Gutierrez não é tão ruim

sexta-feira, 18 de junho de 2010

YURI DE LIRA

Vejo muita gente criticando o argentino Jonás Gutiérrez. As atuações do atleta não têm sido boas - é fato. Entretanto, poucos sabem que ele está de forma improvisada na lateral direta. No Newcastle United, da Inglaterra, joga como volante, pelo lado esquerdo. O bom retrospecto na Terra da Rainha, inclusive, lhe rendeu o apelido de "El Galgo" - raça de cachorro bastante veloz.

Sem querer contrariar o técnico Maradona, Jonás disse que, mesmo deslocado, tem se sentido à vontade em campo. Porém, é público e notório que ainda mostra dificuldades na nova função. Antes da Copa do Mundo, Gutiérrez só havia atuado na lateral direita em três oportunidades: duas pela Alviceleste, nas últimas Eliminatórias Sul-Americanas, e quando defendia o Mallorca, da Espanha, entre 2005 e 2008.

Não estou aqui dizendo que o rapaz é um craque. Mas está sendo crucificado indevidamente. O pior de tudo é que no elenco da Argentina não há nenhum lateral direito de origem. Ou seja, tem que ser ele mesmo. Que falta faz Zanetti, hein, Maradona?!

Invictos

FELIPE AMORIM

Os amantes do futebol (aqui na redação, inclusive, tem muitos deles) ficam valorizando o futebol europeu o tempo inteiro. Dizem que é isso, que é aquilo. É um tal de Lampard pra lá, Rooney pra cá. Mas ainda não vi esse espetáculo todo nesta Copa do Mundo da África do Sul. Para mim, quem está botando "quente" no Mundial são os sul-americanos. Calma que vou explicar. Passadas 23 partidas desta primeira fase, das 32 equipes distribuídas nos oito grupos, até o exato momento, as seleções da América do Sul são as únicas que continuam invictas. Foram sete partidas realizadas, com as equipes vencendo cinco jogos e empatando outros dois.

Sim, concordo que ainda é muito cedo para ficar se vangloriando, mas, com certeza, vale o registro. A força do futebol sul-americano na luta contra os europeus para desempatar o número de títulos mundiais (são nove taças para cada continente) será boa de se ver na savana africana.

E para os críticos de plantão, vou ainda mais longe. Se não fosse a derrota de Honduras para o Chile, na primeira rodada, por 1x0, todo a América (desde o Norte, passando pela parte Central até o Sul) estaria invicta. Abaixo segue a lista dos jogos já realizados dos sul-americanos:

Grupo A
Uruguai 0x0 França
África do Sul 0x3 Uruguai

Grupo B
Argentina 1x0 Nigéria
Argentina 4x1 Coreia do Sul

Grupo F
Itália 1x1 Paraguai

Grupo G
Brasil 2x1 Coreia do Norte

Grupo H
Honduras 0x1 Chile

Torcedoras no blog Folha na Copa


A estudante Jeisa Diniz (de diadema), 16 anos, enviou uma foto para o blog Folha na Copa ao lado de Jéssica Diniz, 18. Elas estiveram na Arena Torcida Recife, montada no Pina, na última terça-feira, para acompanhar a vitória do Brasil sobre a Coreia do Norte, por 2x1. Faça como elas e envie a sua fotografia também. É só vestir o verde e o amarelo e mandar a imagem para o email esporte@folhape.com.br.

Os 23 titulares da Argentina

YURI DE LIRA

Uma das teclas mais batidas por Diego Maradona desde que ele assumiu o comando da seleção argentina é que todos os seus 23 selecionados podem ser titulares da equipe neste Mundial. Parece somente discurso de treinador que pretende ter o elenco na mão. Pode até ser. Mas, a verdade é que suplentes alvicelestes têm demonstrado que podem ser acionados a qualquer momento.

Na goleada sobre a Coreia do Sul, três mudanças feitas pelo técnico exemplificaram isso. Primeiro, Walter Samuel foi substituído. Burdisso ocupou o posto e seguro, o defensor da Roma fez a torcida esquecer que o time estava desfalcado do melhor zagueiro do combinado do Prata. O mesmo aconteceu com Agüero, que entrou no lugar de Tévez e teve participação efetiva na partida.

Quando o placar apontava 4x1 contra os norte-coreanos, era preciso manter o controle da bola no meio-campo. Àquela hora, o atacante Higuaín deu lugar a Mario Bolatti. O volante fez isso muito bem.

Fica claro que a diferença entre os reservas e os ditos titulares da Argentina não é grande. Talvez os suplentes estejam só um pouco abaixo, mas com com totais condições de assumirem as vagas.

