogos, um verdadeiro secão. E o duelo entre França e Itália foi a cereja do bolo.

Mesmo com a eliminação de Parreira e seus comandados, segui fervorosamente o andamento da competição. Zidane liderava a França e enchia os olhos dos amantes de futebol, enquanto a Itália era Itália, crescendo jogo após jogo, com aquele peso que a camisa azul tem. A final foi o ápice de tudo, com um enredo digno de epopeia. O gol de pênalti categórico de Zizou, seguido do empate de Materazzi. A história estava escrita e os personagens escolhidos.

Veio a prorrogação e toda a cena que ninguém esquece. Primeiro o vermelho. "Não se pode expulsar Zidane em uma final, é um atentado ao futebol", me lembro de estar gritando. Mas depois vieram as cenas do lance, que, ao ver na hora, fiquei estatelado. Um ídolo perdendo a compostura, mas ao mesmo tempo mostrando que todos são humanos, independente do status que tenha.

Depois dos 30 minutos de prorrogação, que ainda contou com lances de perigo, como uma grande defesa de Buffon, pegando uma forte cabeçada de Zidane com apenas uma mão, veio a decisão por pênaltis. Na segunda cobrança, Trezeguet manda uma bomba no travessão. Todos seguem convertendo as penalidades. Último a cobrar pela Itália, Fabio Grosso, que havia feito um golaço que eliminou a Alemanha nas semifinais, pegou a bola. Tensão. Mas o lateral bateu bem e garantiu o tetracampeonato italiano. Para minha alegria, que, confesso, estava torcendo para a Itália. Vai ver por isso foi tão inesquecível.

Destaques da Folha de Pernambuco

A decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo da África do Sul é o principal destaque da edição deste sábado do caderno Folha na Copa. Uruguai e Alemanha se enfrentarão às 15h30 (do Recife), no estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth. Os uruguaios querem fechar bem uma campanha surpreendente, já os alemães buscam motivação após a derrota para a Espanha na semifinal.

Veja também quem são os dez atletas que estão concorrendo ao prêmio de melhor jogador do Mundial. Vai uma dica: nenhum brasileiro está na lista. E na véspera da grande final, Holanda e Espanha fazem os últimos preparativos.

Polvo x Periquito: quem está certo?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

FLÁVIO BATISTA

Hoje, ao entrar na internet, vi a chamada de uma matéria que dizia "Polvo Paul prevê a vitória da Espanha". Na mesma hora pensei, fatura liquidada. A Fúria será campeã pela primeira vez de uma Copa do Mundo. Se o polvo, que acertou todos os resultados da Alemanha no Mundial, decretou, quem sou eu, um reles mortal, oitavo colocado no bolão de Esportes da Folha de Pernambuco, para discordar.

Mas eis que quando vou ler a matéria, percebo que existe outro animal vidente no mundo. Trata-se do periquito Mani, de Cingapura. Segundo seu dono, um senhor de 80 anos, ele acertou todos os resultados das quartas de final e, ainda, a vitória da Espanha sobre a Alemanha, na semifinal. Para o periquito, a Holanda será a campeã. E agora? O que eu faço? Coloco Espanha ou Holanda como vencedora, no bolão?

Até neste "duelo" entre os animais fica evidente o equilíbrio que deve prevalecer nesta final de Copa do Mundo, domingo, a partir das 15h30.

Destaques da Folha de Pernambuco

O Brasil se apresentou ontem, oficialmente, como sede da próxima Copa do Mundo, em 2014. A festa, que não teve muito tempero brasileiro, aconteceu em Johannesburgo, na África do Sul, e contou com a presença do presidente Lula.

Outro destaque do caderno Folha na Copa desta sexta-feira é uma matéria feita pelo editor de suplementos Thiago Soares em Cuba. Na terra do beisebol, as pessoas pararam para acompanhar o Mundial de futebol, principalmente os jogos que envolviam seleções das Américas (excetuando os Estados Unidos, por motivos óbvios).

Leia também sobre o clima para a grande final de domingo, que reunirá Holanda e Espanha.

Em Cuba, cinema é lugar de Copa

quinta-feira, 8 de julho de 2010

THIAGO SOARES
Da Revista da Folha
Enviado especial

SANTIAGO DE CUBA - Olhei a primeira vez e não acreditei. No Cine Cuba, no centro de Santiago de Cuba, uma das programações do “Verano Cinematográfico” não era nenhum filme. Mas assistir aos jogos da “Copa Mundial Futbol – Sudafrica 2010” ali mesmo, no escurinho do cinema. Nas duas semifinais e a final do Mundial, os cubanos poderão ver os jogos num telão ao preço de 2 Cuc (cerca de 2 Euros), a moeda convertida que os turistas usam no país. Pergunto à bilheteira do cinema quantas pessoas estão assistindo ao jogo Holanda X Uruguai e ela me responde que 82 cubanos pagaram para ver a partida. “Como muitos têm televisão velhas em casa, acabam vindo para cá assistir aos jogos”, explica. Quando digo que sou brasileiro, mais uma vez, o capítulo “novela” se abre. Sabe qual foi o maior público que o Cine Cuba já teve em toda sua história? “A exibição do último episódio de 'Mulheres Apaixonadas'. Tivemos lotação esgotada: 250 pessoas”, diz a bilheteira.

No hotel Meliá, o cinco estrelas de Santiago de Cuba, um grupo de turistas alemães está mobilizando o Daiquiri Bar, no lobby, para fazer uma espécie de camarote VIP para assistir às partidas. No jogo contra a Argentina, eles faziam a festa enquanto os cubanos franziam as testas – lamentando a saída do amado Dieguito Maradona.

Praga argentina

IRCE FALCÃO

Nos últimos Mundiais, os argentinos mostraram que têm bom futebol, mas que não têm força para chegar às finais. Mostraram também que são vingativos e "amaldiçoam" as seleções responsáveis pela eliminação deles. O "feitiço argentino" começou em 1998, quando a Holanda foi eliminada pelo Brasil depois de mandar os reis do tango de volta para casa.

Em 2002, quem sofreu foi a Suécia, eliminada nas oitavas de final, logo depois de fazer parte de um dos maiores fracassos dos hermanos em Mundiais, quando eles não passaram nem da fase de grupos. O calvário da Alemanha começou em 2006, quando eliminou a Argentina nas quartas e foi derrotada pela Itália na semifinal. Ontem, a maldição se repetiu, e os alemãs ficaram, novamente, nas semis, depois de atropelar os pupilos de Maradona, vencendo por 4x0.

Reza a lenda que os argentinos não serão campeões do mundo enquanto não pagarem uma promessa feita à Virgem de Copacabana del Abra de Punta Corral, da província de Tilcara, em 1986, quando os hermanos, com direito a gol de mão, levantaram a taça. Os religiosos mais fervorosos acreditam que, enquanto a promessa não for paga, nada de título.

Beleza que os argentinos estejam amaldiçoados (essa parte confesso não achar ruim), mas a urucubaca está passando para os outros. Então, das duas uma. Ou Maradona e sua trupe pagam a tal promessa, ou é bom nós, brasileiros, começarmos a rezar para eles ficarem bem longe da gente na Copa de 2014. Ninguém merece maldição de argentino dentro de casa.

A verdadeira moda: ficar pelado

IRCE FALCÃO

Não sei para que as pessoas se preocuparam tanto em comprar roupinhas e acessórios para acompanhar a Copa do Mundo por dentro da moda se a real moda do momento é esta história de ficar pelado. Não importa se o time ganhou, perdeu ou empatou, o que interessa mesmo é tirar a roupa e aproveitar os comentados 15 minutinhos de fama. Que o diga a paraguaia Larissa Riquelme, que caiu nas graças do público masculino. Aqui na redação, o nome da "namoradinha da Copa" é quase unanimidade. Ê falta de assunto. Triste!

Em todos os países, no mínimo, uma pessoa prometeu tirar a roupa se o time fosse campeão (no Brasil esse número poderia ser multiplicado por mil). O técnico da Argentina, Maradona, engrossou o coro. Ainda bem que ele foi eliminado logo, pois seria a visão do inferno vê-lo pelado. É uma necessidade de aparecer incrível. Ontem, um espanhol resolveu entrar na onda do nudismo comemorativo e desfilou, peladão, pelas ruas de Madrid. A Fúria ainda nem levantou a taça, mas ele já mostrou toda a euforia.

Do jeito que as coisas vão, o nudismo vai ser uma coisa natural em 2014 (já estou até vendo a desculpa: "o Brasil tem um clima muito quente!"). As pessoas nem gostam de aparecer e com a quantidade de gente dando ibope então, fechou. O comércio que se prepare, pois a venda de camisas e acessórios deve diminuir bastante no próximo Mundial.

