Dois pênaltis, três traves e uma classificação

sábado, 3 de julho de 2010

GUSTAVO PAES

Tinha que ser dele. Villa. A Espanha ficou longe do show prometido nos dois jogos de mata-mata, mas avançou nos braços do seu artilheiro. E o atacante, recém-contratado pelo Barcelona - que deve estar feliz da vida com o investimento realizado -, garantiu mais uma vitória. Novamente por 1xo. Dessa vez diante dos bravos paraguaios. A Fúria começa a recuperar os seus traços da Eurocopa.

Se a primeira fase foi enfadonha, os jogos "do que perdeu vai pra casa" estão sendo sensacionais. Alguns mais pela qualidade do futebol, outros mais pelos pequenos pontos que fazem o esporte ser tão interessante. Espanha e Paraguai se encaixa no segundo exemplo.

Um primeiro tempo morno, e um segundo em que muito aconteceu. Dois pênaltis, um para cada lado. Primeiro o paraguaio Cardozo nas mãos de Casillas. Um minuto depois, foi a vez de Xabi Alonso. No primeiro, o volante espanhol marcou. Mas o juiz apontou invasão da área. Na segunda cobrança, o madrilenho perdeu.

Mas e Villa, onde estava até o momento? Em um ponto cego do campo, pois suas jogadas em diagonal não estavam funcionando. Mas veio Iniesta para quebrar as barreiras sul-americanas. Rolou com açúcar para Pedro. O menino barcelonista acertou a trave. E a bola veio repousar nos pés de Villa, novo astro do time catalão. Artilheiro, mirou o cantinho, onde não existiam paraguaios. Foi tão caprichoso que a bola acertou o poste esquerdo, desfilou pela linha do gol e bateu na trave oposta antes de entrar. Villa, Espanha na semifinal diante da Alemanha. Outro jogaço teremos pela frente.


Que azeite é esse, Sr. Löw?

GUSTAVO PAES

Ao final do jogo, meu palpite de 3x1 para a Argentina soou rídiculo. Mas de uma coisa eu não abro mão. Disse que, em todo caso, o futebol sairia vitorioso na partida de hoje. E foi incrível. Foi o conjunto. Que time azeitado formou esse Joachim Löw, mais conhecido no Brasil como "O Catoteiro". Já correm as piadinhas no Twitter que Dunga e Maradona vão ter que comer muita catota se quiserem chegar aos pés do alemão.

Surpresa não é a Alemanha avançar para as semifinais da Copa. É o tipo de futebol que ela está apresentando. Não que os alemães não tenham uma ótima escola, mas nos últimos anos andavam devendo. O comentarista da ESPN Brasil, Gerd Wenzel, até já explicou como se fala "Meninos da Vila" em alemão, mas eu não entendi uma palavra. A referência é por conta da baixa média de idade - 24 anos se considerado apenas o time titular escalado por Löw hoje -, como pela movimentação ofensiva impressionante.

Conheça as engrenagens da equipe, e o azeite de Löw


Defesa: Os centrais Mertesacker e Friedrich, ao lado do lateral esquerdo defensivo Boateng, são altos, fortes e fazem uma Copa muito segura. O goleiro Neuer vai bem quando acionado. Lahm, pela direita, é a válvula de escape.

Meio-campo: É aí que a mágica acontece. Schweinsteiger iniciou a carreira como um meia que atuava pelos lados do campo na linha de quatro homens. Nessa posição era um jogador nota 7. Jogando como volante, para mim é o melhor jogador da Copa até o momento, e olhe que não é um artista da bola, tipo de atleta que normalmente eu valorizo mais. Khedira é o seu leal escudeiro, mais discreto, porém muito funcional. O trio Ozil, Muller e Podolski é a versão germânica de Ganso, Robinho e Neymar - que compensam a menor ginga com trocas de passes muito inteligentes. Impossível saber por onde e por quem o contra-ataque será puxado.

Ataque: Klose. Fez uma temporada patética pelo Bayern de Munique. Começou a Copa de forma discreta. Mas é outro que leva a alcunha de Senhor Copas do Mundo. Um jogador mediano que está muito próximo de alcançar Ronaldo na lista dos maiores artilheiros da história da competição. São 14 tentos contra 15 do gordinho.

Essa é a dissecação da equipe que deve se sagrar tetracampeã mundial no dia 11 de julho.

Vamos Albirroja!

