O brilho das Estrelas Negras

sábado, 26 de junho de 2010

BRENNO COSTA

Gana faz história. É um time que não tem a habilidade característica do futebol africano. A força física dos jogadores e o poder de marcação concentram as principais virtudes da equipe. É assim que eles chegam pela primeira vez às quartas de final de uma Copa do Mundo e igualam os feitos de Camarões (1990) e Senegal (2002). E pode fazer mais. As Estrelas Negras têm chances reais de continuar brilhando e enfrentam o Uruguai, no dia 2 de julho.

Gana começou a partida impulsionada por aquele algo a mais de ser o único representante africano na competição. Novamente, expôs as dificuldades ofensivas. Entretanto, na base muito mais da força do que da técnica, conseguiu ser melhor na primeira metade. Gyan atuou isolado como atacante e tinha a ajuda do meio-campo que chegava bem na frente, ao contrário das outras partidas. Já os Estados Unidos, além de jogar de maneira tímida e sem criar chances de gol, erraram muito nas saídas de bola. Foi, justamente, dessa maneira que a equipe africana conseguiu marcar o primeiro gol.

Já no final da primeira etapa, o time da terra do Tio Sam conseguiu igualar as ações. A entrada de Edu no time americano encorpou o meio-campo e forçou a equipe de Gana a recuar mais. Dessa maneira, os Estados Unidos passaram a jogar melhor e chegaram ao gol de empate, levando a partida para a prorrogação. Nela, os ganeses acharam um gol logo no início. A partir de então, administraram o resultado na base do preparo físico e seguraram o placar de 2x1.

Semelhanças

FLÁVIO BATISTA

Desde antes de a Copa do Mundo começar, achava que a Argentina seria uma das favoritas ao título. Mesmo com a pífia campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas, quando a vaga só foi assegurada na última rodada, acreditava que os hermanos possuem um grupo muito talentoso, principalmente do meio de campo para frente.

Agora, entrando na fase de oitavas de final do torneio, me convenço que a Argentina é muito favorita ao título. Foi a seleção que mais me agradou até agora. Vejo também muitas semelhanças entre a Alviceleste e a Seleção Brasileira pentacampeã em 2002.

Primeira delas, assim como a Argentina para 2010, a Canarinho só conseguiu carimbar seu passaporte para a Copa da Coreia do Sul e Japão na última rodada das Eliminatórias. Tanto lá quanto aqui, as críticas foram muitas e a desconfiança do torcedor era total. Segunda, a Seleção Brasileira de 2002 possuía uma zaga fraca que nos deixou na mão na estreia diante da Turquia e nas quartas de final contra a Inglaterra, além de outros sustos. A sorte é que, na frente, tínhamos Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho em excelente fase. Tudo muito parecido com os hermanos. A atual defesa deles não passa confiança, mas lá na frente têm Messi, Tevez e Higuaín.

Terceira semelhança, há oito anos, quem comandava o grupo verde-amarelo era Luiz Felipe Scolari. Um treinador com fama de durão e polêmico, mas que sabia ser parceiro dos atletas. Tanto que o grupo ficou conhecido como "Família Scolari". Na África do Sul, eu consigo enxergar uma "Família Maradona". Na comparação com o brasileiro, o argentino é muito mais polêmico e tem uma importância maior para o seu país (é o grande ídolo de lá), no entanto, o tratamento com os atletas é bem similar. Percebe-se que Maradona tem o grupo em sua mão. Coisa que Felipão também tinha.

A minha torcida, claro, é para o Brasil ser campeão (ou melhor, hexa). Mas o meu sentimento é que a Argentina tem tudo para levantar a taça pela terceira vez. Se isso vai acontecer? Aí é outra coisa. Até porque, no esporte, tudo é muito dinâmico e os desfechos, em algumas oportunidades, fogem da previsibilidade.

Um programa de índio

LÉO LISBÔA

Antes que alguém pense, o meu dia não foi ruim. Cansativo, é verdade, mas prazeroso. Ontem, na despedida do Brasil da primeira fase do Mundial, fui acompanhar o duelo com Portgual em uma vila indígena, mais precisamente em Cimbres, no Agreste do Estado.

No início, quando foi me dada a pauta, confesso que fiquei um pouco receoso, principalmente por causa dos conflitos entre os Xucurus em Pesqueira. Quando cheguei no município, a expectativa só aumentava, pois quando falávamos com os moradores, eles só avisavam para ter cuidado.

Chegando na vila de Cimbres, a história foi outra. Ao invés de ocas, casas. Fui muito bem recebido por Chico Jorge, um líder na comunidade. Entrei na casa dele - bem simples, assim como todas em Cimbres - e simpatia não faltou. Em meio a DVD e televisão, pude ver objetos indígenas nas paredes. Chico me explicou que hoje eles são mais de enfeites e são usados durante os rituais Xucurus. Uma das principais preocupações é que a cultura deles não seja extinta.

Na casa de outro índio, o José Luís, alegria não faltava. Apesar de tímidos, os Xucurus conversavam, à espera do jogo do Brasil. No jeito e na aparência, lembravam mais um morador do Interior do que um índio. O cardápio? Nada de diferente. Bode, galinha, macaxeira e arroz. Eu não comi, mas parecia estar bem apetitoso. O motorista Edmílson e o fotógrafo Arthur Mota deixaram os pratos bem limpinhos.

Terminado o jogo, foi a hora de despedida. Simpáticos, eles convidaram para acompanhar as oitavas de final em Cimbres. "Segunda-feira tem mais, se quiserem aparecer, fiquem à vontade".