Paul, o polvo profeta

IRCE FALCÃO

Quem, em sã consciência, fazendo um retrospecto do que rolou até agora na Copa do Mundo da África do Sul, apostaria que a Espanha iria vencer a favortíssima Alemanha no Mundial? Difícil. Mas ele, a sensação dos palpites, acertou novamente. Muito mais atrativo do que aqueles que se julgam os "reis das previsões", o polvo profeta, Paul, virou a sensação da Copa, acertando todos os resultados da seleção alemã.

A revelação de quem será o vencedor acontece de forma inusitada, sem ter nada a ver com os tradicionais jogos de búzios, tarô e outras crenças. No aquário alemão de Oberhausen, onde o polvo vive, são colocados dois baús com a mesma quantidade de comida, cada um com a bandeira de uma seleção. O animal é colocado no centro do recipiente e, só então, escolhe o lado do vencedor da partida.

O palpite é tão seguro, mas tão seguro, que Paul acertou até a derrota alemã para a Sérvia, na segunda partida da fase de grupos. Só ele acertou, tenho certeza! As vitórias sobre Austrália, Gana, Inglaterra e Argentina também foram adiantadas pelo profeta aquático.

Agora, imaginem esse polvo num bolão? Covardia total. Já estou pensando em adotar Paul na próxima Copa para ver se tenho um desempenho melhor nas apostas aqui da editoria de Esportes.

Destaques da Folha de Pernambuco

Holanda e Espanha farão a final da Copa do Mundo da África do Sul, no próximo domingo. O destaque do caderno Folha na Copa desta quinta-feira é a vitória da Fúria sobre a Alemanha por 1x0. O único gol da partida foi assinalado por Puyol. Pela primeira vez, os espanhóis vão disputar a decisão de um Mundial. Do outro lado, a Holanda já foi vice-campeã duas vezes (1974 e 1978). O certo mesmo é que o seleto grupo de campeões mundiais passará de sete para oito integrantes.

As equipes da Folha de Pernambuco acompanharam a partida de ontem em três lugares diferentes. Estivemos juntos com os espanhóis, os alemães e assistimos à primeira transmissão em 3D para o Nordeste. Uma experiência bastante interessante, que está narrada no caderno Folha na Copa. Não deixe ler.

Uma experiência em 3D

quarta-feira, 7 de julho de 2010

FELIPE AMORIM

Pela primeira vez em todo o Nordeste, uma emissora de televisão realizou, em caráter experimental, uma transmissão em 3D. O evento, promovido pela Rede Globo Nordeste, aconteceu nesta tarde, na Cachaçaria Carvalheira, apenas para convidados, durante a realização da partida entre Alemanha x Espanha, válida pela semifinal da Copa do Mundo da África do Sul. E quem vós escreve, com a sorte que Papai do Céu me deu, acabou ganhando um dos dois convites destinados à editoria de Esportes da Folha de Pernambuco num concorrido sorteio. Agora, depois desta introdução, compartilharei com vocês a minha experiência.

Confesso que tinha criado uma grande expectativa em torno da transmissão de uma partida de futebol em 3D. Não foi como eu esperava, até porque a televisão era de "apenas" 145 polegadas - bem menor que as telas do cinema -, mas foi bastante legal. Para mim, que estou acostumado com minha humilde 29 polegadas cheia de "chuvisco", ver uma partida de Copa do Mundo em 3D foi um sonho.

Assim que coloquei os óculos e olhei para a televisão, vi Brasão, atacante do Santa Cruz, em minha frente e indaguei: "Brasão está na transmissão 3D?". Mas logo conclui que era apenas mais um evento que o arroz de festa tricolor comparecia. Brincadeirinha, pessoal, mas não poderia deixar de tirar um sarro com o jogador de futebol mais festeiro de Pernambuco.

Voltando à partida, fiquei bastante impressionado com a qualidade das imagens. Em certos momentos, parecia até que estávamos dentro do campo. Por exemplo, quando o espanhol Iniesta, aos 26 minutos do primeiro tempo, se posicionava para bater escanteio, deu a impressão que eu poderia marcá-lo, tamanha é a realidade. Nas cobranças de laterais é a mesma coisa. Realmente somos teletransportados para dentro de campo. Em certos momentos me empolguei tanto que até tive vontade de dar uns pitacos para o catoteiro Joachim Löw, que demorou a mudar postura de sua equipe.

E o áudio 5.1 digital só fez nos dar uma maior sensibilidade em cada lance da partida. Pareceu mesmo que estávamos no Estádio Moses Mabhida, em Durban. Tanto que comprovei: as vuvuzelas são realmente irritantes. Na hora do gol, que tanto esperei, ver o zagueiro Puyol comemorando foi impressionante. Era como se estivesse ao seu lado, vibrando o feito. Bom, no final ficou um gostinho de quero mais, mas pelo menos pude me contentar em "ter ido" à África do Sul, mesmo que por apenas 90 minutos.

PS: Leia mais sobre esta transmissão pioneira, amanhã, no caderno de Esportes da Folha de Pernambuco. O repórter Geison Macedo, da editoria de Informática, contará a experiência que foi acompanhar o jogo entre Alemanha e Espanha na tecnologia 3D.

Jabulani rendida. Espanha finalista

GUSTAVO PAES

Venha cá, Jabulani. Não se debata, não adianta mais. Fique mansa nos pés dos seus verdadeiros donos, que te tratam com respeito, carinho, mas com o rigor que você - arisca - estava precisando. Xavi e Iniesta, como jogam esses meio-campistas dos anos 70, que pegaram carona no DeLoren do Dr. Brown, para dar um gostinho do futebol clássico aos mais jovens. Espanha 1x0 Alemanha. A Fúria agora é finalista de Copa do Mundo, pela primeira vez na sua história.

O grande bicho-papão do Mundial foi totalmente dominado na tarde de hoje. A Espanha, que vinha atuando de forma econômica, mostrou o que sabe. Jogou ao seu estilo, só não foi perfeita porque pecou muito nos contra-ataques. Era para ter vencido por mais. Xavi e Iniesta mostraram que o sucesso do Barcelona nos últimos anos está longe de ser apenas pela presença dos craques Ronaldinho e, posteriormente, Messi.

Mas apesar de todo talento despejado, do controle absurdo da bola, quem marcou o gol foi o "patinho feio da história". Além da cara horripilante, o zagueiro Puyol é tido como um zagueiro grosso. Eu prefiro considerá-lo um defensor prático, de muita raça, que forma uma grande dupla de zaga com o assustadoramente técnico Piqué. Puyol, o símbolo, marcou em uma cabeçada fulminante, após cruzamento de Xavi, o gol mais importante da história da Espanha. Aos 27 minutos da etapa derradeira.

Novamente, o sucesso da Espanha está longe de ser casual. Venceram a Eurocopa 2008 em uma final contra a própria Alemanha. Sobraram nas eliminatórias. Foram desclassificados pelos Estados Unidos em uma inútil Copa das Confederações, derrota que parte dos brasileiros utilizaram para a acusarem novamente de pipoqueira. Amarelo, crianças, só em alguns traços da bela camisa vermelho vivo. Chegou na final da Copa do Mundo. Já é vitoriosa. Com sete dos seus titulares sendo jogadores do Barcelona, o melhor time do mundo. O futebol agradece.

"O toque de bola é sua escola Espanha, sua maior tradição". É, eles nos roubaram...

De olho no segundo finalista

LÉO LISBÔA

Classificada após o susto no final do duelo contra o Uruguai na primeira semifinal da Copa do Mundo, a Holanda conta as horas para saber quem será o seu adversário na decisão do Mundial. Hoje, enquanto Alemanha e Espanha estiverem jogando em Durban, a partir das 15h30 (do Recife), os atletas holandeses estarão na frente da televisão, de pés para cima, já analisando quem enfrentará no domingo.

É difícil apontar um favorito no confronto Alemanha x Espanha. As duas seleções possuem campanhas bem parecidas e até já foram derrotadas nesta Copa. De um lado, os alemães, desacreditados no início do Mundial, surpreenderam ao golear alguns adversários. A tão temida Argentina não deu nem um susto sequer. Do outro, os espanhóis, que desembarcaram na África do Sul como favoritos, não tiveram atuações tão brilhantes, mas não podem ser descartados pelo seu talento.

As duas equipes possuem atletas com poder de decisão. Swesteiger, Ozil, Podolski e Klose (que está a um gol de igualar o brasileiro Ronaldo como maior artilheiro na história da Copas) já provaram que não podem ter espaço. A baixa ficou por conta da ausência de Muller, suspenso. Xavi, Iniesta, Villa também mostraram nos cinco jogos deste Mundial que não estão para brincadeira. Fernando Torres, em baixa na competição, pode ressurgir hoje.