YURI DE LIRA

Hoje, o Paraguai poderá contar com a minha torcida. Logo mais, a partir das 15h30, estarei torcendo pelos comandados de Gerado Martino no maior estilo barra brava. O motivo de tamanha empolgação todos já devem saber. Só uma coisa é capaz de transformar, repentinamente, um brasileiro em um “brasiguaio”: a modelo guarani Larissa Riquelme. Só quero mesmo que os nossos vizinhos vençam a Espanha para que eu possa vê-la (ou melhor, contemplá-la) nuinha, nuinha - como dizia o poeta Manuel Bandeira. A moça prometeu se despir em plena Praça da Democracia, na capital Assunção, caso o seu país seja campeão da Copa do Mundo. Vamos, Albirroja! Porém, para esse lindo sonho ser concretizado, a primeira missão do escrete do Chaco será bater a toda poderosa Fúria, pelas quartas de final do Mundial.


Jorge Saenz/AP/AE


O pensamento dos ibéricos é, unicamente, o de levantar o taça. “Não nos conformaremos se chegarmos só às semifinais. Temos que ser inconformistas”, falou o técnico Vicente del Bosque. O zagueiro Piqué, por sua vez, tenta minimizar uma possível eliminação, o que ratificaria a alcunha de “amarelona” do combinado espanhol. “Não seria um fracasso. Mas seria uma decepção”, contou. Para triunfar, contam com os gols de David Villa (como sempre saliento, um jogador de primeira linha). Quem está com uma inhaca das grandes é Fernando Torres, que ainda não marcou no torneio. “El Ninõ” não conseguiu jogar uma partida inteira no certame e já está sendo contestado por alguns críticos na terra das touradas.

Os invictos paraguaios pregam o respeito aos adversários. “A Espanha é uma equipe muito compacta, que vem jogando junta há muito tempo. Todo mundo sabe que eles são os favoritos. Vai ser um jogo duro. A Espanha é muito famosa por dominar muito bem a bola, e a posse de bola não estará do nosso lado como foi nos últimos dois jogos”, pontuou o centroavante Roque Santa Cruz. Que os europeus não joguem nada! Mas, racionalmente, aposto em uma derrota dos sul-americanos, por 2x0. Espero estar errado. Viva Larissa, viva Paraguai!

A força de uma rivalidade

FLÁVIO BATISTA

Impressionante a força de uma rivalidade. Ainda há pouco, um desavisado poderia achar que a Seleção Brasileira estava se classificando para a semifinal da Copa, tamanha a festa nas ruas, os gritos dentro das casas e dos apartamentos e o barulho dos fogos. Mas não. O time comandado por Dunga, daqui a pouco, começa a fazer o caminho de volta para casa.

Quem estava em campo era a Argentina. E para deleite dos brasileiros, levando um baile da Alemanha. O placar de 4x0 para os germânicos fez que, momentaneamente, o torcedor verde-amarelo esquecesse o fracasso da Canarinho. A impressão que passou é que os fogos comprados para ontem foram utilizados ainda agora, tamanha a barulheira pelo Recife.

Na edição de hoje, o jornal esportivo argentino “Olé” trouxe a seguinte manchete: “Comprate un LCD”, ao lado de uma foto de Kaká. Como um amigo meu falou, o jogador brasileiro deveria pedir para Messi comprar a pipoca para, juntos, assistirem às semifinais e final da Copa.

Maradona não desfilará nu. Ainda bem!

YURI DE LIRA

“Se visse que triste que está a Argentina [...] até os pardais, de tanta tristeza, foram embora [...] se visse as suas ruas, que tanto sorriam, já não são as mesmas”. Esses são fragmentos de um famoso tango de Cacho Castaña, Septiembre de 88 . Foi composto para mostrar a melancolia do povo do Prata à época do grande colapso financeiro que afligiu o país no final dos anos 80. Mas a música poderia ser, facilmente, trilha sonora da situação vivida pelos platinos hoje, após perderem, por 4x0, e serem eliminados da Copa do Mundo pela Alemanha, na Cidade do Cabo. Abatimento, consternação e mágoa são sentimentos que os hermanos levarão por, pelo menos, mais quatro anos. O combinado germânico, por sua vez, se ratifica no posto de algoz da Alviceleste. No Mundial de 2006, eliminou os rivais também nas quartas de final do certame.