Decepção britânica

GUSTAVO PAES

Cometi um engano duplo quando escrevi sobre as minhas expectativas e palpites com relação ao jogo Inglaterra x Argélia. Primeiro, o que atrapalhou os ingleses não foi o nervosismo com a necessidade de vencer, e sim uma apatia, postura inaceitável em uma Copa do Mundo. Lembrou-me muito o time da França diante do México. Só que, do outro lado, não havia mexicanos inspirados, apenas argelinos esforçados.

Depois de uma sequência de alguns bons jogos na Copa do Mundo, os dois times do grupo C trataram derrubar o nível do torneio novamente. O fato mais inusitado foi a opção dos dois treinadores. Como os goleiros Green (Inglaterra) e Chaouchi (Argélia) falharam na primeira rodada, ambos foram trocados. O argelino M'Bolhi fez algumas defesas no centro do gol, em chutes pouco eficientes dos ingleses. Já David James, o escolhido pelo técnico Fabio Capello, só tinha trabalho quando algum defensor atrapalhado resolvia recuar uma bola na fogueira para o arqueiro.

Ao final da partida, os jogadores da Argélia, que soma um ponto na competição e vai brigar por uma vaga com o Estados Unidos na última rodada, eram só alegria. Enquanto isso, os ingleses eram só decepção. O time agora está com a obrigação de vencer a Eslovênia na última rodada para avançar no Mundial. E os eslovenos demonstraram contra os Estados Unidos que são jogadores mais perigosos do que se pensava inicialmente.

Troféu Trifon Ivanov de Beleza

MANOEL GUIMARÃES
Do Blog da Folha

Peço permissão a todos/todas que têm elaborado listas e mais listas de jogadores bonitos. Isso é a coisa mais clichê em Copas. É preciso ser mais original, e eleger aqueles realmente belos. E da mesma forma que o russo Yashin batiza o troféu do melhor goleiro, buscamos um expoente da beleza em Copas. Após uma seleta pesquisa, por aclamação, está criado o Troféu Trifon Ivanov de Beleza.

Um rápido histórico de nosso homenageado. Dono de um visual único, o zagueiro defendeu seu país nas Copas de 1994 e 1998. Na primeira, junto com Stoichkov e Lechkov, conquistou o quarto lugar, e teve seu lance futebolístico mais conhecido até hoje: levou um drible tão desconcertante do sueco Henrik Larsson, que acabou caindo e rolando no gramado, numa cena tão divertida quanto as comédias dos Trapalhões. Quatro anos depois, a Bulgária parou na fase de grupos e Trifon não (se) desequilibrou em campo, mas manteve os mullets e a barba que conquistaram o Mundo. Depois que o zagueiro pendurou as chuteiras, as mulheres tiveram que se contentar com David Beckham, Francesco Totti, Kaká, entre outros.

E nesta Copa do Mundo, quem merece o prêmio? Os candidatos são Carlitos Tevez, da Argentina; Frank Ribery, da França; Peter Crouch, da Inglaterra; Lúcio (ou melhor, Lucimar), do Brasil; e Gervinho, da Costa do Marfim. É possível também indicar qualquer jogador das Coreias, já que todos possuem feições semelhantes.


Culpar as vuvuzelas por tudo não cola

TERNI CASTRO

Tudo nesta Copa está voltado para as vuvuzelas. E a nova moda que vem aparecendo nos gramados sul-africanos é de colocar a culpa nas polêmicas cornetas. Isso mesmo, os jogadores das seleções estão culpando - ou se aproveitando - do barulho nos estádios para justificar algumas ações dentro de campo.

Basta fazer uma pesquisa rápida nos jogos até agora e o que se percebeu, seja depois de marcada uma falta ou um impedimento - e esse está disparado no quesito "não ouvi"-, foi um tal de "desculpe, mas a culpa foi da vuvuzela". A última desculpa esfarrapada foi dada por Messi para justificar a falha de Demichelis no gol sul-coreano. O hermano afirmou a um site que a equipe gritou para alertar, mas, infelizmente, Micho (apelido do zagueiro) não escutou devido ao barulho ensurdecedor das cornetas. Descupe-me Messi, mas essa não colou. Como já vem escrevendo aqui o meu amigo Gustavo Lucchesi, as "pataquadas" da defesa argentina são mais do que evidentes a cada partida, e essa desculpa de "não escutou" para Demichelis, que errou feio, não foi justificável.

Tudo bem, admito que as vuvuzelas fazem um barulho enorme, mas não acredito que isso seja determinante para evitar a comunicação dentro de campo. Sinceramente, espero que os jogadores parem com essa mania de culpar as pobres cornetas, que estão - não se pode negar - mostrando a alegria do povo africano neste Mundial.