Acredito que em Durban, os alemães "vingam" a final da Eurocopa de 2008, quando foram derrotados por 1x0 pelos espanhóis. A junção da eficiência alemã com a técnica dos jovens talentos que estão nessa nova geração deve passar por cima dos comandandos do técnico Vicente Del Bosque.

Excesso de confiança alemã que pode custar caro

FLÁVIO BATISTA

A Alemanha está apresentando o melhor futebol desta Copa do Mundo. Disso não há dúvidas. Mas uma coisa me chamou atenção. Ontem, véspera do confronto decisivo desta tarde contra a Espanha, a seleção germânica não treinou cobranças de pênalti. Ao meu ver, mostra um excesso de confiança que pode custar caro.

A Alemanha vem de duas goleadas sobre Inglaterra e Argentina, 4x1 e 4x0, respectivamente, e entra com um leve favoritismo para a partida contra a Fúria. No entanto, é um clássico, e a vaga na decisão da Copa pode, perfeitamente, ser definida nos pênaltis. E aí? A Alemanha não está contando com essa possibilidade? Tudo bem que os germânicos nunca perderam uma decisão por pênaltis em Mundiais, mas...

Destaques da Folha de Pernambuco

A Holanda é a primeira finalista da Copa do Mundo de 2010. Ontem, a seleção laranja venceu o Uruguai por 3x2 e retorna a uma decisão de Mundial após 32 anos. Hoje, Alemanha e Espanha decidirão o outro finalista do torneio.

Ainda nos bastidores para a escolha do novo técnico da Seleção Brasileira, o nome de Mano Menezes, atualmente no Corinthians, ganhou bastante força ontem e deve ser o escolhido. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, prometeu que, até o fim deste mês, o novo técnico da Canarinho será anunciado.

Holanda é a primeira finalista

terça-feira, 6 de julho de 2010

TERNI CASTRO

Um jogo de tirar o fôlego e digno de Copa do Mundo. O guerreiro Uruguai lutou bastante, mas foi derrotado pelo esquadrão laranja da Holanda por 3x2. Com o resultado, a Laranja Mecânica chega a sua terceira final de Mundial e vai lutar agora para conquistar o primeiro título para o país. Aos uruguaios, resta sair de cabeça erguida - pois jogaram como nunca - e brigar pelo terceiro lugar.

A primeira etapa foi digna de uma verdadeira semifinal. A Holanda, assustada, via o
Uruguai marcar forte e não conseguia sair para o jogo. Mas o escrete laranja contou com o foguete de Van Bronckhorst para abrir o marcador (graças a nossa querida Jabulani). Apesar de estar em desvantagem, os uruguaios não se abateram e deram o troco na mesma moeda: Forlán soltou a esquerda e a Jabulani morreu nos fundos do gol holandês. O fim do primeiro ato, então, não poderia ser mais justo: 1x1.

No segundo tempo, o Uruguai voltou com a mesma postura de marcação forte e teve boas chances de virar o placar. Entretanto, a Holanda tinha duas armas letais: Snejder e Robben, que fizeram mais dois gols (o do meia com a ajudinha de Van Persie, impedido - valeu, senhor juiz) e aumentaram a vantagem holandesa. Os uruguaios, apesar do golpe, não desistiram e diminuíram com Maxi Pereira aos 47. Pronto, foi o que faltava para dar ares dramáticos à partida. A Celeste foi toda para o ataque tentando o gol de empate. Infelizmente, não conseguiu e ao apito final, a festa foi laranja.

Os uruguaios reclamaram bastante ao término da partida com o juiz uzbeco Ravshan Irmatov devido ao gol holandês impedido. E com razão. É completamente inadmissível que, mais uma vez, um erro de arbitragem interfira em um resultado da Copa. Mas, reclamações à parte, gostaria de ressaltar aqui a valentia do selecionado uruguaio. Deu gosto de ver os Celestes se doando o tempo inteiro em campo e tentando o empate até o último segundo. Pena que uma Laranja Mecânica atravessou o caminho platino.

Um jogo de difícil palpite

TERNI CASTRO

De um lado, a "arrogância" positiva, do outro a tranquilidade e humildade. Holanda e Uruguai se enfrentam logo mais, às 15h30, para decidirem com quem ficará a primeira vaga na final da Copa da África do Sul. Ambos selecionados chegaram à semifinal a todo vapor e a promessa é de um embate tenso, mas com muitas emoções.

Os Laranjas estão ansiosos para chegar à grande decisão, e esperam mostrar que mesmo jogando um futebol não tão brilhante, buscando apenas os resultados, podem sim levar o caneco para Amsterdã. Já os uruguaios esperam por esse momento há mais de 40 anos e, com certeza, vão dar o sangue em campo para ir em busca do tricampeonato e resgatar as forças - podem ficar tranquilos, já conseguiram isso - do futebol Celeste. As apostas dos holandeses estão nos pés de Robben e Sneijder para embalar a equipe. Já os uruguaios, apesar de não contarem com o capitão Lugano, lesionado, têm principalmente em Forlán a arma para bombardear o goleiro holandês.

Num jogo como esse, quem ganha é o torcedor. Fica difícil até para palpitar e por isso dessa vez me isento de qualquer aposta. Só não se pode negar que os holandeses têm um ligeiro favoritismo. Mas favoritismo não ganha jogo. Assim espero.

Minha torcida é por Felipão

FLÁVIO BATISTA

A Seleção Brasileira está fora da Copa, todos já sabem. Mas a eliminação nas quartas de final ainda repercute. E neste momento onde se procura encontrar os "culpados" e as falhas, a escolha do substituto de Dunga é um dos assuntos mais debatidos nas rodas de futebol.

Cinco nomes aparecem como cotados: Luiz Felipe Scolari, Muricy Ramalho, Mano Menezes, Leonardo e Ricardo Gomes. Eu nem pestanejo ao dizer qual é o meu predileto. Luiz Felipe Scolari, o Felipão, tem todos os requisitos importantes para comandar a Seleção em 2014. O principal deles, na minha opinião, é experiência. Coisa que não consigo enxergar em Leonardo, por exemplo.

O ex-lateral esquerdo da Seleção contabiliza apenas uma passagem pelo Milan. Se anunciado como treinador da Canarinho seria uma espécie de Dunga mais comedido e poliglota. E o mais comedido ainda coloco entre aspas porque em 1994, ele foi expulso nas oitavas de final contra os Estados Unidos num lance tão estúpido quanto o de Felipe Melo contra a Holanda.

Treinar a Seleção Brasileira nunca é fácil. E em 2014 será muito pior. A pressão pelo título vai ser algo de outro mundo. Os fantasmas de 1950 reaparecerão por todos os lados. Um Muricy Ramalho, tão truculento feito Dunga, iria "levar numa boa" tamanho buchicho em torno do seu trabalho? Leonardo, Ricardo Gomes e Mano Menezes teriam sangue frio e "rodagem" para encarar esse desafio?

Em todas as indagações que faço, a resposta para ser o novo (nem tão novo assim) técnico da Seleção é só uma: Luiz Felipe Scolari. O anúncio deve ser feito até o fim deste mês. Até lá, vou ficar na torcida.

Destaques da Folha de Pernambuco

Uruguai ou Holanda. Quem será o primeiro finalista da Copa do Mundo de 2010? A partida acontecerá hoje, a partir das 15h30, e é o principal destaque do caderno Folha na Copa. Os holandeses estão embalados pela vitória sobre a Seleção Brasileira, na última sexta-feira. Mas do outro lado, encontrará um Uruguai confiante pela surpreendente campanha que vem fazendo na África do Sul.

A outra semifinal acontecerá amanhã e reunirá a Alemanha, considerada a melhor equipe do torneio, e a Espanha. Os alemães não escondem o desejo de vingança para esse confronto, já que foram derrotados pelos espanhóis na decisão da última Eurocopa, em 2008.

No noticiário da Seleção Brasileira, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez críticas ao ex-técnico da Canarinho, Dunga, que, por sua vez, divulgou uma carta, agradecendo a oportunidade dada a ele. Já Felipe Melo, expulso após agredir Robben na partida contra a Holanda, disse não entender os xingamentos por parte do torcedores direcionados a ele.

Leia essas notícias e muitas outras no caderno Folha na Copa desta terça-feira.