Nem Messi, nem Tévez, nem Higuaín, tampouco as persignações do técnico Diego Maradona foram capazes de fazer com que a Argentina vencesse. Os comandados do Pibe de Oro entraram assustados em campo, ao passo que a Mannschaft marcava na frente. O golpe inicial veio aos três minutos. O prodígio Thomas Müller, depois de cobrança de falta de Schweinsteiger, se antecipou e, de cabeça, fez o gol - o número 200 dos alemães no torneio e o mais rápido desta Copa. Os argentinos logo despertaram. Começaram a ser mais belicosos. Chegaram a anotar um tento, com Higuaín. Mas a arbitragem, acertadamente, deu impedimento no lance.

Os sul-americanos tiveram mais volume de jogo no começo da segunda etapa. O time do treinador Joachim Löw não era nada bobo. Queria pegar os adversário de surpresa. Conseguiram. Aos 22, com Klose: 2x0. Em seguida, após um apagão da defesa alviceleste, Friedrich fez o terceiro. Virou farra. O sistema defensivo do escrete de Don Diego é lastimável! Quando foi testado de verdade, não correspondeu – como já era esperado. A partir daí, os pupilos de “El Diez” se desnortearam. A Alemanha, entretanto, ainda buscava o ataque. Marcaram o quarto, com Klose, novamente.

Para mim, a goleada histórica ratifica o time de Löw como grande favorito para faturar a competição. O ponto positivo da derrota argentina (que soube perder, viu, Lahm?!) é que não precisaremos mais ver a o corpulento Maradona desfilando peladão no Obelisco, em Buenos Aires - como ele havia prometido caso fosse campeão.

Duelo sagrado para quem ama futebol

GUSTAVO PAES

Se você é daqueles que só assiste Copa do Mundo para acompanhar o Brasil, não sabe o que está perdendo. Argentina e Alemanha fazem hoje, às 11h, o verdadeiro confronto de gigantes desta Copa do Mundo. Esqueça Dunga e sua visão pequena perdendo para uma Holanda anêmica. Aqui, independente do resultado, quem sai vencendo é o futebol.

As duas equipes apostaram na ofensividade para vencer a Copa do Mundo. Lembraram que a palavra inglesa "Goal"- para nós brasileiros o gol -, significa objetivo. É o objetivo único do esporte.

A diferença no desenho tático das duas equipes é sutil. No último jogo, Maradona colocou três meias ofensivos atrás de dois atacantes. A versão germânica é um pouco mais equilibrada, abrindo mão de um atacante para a entrada de um volante.

Mas isso é apenas na teoria, no papel. Com uma movimentação de peças em alta velocidade, a Alemanha é o melhor conjunto do Mundial. Mas também possui muitos jovens de qualidade. Já os comandados de Diego Maradona estão entre os mais talentosos jogadores que pisaram na África do Sul. Esse é um duelo sagrado para que os amantes do futebol se sintam revigorados após a decepção com a Seleção Brasileira.

Como palpite, acredito que Lionel Messi, que está passando por média na competição, vai finalmente ser genial. E com um dos maiores baixinhos da história do futebol entregando todo o seu potencial, o fino vidro do equilíbrio pode ser trincado. É Argentina 3x1 na Alemanha.

Destaques da Folha de Pernambuco

A eliminação da Seleção Brasileira da Copa do Mundo é o destaque do caderno Folha na Copa deste sábado. A Canarinho perdeu para a Holanda, de virada, por 2x1 e adiou em mais quatro anos o sonho do hexacampeonato. O comportamento de Dunga durante o Mundial e a atitude irresponsável de Felipe Melo, expulso após pisar Robben, ganharam ênfase dentro do noticiário.

Veja também como foi o trabalho do Samu e do Corpo de Bombeiros, na Capital pernambucana, durante a partida, além do choro dos torcedores locais após a eliminação.

Agora, a Holanda (que teve uma animada torcida no Recife) vai enfrentar o Uruguai na semifinal. E a classificação uruguaia veio numa partida repleta de emoção, definida nos pênaltis. Gana saiu na frente, a Celeste empatou e, no último minuto da prorrogação, o atacante Suarez interceptou a bola com a mão em cima da linha de gol. Ele terminou sendo expulso, o pênalti foi assinalado, mas Gyan desperdiçou a cobrança. Nas penalidades máximas, o Uruguai foi mais eficiente e venceu por 4x2.

E hoje serão conhecidos os outros dois semifinalistas da Copa. Às 11h, promessa de jogão de bola, com Argentina e Alemanha em campo. Mais tarde, às 15h30, será a vez do duelo entre Espanha e Paraguai.
 

Copyright © 2010, Folha de Pernambuco Digital - Recife - PE - Brasil. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site para fins comerciais.