Sem espaço para tropeço

GUSTAVO PAES

Não são todos que conseguem lidar com uma grande responsabilidade, com a obrigação de vencer. A Inglaterra pode até tentar disfarçar, mas hoje tem o peso de uma Copa do Mundo em suas costas. O duelo contra a Argélia, que acontece às 15h30, pode se tornar um fardo. Em condições normais de pressão e temperatura, Rooney e companhia teriam tudo para atropelar os africanos. Mas a apresentação diante dos Estados Unidos criou um clima de desconfiança. O time comandado por Fabio Capello foi mais um dos favoritos que não apareceram para a primeira rodada do mundial.

O jogo de hoje parece se encaixar perfeitamente num daqueles padrões do futebol. Um tento inglês nos primeiros instantes da partida e o confronto pode se transformar em goleada. Para os argelinos, é segurar ao máximo o ataque adversário. Gols? Só com uma boa dose de sorte. Ou quem sabe uma ajudinha do goleiro. O nervosismo pode e deve ser o maior inimigo da Inglaterra. Ainda assim, aposto que eles marcam ainda no começo da partida, para depois deslanchar. O palpite é 3x0 para o English Team.

Um belo empate ou derrota da arbitragem?

GUSTAVO PAES

Triste é a tarefa do avaliador após um jogo como Estados Unidos e Eslovênia. Por onde é mais correto começar a análise? Pelos bons momentos - foi uma das melhores partidas da Copa do Mundo -, ou por uma intervenção infeliz da arbitragem, que impossibilitou a virada dos americanos, que consagraria o embate como o melhor e mais emocionante até agora do Mundial?

Decido então começar pelo lado bom do futebol. O empate por 2x2 foi sensacional. Os eslovenos começaram a partida mostrando tudo o que eles não apresentaram diante da Argélia, no último domingo. Só depois de sofrer o gol de Birsa, os americanos entraram em definitivo no jogo, mas o contra-ataque concluído por Ljubijankic foi mortal: 2x0 Eslovênia no primeiro tempo.

Os Estados Unidos continuaram melhores no segundo tempo. Logo aos dois minutos, o gol de Donovan temperou o jogo de vez. Quem estava assistindo à partida nesse momento não conseguiu mais levantar do sofá, tamanha a intensidade da reta final. Bradley empatou o duelo. Momento de euforia nas arquibancadas.

Tudo corria de forma sublime, até que apareceu o senhor Koman Koulibaly, de Mali. Após cobrança de falta pelo lado direito, o atacante americano Altidore se esticou para empurrar a bola para as redes. E o árbitro apitou o famoso perigo de gol.

É de dar naúseas observar a postura do juiz. Sua expressão de medo, de insegurança. Apitou antes da bola chegar a Altidore. Quando viu a disputa territorial dentro da área, tomou um susto e quis interromper a jogada de qualquer modo. Mas todas as faltas que poderiam ser marcadas, com puxões de camisa, foram cometidas pelos eslovenos. Para o seu azar, a bola entrou. A arbitragem decidiu uma partida na Copa da África do Sul. Estava até demorando.

PS: As emissoras de televisão levantaram a possibilidade de impedimento de Bradley, mas o jogador não participou do lance. E nenhuma das imagens apresentadas mostra o auxiliar levantando a bandeira.

Coisas de jogador de futebol

FLÁVIO BATISTA

Uma cena ontem me fez refletir sobre uma coisa. Impressionante como a maioria dos jogadores de futebol não tem o menor zelo com a sua imagem. Aqui no Brasil, o maior exemplo deste ano foi o atacante Adriano. Sempre envolvido em problemas.

Mas voltando à cena que vi ontem, após a França perder por 2x0 para o México, resultado que praticamente selou a sua eliminação da Copa do Mundo, o atacante Henry passou pela zona mista, diante de um bom número de jornalistas, com um baita fone no ouvido, cantarolando e com um sorrisinho bem cínico. E aí eu me pergunto, para que isso?

Com certeza, ele deve estar insatisfeito com o técnico Raymond Domenech, que o deixou na reserva o tempo todo ontem. Mas fazer deboche depois de uma derrota como a diante do México, para mim, é demais, não é o caminho correto. Eu torcedor da França estaria na bronca com Henry, para não colocar outros termos aqui.

O engraçado é que ele simboliza bem a seleção francesa da Copa de 2010. Uma equipe que não deveria estar na África do Sul, mas foi por causa de uma "mãozinha" do jogador, e um grupo descompromissado, o que ficou bem evidente na cantoria dele após o revés.

Fogo de palha

BRENNO COSTA

Fogo de palha? O companheiro Léo Lisbôa fez o questionamento no post de apresentação da partida, e a resposta veio dentro de campo. Talvez seja fruto da inconstância da juventude. Esse grupo da Alemanha tem a média de idade mais baixa de toda a história da equipe em Copas, abaixo dos 25 anos. O futebol vistoso, de toque de bola rápido e dribles imprevisíveis não apareceu e embolou o grupo com a primeira vitória da Sérvia.