Sonho americano

BRENNO COSTA

A seleção dos Estados Unidos foi guerreira. O gol de Donovan, nos acréscimos, diante da frágil Argélia, na última rodada da primeira fase, seguiu os roteiros dramáticos de Hollywood, em que o herói sempre leva a melhor no final. Pronto. Foi o necessário para se criar uma grande ameaça às outras equipes. Em matéria de esportes, a terra do Tio Sam é assustadora. Ganha tudo. Agora, eles estão tomando gosto pelo futebol e é nesse embalo que o time disputa as oitavas diante de Gana. Os EUA não apresentam um futebol vistoso, mas é eficiente. Foi assim que conseguiram desbancar o favoritismo da Inglaterra e ficaram em primeiro lugar do grupo. Têm toque de bola rápido, principalmente com o auxílio dos bons jogadores Dempsey e Donovan no setor ofensivo. Com essa receita, podem chegar pela segunda vez na história às quartas.

A grande possibilidade de os Estados Unidos avançarem também se dá por conta do adversário. Gana peca muito nas finalizações. Até agora, marcou apenas dois gols de pênalti. Tem velocidade e qualidade técnica, mas não consegue colocar a bola para dentro. Por outro lado, a Estrela Negra conta com o impulso de ser o único time africano que segue na competição. Os torcedores deverão dar aquele algo a mais. Ainda assim, acredito na vitória dos Estados Unidos por 2x0. A partida começa às 15h30.

Chega de sofrer

BRENNO COSTA

A Celeste Olímpica está nas quartas! Esta já é a melhor campanha do time desde 1974. O resultado de 2x1 sobre a Coreia do Sul (acertei o palpite!) foi construído com um futebol aquém do apresentado nos dois últimos jogos, é verdade. Mas o importante para a equipe foi ter vencido mesmo sem brilhar e ter a confiança na estrela de um atacante: Luís Suárez. Como estampou um jornal do país por esses dias: chega de sofrer!

O Uruguai levou a melhor no primeiro tempo. O setor ofensivo celeste tem sido eficiente. O primeiro gol é o retrato disso. Teve a participação de Cavani, a assistência de Forlán e o oportunismo de Suárez. A vantagem adquirida logo no começo da partida deu ao time sul-americano a possibilidade de se fechar. O time comandado por Oscar Tabárez, então, passou a atuar em uma linha de quatro defensores com mais três volantes na proteção. O resultado disso foi que a Coreia do Sul teve mais posse de bola, mas não conseguiu penetrar na grande área e, assim, criar chances claras de gol. Arriscavam chutes de fora da área sem muito sucesso.

Na segunda etapa, o Uruguai foi covarde. Recuou excessivamente e levou um gol por causa disso. O empate deixou o jogo tenso. As equipes erravam muitos passes. Entretanto, brilhou a estrela do matador Suárez, que, em lance individual, marcou o tento da classificação. A Celeste passa às quartas com a certeza de que ficou devendo.

A vez da Celeste

BRENNO COSTA

O Uruguai, nem de longe, figurava entre os favoritos desta Copa do Mundo. A Celeste Olímpica há muito decepcionava dentro de campo e não conseguia resgatar a mística da equipe campeã em 1930 e 1950. Porém, nas terras africanas, o time cresceu dentro de campo. Aprendeu que não precisa apenas se defender. O técnico Oscar Tabárez recuou Forlán para armar as jogadas e sacou um homem de marcação para promover a entrada de Cavani. O resultado foi um time mais equilibrado e com um poder de fogo interessante no ataque, terminando em primeiro de um grupo que tinha a França. Caso repita o futebol das últimas duas partidas, a equipe tem grandes chances de chegar até a semifinal - já que, vencendo a Coreia do Sul, o time pega o vencedor do confronto entre EUA e Gana.

Correndo por fora, a Coreia do Sul conta com a disciplina tática e a precisão nas bolas paradas. Foi assim que a equipe desbancou a Nigéria, na última rodada, e conseguiu garantir uma das vagas nas oitavas pela primeira vez fora do continente asiático. Leigo é aquele que enxerga a equipe como inocente. A Coreia sabe se fechar e sair rápido nos contra-ataques. Tem seguido a tônica desse Mundial - que é ter pouca posse de bola, mas ser decisivo nas subidas ofensivas. Imagino uma partida equilibrada, mas com uma vitória uruguaia de 2x1. O primeiro mata-mata desta Copa começa logo mais, às 11h.


Destaques da Folha de Pernambuco

A classificação da Seleção Brasileira como primeira colocada do Grupo G e o jogo contra o Chile já na próxima segunda-feira, pelas oitavas de final, é o principal destaque da edição deste sábado do caderno Folha na Copa. Ontem, o time comandado por Dunga ficou no 0x0 com Portugal e a reportagem da Folha de Pernambuco acompanhou a partida junto com os índios, em Pesqueira, no Agreste do Estado. Leia na reportagem que, quando o assunto é futebol, a aldeia é global. Também estivemos na casa dos pais do volante pernambucano Josué, que fez sua estreia na Copa diante dos lusos.

Ainda ontem, a Costa do Marfim fez 3x0 na Coreia da Norte, mas as duas seleções estão eliminadas do Mundial. Pelo Grupo H, a Espanha venceu o Chile por 2x1 e Suíça e Honduras "morreram" abraçadas após empatarem por 0x0.

E hoje começa a fase de oitavas de final do torneio, com duas partidas: Uruguai x Coreia do Sul, às 11h, e Estados Unidos x Gana, às 15h30. Leia isso e muito mais na sua Folha de Pernambuco.
 

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