A maldição não perdoa

segunda-feira, 5 de julho de 2010

PAULO FAZIO

Este ano foi a vez de Lionel Messi. Em outros, Ronaldinho Gaúcho, Luís Figo, Roberto Baggio e até mesmo Ronaldo. Todos esses jogadores têm em comum em seus currículos o título de Melhor Jogador do Mundo, eleito pela Fifa. Ao mesmo tempo em que compartilharam com a glória máxima individual no esporte, esses craques também foram vítimas de uma mesma maldição: o fracasso na Copa do Mundo que sucede essa eleição. Explico: sobrenaturalmente, desde que o prêmio foi criado, em 1991, todos os que receberam o troféu um ano antes do Mundial foram decepcionantes de alguma maneira no torneio.

Tudo começou com Roberto Baggio. O italiano foi eleito o melhor jogador em atividade no ano de 1993, um antes da Copa dos Estados Unidos. No torneio, Baggio não foi mal dentro de campo. Até foi um dos principais jogadores da Azurra no percurso antes de chegar à final. Lá, selou o início da maldição. Foi o responsável por desperdiçar a cobrança de pênalti que deu o tetracampeonato ao Brasil.

Outro que passou por uma situação parecida foi o atacante Ronaldo. Em 1997, tinha sido eleito o melhor do mundo pela segunda vez consecutiva. Na França, em 1998, era o maior ídolo e figura principal do Brasil. Fez um bom Mundial, marcou cinco gols, mas, justamente na final, foi atingido sem pena pela maldição. Convulsão, mistério e derrota para os donos da casa na grande decisão.

Na África do Sul, foi a vez de Messi. Depois de duas temporadas incríveis no Barcelona, muito se esperou do argentino na Copa. Mas, a não ser pelos primeiros jogos, pouco se viu. Nem mesmo um golzinho para contar história. Nada.

E ele voltou para casa assim como Ronaldinho Gaúcho, em 2006: uma decepção. Na época, 'Roni' fazia chover e fazer sol quando queria dentro de campo. Mas, na Alemanha, foi só mais um no pacote dos descompromissados do grupo de Parreira. A magia que emanava dos seus pés e que todos esperavam havia se acabado.

O mesmo roteiro, e com o mesmo final, se sucedeu com o português Luís Figo, em 2002. Uma maldição inexplicável, que atinge justamente aos que mais se espera lapsos de genialidade em uma Copa do Mundo. Se vivo fosse, Nelson Rodrigues não teria dúvidas: é tudo culpa de "Sobrenatural de Almeida", seu personagem fictício e responsável pelo improvável no futebol. Só pode ser.

Todos de olho em Klose

FELIPE AMORIM

Que futebol é momento ninguém discute. Mas aqui no Brasil, temos a infeliz cultura de não valorizar o que foi feito no passado. Não importa se o jogador deu um título a uma equipe ou se marcou gols belíssimos, se ele não estiver rendendo bem naquele exato momento, ninguém o quer na equipe. Geralmente é esta a lógica que vemos nos clubes brasileiros. Mas com o técnico da Alemanha, Joachim Löw, esta linha de raciocínio não funciona. Se não fosse assim, Miroslav Klose não teria ido à Copa do Mundo.

Antes de pisar em solo sul-africano, o atacante de origem polonesa não atravessava um bom momento no Bayern de Munique, da Alemanha. Prova foram os três míseros gols marcados em 11 partidas na temporada 2009/2010 da Bundesliga. Mas Klose, mesmo na condição de reserva do clube bávaro, acabou sendo selecionado entre os 23 atletas germânicos que foram ao Mundial.

E não é que Miroslav provou mesmo que é jogador de Copa do Mundo? No último sábado, quando completou 100 partidas com a camisa da Alemanha, o atacante, que marcou dois tentos na goleada de 4x0 sobre a Argentina, chegou a incrível marca de 14 gols em Mundiais. Nesta edição, tem quatro. Agora, ele está a apenas um gol de igualar Ronaldo, o maior artilheiro de todos os tempos, e a dois de entrar para a história sozinho.

A marca é expressiva, não há como questionar. Mas convenhamos que atacante por atacante, só mais mesmo o nosso Fenômeno. Independente de chegar, ou não, à final, a Alemanha terá mais duas partidas pela frente (ainda há a disputa do terceiro lugar). Mas vamos ficar na torcida para que a zica do Bayern de Munique chegue logo à África do Sul. Pelo bem do bom futebol.

Os cinco maiores artilheiros

1º lugar - Ronaldo* - 15 gols (1998, 2002 e 2006)
2º lugar - Miroslav Klose - 14 gols (2002, 2006 e 2010) e Gerd Müller (1970 e 1974)
3º lugar - Just Fontaine - 13 gols (1958)
4º lugar - Pelé - 12 gols (1958, 1962, 1966 e 1970)

*em 1994 não jogou nenhuma partida

Uruguai prega a tranquilidade

TERNI CASTRO

Enquanto os holandeses estão esbanjando arrogância - confirmadas ainda mais depois das declarações polêmicas de Sneijder ao afirmar que prefere a tranquilidade do técnico Van Marwijk a dois "idiotas" como Dunga e Maradona - o Uruguai segue na humildade e trabalhando forte para conquistar o objetivo maior de chegar à final da Copa.

O atacante "Loco" Abreu - destaque da última partida quando converteu o pênalti com a famosa "cavadinha", garantindo o Uruguai nas semis - falou a um site sobre as dificuldades que enfrentarão diante dos holandeses, mas ressaltou o poder de disposição dos atletas da Celeste dentro de campo. Com tom de serenidade, o atacante afirmou que terão atenção total com o escrete laranja, mas também que o Uruguai amadureceu bastante durante o torneio e, por isso, tem "armas para vencer" os holandeses.

Concordo plenamente. A Celeste Olímpica, além de ter uma equipe bem posicionada em campo e atacantes decisivos como o craque Diego Forlán, parece que tomou mesmo o gosto de jogar neste Mundial e não desiste de lutar pelo resultado positivo até o último minuto - prova disso foi a mão salvadora do atacante Luís Suarez no fim da prorrogação diante de Gana, impedindo o gol que desclassificaria o selecionado platino. É por isso que volto a afirmar: a Holanda vai ter que rebolar muito se quiser tirar a vaga na grande decisão das mãos uruguaias. Melhor que seja assim, pois é garantia de jogão e promessa de muitas emoções dentro de campo. Que vença a melhor seleção (espero que seja o Uruguai).

O ano do desempate

IRCE FALCÃO

O histórico da Copa do Mundo é repleto de coincidências. São detalhes mínimos, que passariam despercebidos por qualquer mortal. Mas esse tipo de coisa não passa pelos olhos atentos e detalhistas dos amantes do futebol, mais precisamente pelos loucos por Mundiais. Ao longo dos anos, europeus e sul-americanos dividiram a hegemonia na conquista da tão sonhada taça de campeão.

O desempate acontece nesta copa, pois cada continente possui nove títulos. Na América do Sul, Brasil, Argentina e Uruguai são os responsáveis pela conta, enquanto Itália, Inglaterra, França e Alemanha formam o time de campeões da Europa.

O detalhe mais legal para quem gosta de superstição e dados interessantes é que, depois do bicampeonato conquistado pelo Brasil, nos anos de 1958 e 1962, as conquistas aconteceram de forma intercalada (uma Copa para sul-americanos e uma para europeus). Seguindo a escrita dos últimos anos, a Copa da África do Sul terminaria com um campeão da América. Mas Brasil, Argentina e Paraguai deram adeus à competição nas quartas de final.

Pelo andar da carruagem, parece que o retrospecto está perto de mudar, pois das quatro semifinalistas, três são do Velho Continente (Holanda, Espanha e Alemanha). Apenas o Uruguai segue na briga representando a América do Sul. Será que a Celeste manterá a alternância nos títulos?

A Alemanha está sobrando

FLÁVIO BATISTA

Posso estar sendo precipitado, mas, para mim, depois do que vi nas oitavas e quartas de final da Copa, já poderiam entregar a taça de campeã para a Alemanha. É de encher a vista o futebol que a "molecada" está jogando. Contra duas potências da modalidade, Inglaterra e Argentina, oito gols marcados. Duas goleadas sem dó e piedade.

Se o time não tem aquele toque de magia de outrora, consegue ser um símbolo da eficiência (termo muito utilizado atualmente e, na maioria das vezes, para equipes que não merecem tal definição). O time alemão funciona como uma máquina bem ajustada. Tudo no seu lugar e um colaborando com o outro. O verdadeiro futebol coletivo. E com temperos.

Diante dos outros três semifinalistas, sinceramente, não vejo nenhuma seleção superior à alemã. A Espanha, que enfrentará os germânicos na semifinal, chegou à Copa como favorita, mas, até agora, não mostrou o futebol que se esperava dela. Está entre as quatro, mas posso dizer que meio aos trancos e barrancos, vide a sofrida classificação diante do Paraguai, no último sábado.