O jogo foi bom de ser visto. No primeiro tempo, as duas equipes apostavam nas subidas pelo lado direito. Ambas tiveram chances de abrir o placar. A questionável expulsão de Klose, no final da etapa, sem dúvidas, foi um fator primordial para a construção do resultado. Atordoada, a Alemanha levou logo em seguida o gol de Jovanovic. O time de Joachim Low ainda teve fôlego para colocar uma bola no travessão.

No segundo tempo, a Sérvia chamou o adversário e se fechou com uma qualidade muito superior a da Austrália (goleada pela Alemanha, por 4x0, na estreia na Copa). A aposta deles era o contra-ataque e conseguiram assustar em algumas ocasiões. Mas foi a Alemanha quem pressionou, porém sem conseguir mostrar o poder de decisão da estreia. Podolski, infeliz, cobrou muito mal uma penalidade. A sensação da Copa já não existe mais, e fica a impressão de que esse Mundial é de quem sabe marcar. A melhor defesa deixou de ser o ataque.

Para seguir em frente

GUSTAVO PAES

Estados Unidos e Eslovênia decidem, hoje, a partir das 11h, quem fica com a segunda vaga no Grupo C da Copa do Mundo. Isso não é uma informação concreta, e sim uma aposta. Isso porque continuo apostando na Inglaterra como primeira colocada da chave, apesar do fraco futebol apresentado na estreia, com direito a um frango histórico do goleiro Green.

Acredito que os americanos, aparentemente a segunda força, são burocráticos demais para conseguir bom saldo de gols diante da Argélia, o "pato morto" da chave. A Eslovênia já perdeu muito das suas chances ao ganhar por apenas 1x0 dos argelinos.

Aos Estados Unidos - que mostrou muita organização no duelo da primeira rodada, diante da Inglaterra -, cabe não tropeçar nas próprias pernas. Os americanos ainda não são isso tudo. O zagueiro Onyewu disse que não vê nada de extraordinário no ataque esloveno. Está mais do que certo, mas esse sentimento de tranquilidade não pode se transformar em acomodação. Que diga o zagueiro argentino Demichelis, o desatento da rodada.

Já o meia Donovan, que deu mostras de que pode liderar os americanos em uma boa campanha, disse que encara o jogo da Eslovênia como uma final. Se esse racíonio se extender para a mente de todos, os EUA levam os pontos. O meu palpite é Estados Unidos 2x0.

Sensação ou fogo de palha?

LÉO LISBÔA

Acostumados a serem rotulados de pragmáticos e de jogarem um futebol feio, a Alemanha entra na segunda rodada querendo se firmar como a sensação deste Mundial. Nos primeiros jogos da Copa do Mundo, só ela que venceu e convenceu. O que surpreendeu muita gente, inclusive eu. Depois, Uruguai e Argentina se destacaram. Espero que a boa atuação na vitória por 4x0 sobre a Austrália não tenha sido fogo de palha. Diante da Sérvia, espero que os alemães façam valer a pena acordar para assistir a um jogo que começa às 8h30 (horário do Recife) de hoje.

Se vencerem, independente de convencerem ou não, os comandados do técnico Joachim Low podem, praticamente, garantir a primeira colocação do Grupo D. Tem que torcer para a partida Austrália x Gana terminar empatada. A Sérvia fará o jogo da sobrevivência na Copa. Depois de perderem para os ganeses, até um empate deixará a equipe em uma situação complicada na chave.

Destaques da Folha de Pernambuco

A goleada da Argentina e a derrota da França estão em destaque na edição desta sexta-feira da Folha de Pernambuco. Os hermanos fizeram 4x1 na Coreia do Sul e deram um largo passo para se classificar às oitavas de final. O grande nome do jogo foi Higuaín, que marcou três gols.

Se os argentinos ficaram felizes, o mesmo não se pode dizer dos franceses, que perderam para o México por 2x0 e só por um milagre passarão da primeira fase. Na última rodada, México e Uruguai se enfrentarão pelo Grupo A e um empate classifica as duas equipes.

Na Seleção Brasileira, os jogadores estão evitando falar da Espanha, que perdeu na estreia e pode terminar na segunda colocação do Grupo H. Se o Brasil ficar em primeiro no G, as duas equipes se encontrariam nas oitavas de final, o que seria um confronto bastante precoce no torneio.

Veja também quem foi o destaque e o mico da quinta-feira, além do relato de uma pernambucana que mora em Paris falando sobre o clima da cidade em dia de jogo da França.
 

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