A Holanda, como o amigo Kauê Diniz já colocou aqui no blog, está uma laranja sem gosto. Resolveu abrir mão do futebol bonito, mas que não vinha trazendo grandes resultados, para adotar uma postura mais pragmática. Vamos ver se o desfecho será interessante. Já o Uruguai está jogando na base da raça, da superação. É muito bonito ver a doação de cada atleta em campo, o orgulho de estar regastando a tradição da Celeste. Apesar de ter a minha torcida, a sensação que tenho é que os uruguaios já foram longe demais diante do que se esperava deles e vai ficar nisso mesmo.

Copa na Rádio Folha FM (96.7)

A Seleção Brasileira está fora da Copa do Mundo, mas a cobertura do maior torneio de futebol do planeta segue na Rádio Folha FM (96.7). Daqui a pouco, a partir das 7h, acompanhe as informações do Mundial no Folha Notícias.

Para ouvir, basta sintonizar 96.7 ou acessar a rádio pela internet, através do endereço da Folha Digital - www.folhape.com.br.

Destaques da Folha de Pernambuco

A demissão do técnico Dunga é o destaque do caderno Folha na Copa desta segunda-feira. A delegação verde-amarelo chegou ontem ao Brasil, após a eliminação do Mundial, diante da Holanda, e o técnico comentou que conversaria com Ricardo Teixeira para decidir se continuaria, ou não, no comando da equipe. No entanto, horas depois, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou o desligamento do treinador.

Ainda sobre a chegada da Seleção, houve tumulto no Rio de Janeiro. O volante Felipe Melo, expulso no jogo contra a Holanda, foi o mais xingado pela torcida presente no Aeroporto do Galeão. Em compensação, o goleiro Júlio César chegou a ser aplaudido. Em São Paulo, jogadores como Kaká e Robinho deram um drible na torcida e na Imprensa e saíram por um local alternativo do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

E como hoje é segunda-feira, trazemos, mais uma vez, a coluna Agito na Copa, com o zum zum que envolve o maior torneio de futebol do planeta. E ainda tem mais: jogadores argentinos pedem para Maradona continuar na seleção; a Alemanha miscigenada é a grande atração da Copa; a Fúria se diz preparada para encarar os alemães; os holandeses não querem saber de euforia; e o Uruguai curte, com muita descontração, a excelente campanha na África do Sul. Boa leitura!

Quem será o craque?

domingo, 4 de julho de 2010

FELIPE AMORIM

Wayne Rooney. Cristiano Ronaldo. Franck Ribéry. Lionel Messi. Kaká. Qual a semelhança entre estes nomes, além de serem craques consagrados internacionalmente? Todos, sem exceção, decepcionaram na Copa do Mundo da África do Sul. De candidatos a craques na competição, eles deixaram o continente africano com o fracasso entre roupas e chuteiras na bagagem. Mas quem disse que a savana ficou menos interessante sem a presença deles? Pelo contrário. Alguns atletas seguem forte no páreo para levar o título de melhor atleta do Mundial de 2010. Abaixo a lista que, para mim, fornecerá o craque da Copa.

Alemanha
Da Alemanha podemos tirar dois fortes candidatos ao título, principalmente se os germânicos forem os campeões mundiais. Bastian Schweinsteiger vem se destacando tanto na marcação no meio-campo, na distribuição das jogadas e como elemento surpresa no ataque. Não é à toa que lidera a equipe de Joachim Löw. Já Miroslav Klose, de grão em grão, quer dizer... de gol em gol (já são quatro nesta edição e 14 no geral) mostra que sua pontaria continua afiada. Além disso, busca ultrapassar o recorde de Ronaldo, que marcou 15, para se tornar o maior artilheiro das Copas.

Espanha
Já David Villa vem sendo “o cara” da Fúria nesta Copa. Com Fernando Torres aquém do seu melhor futebol, e mesmo contando com o melhor meio de campo do mundo, quem vem se destacando dentro da equipe é o novo atacante do Barcelona. Artilheiro do Mundial, com cinco gols, o camisa 7 terá a prova de fogo na próxima quarta-feira, quando enfrentará os badalados alemães.

Holanda
Do lado holandês são dois canhotos os destaques. Craque da equipe, Robben, mesmo com aquela jogadinha manjada de vir da direita e puxar para o meio antes de chutar, desequilibra qualquer jogo e pode abocanhar o título de melhor da Copa. Com quatro gols, Sneijder, que comandou a virada laranja contra o Brasil, pode ser campeão de tudo nesta temporada (já levou o Italiano, a Copa da Itália e a Liga dos Campeões, pela Internazionale).

Uruguai
Por fim, mas não menos decisivos, Suárez e Forlán têm sido fundamentais nas históricas vitórias da Celeste nesta Copa. Por isso que ambos, com três gols no Mundial cada, são os representantes do Uruguai a craque do Mundial.

Só o Uruguai salvará

FELIPE AMORIM

No último dia 16 de junho, escrevi aqui neste blog que o desempenho das seleções sul-americanas na Copa do Mundo da África do Sul estava dando gosto de se ver. Até aquele momento, em 23 partidas realizadas, elas eram as únicas que continuavam invictas. Dias depois, o nobre companheiro Brenno Costa trouxe um outro relato relevante neste espaço: pela primeira vez na história das Copas, o número de equipes da Conmebol nas quartas de final era maior que o de europeias (4x3). Mas bastaram apenas quatro jogos para essa euforia acabar. Hoje, o panorama se inverteu.

Culpa dos tropeços nas quartas de final. A favoritíssima Seleção Brasileira azedou ante o futebol rápido dos holandeses, que viraram o jogo para 2x1. A temida Argentina, do melhor do mundo Lionel Messi, foi humilhada pelos Meninos da Alemanha, ao ser goleada por um sonoro 4x0. O Paraguai, da linda torcedora Larissa Riquelme, até lutou, mas ficou no meio do caminho. Melhor para a Fúria que venceu pelo placar mínimo.

O sul-americano que segue vivo na disputa é o Uruguai. Mas aí cabe uma peculiaridade. A Celeste foi a única equipe que não enfrentou um europeu nas quartas. Os uruguaios eliminaram Gana, nos pênaltis. E olhe que por pouco também quase seguiu no mesmo comboio dos “hermanos”, não fosse o pênalti desperdiçado pelo atacante Asamoah Gyan, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação.

Terça-feira, a América do Sul será o Uruguai, contra a Holanda, no primeiro duelo da semifinal. Se passar, teremos uma final entre a malícia do futebol sul-americano contra a obediência do europeu. Do outro lado se enfrentam Alemanha x Espanha. Caso contrário, poderemos ter a sensação de estamos assistindo a mais uma final da Eurocopa.

O otimismo não pode virar arrogância

TERNI CASTRO

Confiança total. Depois de derrotar o Brasil nas quartas de final, a Holanda está mais do que otimista para conquistar o seu primeiro título mundial. Após chegar duas vezes ao vice-campeonato em 1974 e 1978, os Laranjas acreditam ser este ano o momento certo de levar o caneco para Amsterdã, ainda mais agora que derrotaram a única seleção pentacampeã do certame.

O discurso, que até poderia soar arrogante, faz sentido. A Laranja Mecânica mostrou que está forte e mesmo não jogando aquele futebol brilhante, conquistou resultados expressivos (os 100% de aproveitamento que o digam). Segundo seus próprios jogadores, o time pode vencer qualquer equipe do mundo e o técnico Bert van Marwijk, no melhor estilo marrento, confirmou a "arrogância positiva" da Holanda. Tomara que essa empolgação não chegue à beira da prepotência. Os holandeses têm que tomar muito cuidado com o selecionado uruguaio, que está com a mesma vontade -se não for maior, já que são mais de 40 anos sem alcançar a fase decisiva do torneio - de chegar à final da Copa.

Ainda assim, não se pode negar o favoritismo dos holandeses. Mas como tudo nesta Copa está imprevisível, não me surpreenderia se o Uruguai conquistasse a tão sonhada vaga na decisão. Faço minhas as mesmas palavras do meia holandês De Jong (referindo-se ao título mundial ), mas em relação à Celeste: Por que não?

Piqué, o melhor amigo dos adversários

IRCE FALCÃO

Quando os adversários da Espanha entram em campo, eles não jogam com 11 atletas, mas com 12. O motivo é que, na seleção catalã, um jogador em especial parece atuar como infiltrado, trabalhando para, na melhor oportunidade, beneficiar o oponente. Inacreditável que, em uma Copa do Mundo, um zagueiro seja o principal responsável pelos gols das equipes adversárias. Mas ele existe. Ele é Piqué, defensor da seleção espanhola e do Barcelona.

No primeiro jogo deste Mundial, Piqué se embolou com os atacantes da Suíça e acabou deixando o caminho livre para a primeira e surpreendente derrota da Fúria na Copa da África. Contra o Chile, no último e decisivo jogo da fase de grupos, o zagueiro também deu aquela ajudinha ao desviar um chute de Rodrigo Millar, tirando o goleiro Casillas da jogada. Gol chileno.

Ontem, contra o Paraguai, na partida que valeu a passagem inédita da Espanha às semifinais, Piqué bem que tentou ajudar, novamente, o adversário. No segundo tempo de um duelo bastante equilibrado, o zagueiro decidiu mudar a história do jogo. A favor dos adversários, claro. Piqué, praticamente, brincou de cabo-de-guerra, segurando o braço de Cardozo, dentro da área. O artilheiro do Benfica, de Portugal, no entanto, não aproveitou a oportunidade e, com um pênalti mal cobrado, perdeu a chance de fazer história. Bom, Piqué deu a chance...

E se a Alemanha, adversária da Espanha na semifinal, já está voando em campo, com a ajudinha de Piqué então. Sinto pena por antecipação dos companheiros do "melhor zagueiro da Copa" (já eleito pelos adversários, com certeza).

Uma laranja sem gosto

KAUÊ DINIZ

Sou fã do futebol holandês, até porque, na minha opinião, é o que mais se assemelha ao brasileiro. Eles têm a técnica refinada, objetivam em sua essência o futebol bonito e mantêm viva a figura dos pontas no esquema tático. Características que sempre me fizeram admirá-los e colocá-los como minha segunda seleção de coração.

No entanto, o que a atual Laranja está produzindo nesta Copa do Mundo, apesar da eficiência comprovada nos números – é a única entre as quatro semifinalistas a ter 100% de aproveitamento -, não é digna das suas tradições. E eu não sou uma voz única neste pensamento. O próprio Cruyff, maior ídolo da história do futebol holandês, já fez duras críticas à postura da atual equipe, que eu aponto como a mais fraca Holanda, em termos de beleza técnica , dos últimos 25 anos, tempo em que acompanho de perto futebol. Talentos na equipe existem, até porque Robben, Sneidjer, Van Persie, Kuyt, Van der Vaart sabem jogar bola, mas parecem tolhidos no esquema tático implantado pelo atual treinador.

Após a brilhante Laranja Mecânica da década de 70, vice-campeã mundial em 1974 e 1978, a Holanda passou por um pequeno hiato de talentos, que voltou a florescer na segunda metade dos anos 80. Era o time do eterno Marco Van Basten, um dos maiores centroavantes que pude ver atuar, Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Ronald Koeman. Juntos, conquistaram a Eurocopa de 1988. No entanto, essa mesma geração fracassou na Copa da Itália, dois anos depois.

Em 1994, a Laranja só não foi mais longe porque encontrou Romário e Bebeto pela frente, naquele inesquecível 3x2. Mas eles tinham o fantástico Bergkamp, o endiabrado ponteiro Overmars, além de Koeman, zagueiro de potente chute, um dos melhores que vi jogar, Rijkaaard e Aron Winter.

Quatro anos depois, uma geração ainda mais talentosa aparecia e era novamente aniquilada numa Copa do Mundo pelo Brasil, desta vez nos pênatis – ficaram na quarta posição. Mas era um time fantástico e que jogava um futebol refinado, com um meio de campo que dava gosto de ver com Davids, Seedorf, Ronald De Boer e Cocu. Um ataque com Bergkamp e Kluivert, um miolo de zaga com Frank De Boer e Stam, e o goleiro Van Der Sar.

Nos últimos anos, apesar de poucos resultados convincentes, montaram seleções que sempre valorizaram a plasticidade do futebol. Mas, desta vez, o técnico Van Marwijk preferiu trocar o espetáculo pelo futebol de resultado. Pode até ser campeã, mas perde um fã.

Destaques da Folha de Pernambuco

Domingo sem futebol pela Copa do Mundo, mas o caderno Folha na Copa ainda repercute a eliminação da Seleção Brasileira do torneio. Segundo especialistas da área de Psicologia, faltou equilíbrio ao grupo para ir mais adiante. Esse problema ficou bem evidente no comportamento do técnico Dunga.

Além disso, produzimos na última sexta-feira, durante o jogo Brasil x Holanda, uma matéria numa casa que abriga adolescentes em situação de risco. São histórias de vida muito sofridas, mas que encontram no futebol uma ponta de esperança para um futuro melhor. Confira o resultado dessa visita neste domingo, na sua Folha de Pernambuco.

Dois pênaltis, três traves e uma classificação

sábado, 3 de julho de 2010

GUSTAVO PAES

Tinha que ser dele. Villa. A Espanha ficou longe do show prometido nos dois jogos de mata-mata, mas avançou nos braços do seu artilheiro. E o atacante, recém-contratado pelo Barcelona - que deve estar feliz da vida com o investimento realizado -, garantiu mais uma vitória. Novamente por 1xo. Dessa vez diante dos bravos paraguaios. A Fúria começa a recuperar os seus traços da Eurocopa.

Se a primeira fase foi enfadonha, os jogos "do que perdeu vai pra casa" estão sendo sensacionais. Alguns mais pela qualidade do futebol, outros mais pelos pequenos pontos que fazem o esporte ser tão interessante. Espanha e Paraguai se encaixa no segundo exemplo.

Um primeiro tempo morno, e um segundo em que muito aconteceu. Dois pênaltis, um para cada lado. Primeiro o paraguaio Cardozo nas mãos de Casillas. Um minuto depois, foi a vez de Xabi Alonso. No primeiro, o volante espanhol marcou. Mas o juiz apontou invasão da área. Na segunda cobrança, o madrilenho perdeu.

Mas e Villa, onde estava até o momento? Em um ponto cego do campo, pois suas jogadas em diagonal não estavam funcionando. Mas veio Iniesta para quebrar as barreiras sul-americanas. Rolou com açúcar para Pedro. O menino barcelonista acertou a trave. E a bola veio repousar nos pés de Villa, novo astro do time catalão. Artilheiro, mirou o cantinho, onde não existiam paraguaios. Foi tão caprichoso que a bola acertou o poste esquerdo, desfilou pela linha do gol e bateu na trave oposta antes de entrar. Villa, Espanha na semifinal diante da Alemanha. Outro jogaço teremos pela frente.


Que azeite é esse, Sr. Löw?

GUSTAVO PAES

Ao final do jogo, meu palpite de 3x1 para a Argentina soou rídiculo. Mas de uma coisa eu não abro mão. Disse que, em todo caso, o futebol sairia vitorioso na partida de hoje. E foi incrível. Foi o conjunto. Que time azeitado formou esse Joachim Löw, mais conhecido no Brasil como "O Catoteiro". Já correm as piadinhas no Twitter que Dunga e Maradona vão ter que comer muita catota se quiserem chegar aos pés do alemão.

Surpresa não é a Alemanha avançar para as semifinais da Copa. É o tipo de futebol que ela está apresentando. Não que os alemães não tenham uma ótima escola, mas nos últimos anos andavam devendo. O comentarista da ESPN Brasil, Gerd Wenzel, até já explicou como se fala "Meninos da Vila" em alemão, mas eu não entendi uma palavra. A referência é por conta da baixa média de idade - 24 anos se considerado apenas o time titular escalado por Löw hoje -, como pela movimentação ofensiva impressionante.

Conheça as engrenagens da equipe, e o azeite de Löw


Defesa: Os centrais Mertesacker e Friedrich, ao lado do lateral esquerdo defensivo Boateng, são altos, fortes e fazem uma Copa muito segura. O goleiro Neuer vai bem quando acionado. Lahm, pela direita, é a válvula de escape.

Meio-campo: É aí que a mágica acontece. Schweinsteiger iniciou a carreira como um meia que atuava pelos lados do campo na linha de quatro homens. Nessa posição era um jogador nota 7. Jogando como volante, para mim é o melhor jogador da Copa até o momento, e olhe que não é um artista da bola, tipo de atleta que normalmente eu valorizo mais. Khedira é o seu leal escudeiro, mais discreto, porém muito funcional. O trio Ozil, Muller e Podolski é a versão germânica de Ganso, Robinho e Neymar - que compensam a menor ginga com trocas de passes muito inteligentes. Impossível saber por onde e por quem o contra-ataque será puxado.

Ataque: Klose. Fez uma temporada patética pelo Bayern de Munique. Começou a Copa de forma discreta. Mas é outro que leva a alcunha de Senhor Copas do Mundo. Um jogador mediano que está muito próximo de alcançar Ronaldo na lista dos maiores artilheiros da história da competição. São 14 tentos contra 15 do gordinho.

Essa é a dissecação da equipe que deve se sagrar tetracampeã mundial no dia 11 de julho.

Vamos Albirroja!

YURI DE LIRA

Hoje, o Paraguai poderá contar com a minha torcida. Logo mais, a partir das 15h30, estarei torcendo pelos comandados de Gerado Martino no maior estilo barra brava. O motivo de tamanha empolgação todos já devem saber. Só uma coisa é capaz de transformar, repentinamente, um brasileiro em um “brasiguaio”: a modelo guarani Larissa Riquelme. Só quero mesmo que os nossos vizinhos vençam a Espanha para que eu possa vê-la (ou melhor, contemplá-la) nuinha, nuinha - como dizia o poeta Manuel Bandeira. A moça prometeu se despir em plena Praça da Democracia, na capital Assunção, caso o seu país seja campeão da Copa do Mundo. Vamos, Albirroja! Porém, para esse lindo sonho ser concretizado, a primeira missão do escrete do Chaco será bater a toda poderosa Fúria, pelas quartas de final do Mundial.


Jorge Saenz/AP/AE


O pensamento dos ibéricos é, unicamente, o de levantar o taça. “Não nos conformaremos se chegarmos só às semifinais. Temos que ser inconformistas”, falou o técnico Vicente del Bosque. O zagueiro Piqué, por sua vez, tenta minimizar uma possível eliminação, o que ratificaria a alcunha de “amarelona” do combinado espanhol. “Não seria um fracasso. Mas seria uma decepção”, contou. Para triunfar, contam com os gols de David Villa (como sempre saliento, um jogador de primeira linha). Quem está com uma inhaca das grandes é Fernando Torres, que ainda não marcou no torneio. “El Ninõ” não conseguiu jogar uma partida inteira no certame e já está sendo contestado por alguns críticos na terra das touradas.

Os invictos paraguaios pregam o respeito aos adversários. “A Espanha é uma equipe muito compacta, que vem jogando junta há muito tempo. Todo mundo sabe que eles são os favoritos. Vai ser um jogo duro. A Espanha é muito famosa por dominar muito bem a bola, e a posse de bola não estará do nosso lado como foi nos últimos dois jogos”, pontuou o centroavante Roque Santa Cruz. Que os europeus não joguem nada! Mas, racionalmente, aposto em uma derrota dos sul-americanos, por 2x0. Espero estar errado. Viva Larissa, viva Paraguai!

A força de uma rivalidade

FLÁVIO BATISTA

Impressionante a força de uma rivalidade. Ainda há pouco, um desavisado poderia achar que a Seleção Brasileira estava se classificando para a semifinal da Copa, tamanha a festa nas ruas, os gritos dentro das casas e dos apartamentos e o barulho dos fogos. Mas não. O time comandado por Dunga, daqui a pouco, começa a fazer o caminho de volta para casa.

Quem estava em campo era a Argentina. E para deleite dos brasileiros, levando um baile da Alemanha. O placar de 4x0 para os germânicos fez que, momentaneamente, o torcedor verde-amarelo esquecesse o fracasso da Canarinho. A impressão que passou é que os fogos comprados para ontem foram utilizados ainda agora, tamanha a barulheira pelo Recife.

Na edição de hoje, o jornal esportivo argentino “Olé” trouxe a seguinte manchete: “Comprate un LCD”, ao lado de uma foto de Kaká. Como um amigo meu falou, o jogador brasileiro deveria pedir para Messi comprar a pipoca para, juntos, assistirem às semifinais e final da Copa.

Maradona não desfilará nu. Ainda bem!

YURI DE LIRA

“Se visse que triste que está a Argentina [...] até os pardais, de tanta tristeza, foram embora [...] se visse as suas ruas, que tanto sorriam, já não são as mesmas”. Esses são fragmentos de um famoso tango de Cacho Castaña, Septiembre de 88 . Foi composto para mostrar a melancolia do povo do Prata à época do grande colapso financeiro que afligiu o país no final dos anos 80. Mas a música poderia ser, facilmente, trilha sonora da situação vivida pelos platinos hoje, após perderem, por 4x0, e serem eliminados da Copa do Mundo pela Alemanha, na Cidade do Cabo. Abatimento, consternação e mágoa são sentimentos que os hermanos levarão por, pelo menos, mais quatro anos. O combinado germânico, por sua vez, se ratifica no posto de algoz da Alviceleste. No Mundial de 2006, eliminou os rivais também nas quartas de final do certame.

Nem Messi, nem Tévez, nem Higuaín, tampouco as persignações do técnico Diego Maradona foram capazes de fazer com que a Argentina vencesse. Os comandados do Pibe de Oro entraram assustados em campo, ao passo que a Mannschaft marcava na frente. O golpe inicial veio aos três minutos. O prodígio Thomas Müller, depois de cobrança de falta de Schweinsteiger, se antecipou e, de cabeça, fez o gol - o número 200 dos alemães no torneio e o mais rápido desta Copa. Os argentinos logo despertaram. Começaram a ser mais belicosos. Chegaram a anotar um tento, com Higuaín. Mas a arbitragem, acertadamente, deu impedimento no lance.

Os sul-americanos tiveram mais volume de jogo no começo da segunda etapa. O time do treinador Joachim Löw não era nada bobo. Queria pegar os adversário de surpresa. Conseguiram. Aos 22, com Klose: 2x0. Em seguida, após um apagão da defesa alviceleste, Friedrich fez o terceiro. Virou farra. O sistema defensivo do escrete de Don Diego é lastimável! Quando foi testado de verdade, não correspondeu – como já era esperado. A partir daí, os pupilos de “El Diez” se desnortearam. A Alemanha, entretanto, ainda buscava o ataque. Marcaram o quarto, com Klose, novamente.

Para mim, a goleada histórica ratifica o time de Löw como grande favorito para faturar a competição. O ponto positivo da derrota argentina (que soube perder, viu, Lahm?!) é que não precisaremos mais ver a o corpulento Maradona desfilando peladão no Obelisco, em Buenos Aires - como ele havia prometido caso fosse campeão.

Duelo sagrado para quem ama futebol

GUSTAVO PAES

Se você é daqueles que só assiste Copa do Mundo para acompanhar o Brasil, não sabe o que está perdendo. Argentina e Alemanha fazem hoje, às 11h, o verdadeiro confronto de gigantes desta Copa do Mundo. Esqueça Dunga e sua visão pequena perdendo para uma Holanda anêmica. Aqui, independente do resultado, quem sai vencendo é o futebol.

As duas equipes apostaram na ofensividade para vencer a Copa do Mundo. Lembraram que a palavra inglesa "Goal"- para nós brasileiros o gol -, significa objetivo. É o objetivo único do esporte.

A diferença no desenho tático das duas equipes é sutil. No último jogo, Maradona colocou três meias ofensivos atrás de dois atacantes. A versão germânica é um pouco mais equilibrada, abrindo mão de um atacante para a entrada de um volante.

Mas isso é apenas na teoria, no papel. Com uma movimentação de peças em alta velocidade, a Alemanha é o melhor conjunto do Mundial. Mas também possui muitos jovens de qualidade. Já os comandados de Diego Maradona estão entre os mais talentosos jogadores que pisaram na África do Sul. Esse é um duelo sagrado para que os amantes do futebol se sintam revigorados após a decepção com a Seleção Brasileira.

Como palpite, acredito que Lionel Messi, que está passando por média na competição, vai finalmente ser genial. E com um dos maiores baixinhos da história do futebol entregando todo o seu potencial, o fino vidro do equilíbrio pode ser trincado. É Argentina 3x1 na Alemanha.

Destaques da Folha de Pernambuco

A eliminação da Seleção Brasileira da Copa do Mundo é o destaque do caderno Folha na Copa deste sábado. A Canarinho perdeu para a Holanda, de virada, por 2x1 e adiou em mais quatro anos o sonho do hexacampeonato. O comportamento de Dunga durante o Mundial e a atitude irresponsável de Felipe Melo, expulso após pisar Robben, ganharam ênfase dentro do noticiário.

Veja também como foi o trabalho do Samu e do Corpo de Bombeiros, na Capital pernambucana, durante a partida, além do choro dos torcedores locais após a eliminação.

Agora, a Holanda (que teve uma animada torcida no Recife) vai enfrentar o Uruguai na semifinal. E a classificação uruguaia veio numa partida repleta de emoção, definida nos pênaltis. Gana saiu na frente, a Celeste empatou e, no último minuto da prorrogação, o atacante Suarez interceptou a bola com a mão em cima da linha de gol. Ele terminou sendo expulso, o pênalti foi assinalado, mas Gyan desperdiçou a cobrança. Nas penalidades máximas, o Uruguai foi mais eficiente e venceu por 4x2.

E hoje serão conhecidos os outros dois semifinalistas da Copa. Às 11h, promessa de jogão de bola, com Argentina e Alemanha em campo. Mais tarde, às 15h30, será a vez do duelo entre Espanha e Paraguai.

Felipe Judas Melo Iscariotes

sexta-feira, 2 de julho de 2010

FELIPE AMORIM

Chega até ser engraçado ver Felipe Melo pedir desculpa aos torcedores e companheiros de time pela eliminação brasileira e não por ter sido expulso. Afinal, para mim, o cartão vermelho dele contribuiu, e muito, na precoce volta do Brasil para casa. Tudo bem que o placar já estava 2x1 para os holandeses quando ele endoidou (mais uma vez) e pisou na perna de Robben, mas tudo poderia ter sido diferente. Poderia... não sabemos ao certo se a Seleção teria condições psicológicas para empatar a partida, mas ao ficar com um homem a menos a missão tornou-se praticamente impossível naquela altura do campeonato.

Se estivéssemos em plena Semana Santa, não tenho dúvida que o volante da Juventus (ITA) seria tema entre dez de dez brasileiros para o famoso boneco de Judas Iscariotes, que sempre é malhado em praça pública, em alusão à traição cometida com Jesus Cristo.

Para quem não é muito religioso, Judas Iscariotes foi um dos 12 apóstolos de Jesus de Nazaré. De amigo e um dos principais discípulos, transformou-se em traidor ao entregá-lo para os que em seguida o mataram. Tudo isso em troca de 30 moedas de prata. Mas, logo em seguida, de acordo com Mateus 27:5 "Judas Iscariotes ao sentir remorsos decide suicidar-se por enforcamento". Ou seja, segundo o Novo Testamento, Judas viu que errou e tentou, na sua maneira, corrigir um erro.

Fazendo uma analogia com Felipe Melo, que "vendeu" a derrota aos holandeses com uma entrada desleal em Robben, bem que o nosso Judas Iscariotes poderia reconhecer o erro, ao invés de pedir desculpas, e não vestir mais a camisa canarinho. Os fiéis do bom futebol agradeceriam.

Todo mundo "Loco"

GUSTAVO LUCCHESI

Está todo mundo "Loco". Antes de tudo, parabéns Celeste! Órfão na Copa após a queda do Brasil, admito que vibrei bastante com a seleção uruguaia e torci para que ela me desse esse orgulho que a Canarinho não conseguiu me fazer sentir. E não tinha como ser melhor do jeito como tudo aconteceu. A começar por Gana, que foi um grande adversário e abrilhantou ainda mais a classificação uruguaia. Depois, os minutos mágicos que encerraram o segundo tempo da prorrogação, com a emocionante comemoração de Luis Suárez - craque do Uruguai e excelente goleiro nas horas vagas -, após o pênalti perdido por Gyan. Para fechar com chave de ouro, a cereja do bolo foi colocada por "Loco" Abreu.

O que o grandalhão do Botafogo fez foi coisa linda, que deve ter dado uma bela baixa na população uruguaia com problemas cardíacos. Mas, sejamos sinceros, foi lindo porque entrou. Caso contrário, seria uma estupidez sem tamanho, e esse é um risco que o jogador tem que estar disposto a correr quando decide bater o pênalti dessa maneira.

Em relação ao jogo, as duas equipes tiveram chances de liquidar a fatura com a bola rolando. Se não fosse a ganância dos uruguaios em um lance de três celestes contra um, ou a má pontaria africana, não teríamos esse final emocionante nos pênaltis. Valeu África e força Uruguai, amor pela camisa da sua nação é uma das lições que vocês dão constantemente ao mundo da bola.

A grande chance da Celeste

BRENNO COSTA

Depois de andar em baixa no futebol, o Uruguai tem a primeira grande chance de retomar a mística da Celeste Olímpica. Depois de se consagrar campeão nas Copas de 1930 e 1950, a equipe sul-americana andou em baixa no mundo do futebol. Agora, os comandados de Oscar Tabárez já fazem a melhor campanha dos últimos 40 anos. Mérito para um elenco que descobriu a necessidade de também atacar e não viver apenas de retranca. Forlán passou a atuar como um meia (hoje, especula-se que voltará a jogar mais na frente. Vamos ver no que dará) alimentando o ataque com Cavani e o matador Luis Suáres. É com um trio ofensivo potente e uma defesa tradicionalmente forte que a Celeste sai com vantagem em cima de Gana nessas quartas.

O time africano conta com a simpatia dos cidadãos do país anfitrião. Além disso, baseia-se em um grupo forte fisicamente, sem aquele estereótipo da seleções do continente que só sabem atacar sem organização tática. Pelo contrário. As Estrelas Negras, que ainda não fizeram uma partida acima da média, sofrem para fazer gol e se destacam pela disciplina em campo. Antes de bater os Estados Unidos por 2x1, vale ressaltar, havia assinalado apenas dois tentos de pênalti. Se quiser ser o primeiro escrete do continente a chegar em uma semifinal, terá que superar as claras deficiências ofensivas. Comparando o que foi apresentado até o momento, a Celeste deve vencer. Fico com o placar de 2x1.

Síndrome de Rute e Raquel - O retorno

FLÁVIO BATISTA

Em 12 de junho, segundo dia da Copa do Mundo, escrevi um tópico fazendo uma analogia do volante Felipe Melo com as irmãs gêmeas Rute e Raquel, da novela Mulheres de Areia. E isso aconteceu hoje. No lance do primeiro gol, com um passe primoroso, ele teve seu momento Rute, a boazinha. Mas, em compensação, o que todo mundo temia aconteceu. De forma irresponsável, ele pisou o holandês Robben e foi expulso. A face Raquel dele veio à tona com toda força.

Só para relembrar, segue o texto publicado na noite de 12 de junho.


A Síndrome de Rute e Raquel está atingindo um jogador da Seleção Brasileira. Antes de revelar o nome do atleta, porém, cabe aqui uma explicação. Rute e Raquel eram as irmãs gêmeas protagonistas da novela "Mulheres de Areia", da Rede Globo. Na primeira versão, em 1973, elas foram interpretadas por Eva Wilma. Vinte anos depois, em 1993, foi a vez da atriz Glória Pires dar vida às personagens. Pois bem, "a Rutinha era boazinha, a Raquel era má", como dizia outro personagem do folhetim, Tonho da Lua. Desde então, Rute/Raquel virou meio que um símbolo de antagonismos, de pessoas que vão a sentimentos opostos muito rapidamente.

E é nesse contexto que entra um jogador da Seleção Brasileira: o volante Felipe Melo. Em entrevista coletiva hoje, em Johannesburgo, na África do Sul, ele conseguiu ser Rute e Raquel em fração de minutos. Começou tachando de "palhaçada" o fato de a Imprensa brasileira ter noticiado um bate-boca entre Júlio Baptista e Daniel Alves no treino da sexta-feira. As imagens são claras e mostram uma entrada bastante dura de Daniel e, depois, a discussão dos jogadores. Mas "esquentadinho" como é, Felipe Melo saiu em defesa dos companheiros despejando grosseria sobre os jornalistas. Depois do instante de fúria, o atleta virou "Rute" e fez uma melosa declaração de amor à esposa, dizendo ser "um amante à moda antiga". Nem parecia, no tom de voz e nos gestos, a mesma pessoa de minutos antes.

Essa alternância no comportamento, segundo o próprio Felipe Melo, está preocupando seu pai e sua esposa. O medo deles é que o volante, num momento de raiva, seja expulso durante a Copa do Mundo. E que bom que o pai e a esposa já o alertaram sobre isso porque era bem capaz de Felipe dizer que isso era torcida contra da Imprensa. Recentemente, após a confirmação da sua convocação para a Copa, o volante da Juventus (ITA) bateu boca com o jornalista Paulo Vinícius Coelho, ao vivo, via telefone, na ESPN Brasil. Em campo, ele já mostrou destempero várias vezes e já acumula muitos cartões vestindo a camisa da Seleção.

Ainda de acordo com o próprio Felipe, ele está "trabalhando" suas emoções. Torço muito para que ele se livre da Síndrome de Rute e Raquel na hora de entrar em campo porque, do contrário, eu aposto, sim, que ele será expulso durante o Mundial.
 

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