"Au revoir France"!

terça-feira, 22 de junho de 2010

FLÁVIO BATISTA

A seleção francesa, nos últimos anos, tornou-se uma pedra no caminho do Brasil. Em 1998, os Bleus venceram a Canarinho na final e levantaram pela primeira vez a Taça Fifa. Oito anos depois, na Alemanha, o jogo foi válido pelas quartas de final e, novamente, festa azul. Se voltarmos um pouco a mais no tempo, recordaremos outra eliminação, na Copa de 1986, no México. Diante de tudo isso, foi inevitável perceber, hoje, um sorriso no rosto dos brasileiros. A França, atual vice-campeã mundial, está fora da Copa do Mundo de 2010.

A derrota por 2x1 para a África do Sul foi só a cereja que faltava para o bolo, já que os Bleus apresentaram muitos problemas desde as Eliminatórias Europeias. A ida para o Mundial só aconteceu devido a um erro de arbitragem e durante a competição, a seleção chamou mais atenção pelas brigas internas que vieram à tona do que pelo seu futebol.

Nesta trajetória do fracasso francês, o Brasil não teve participação alguma. Mesmo assim, o sentimento de vê-los fora de combate nesta Copa do Mundo é muito bom. "Au revoir France"!

Tropeçando nas próprias pernas

PAULO FAZIO

Ao acompanhar os minutos finais do empate entre a Coreia do Sul e Nigéria, uma questão me veio à cabeça: "como os africanos podem ser tão displicentes?". O placar estava 2x2, resultado que levava os coreanos a passarem de fase. Um gol das Super Águias, entretanto, mudaria todo o panorama, classificando os nigerianos. Mas, lance a lance, as chances iam sendo desperdiçadas. Uma delas chegou a ser inadmissível. Ayegbeni recebeu passe de Ayila na pequena área, a centímetros da linha do gol, sem ninguém para atrapalhar ou incomodar, e fez o impossível: mandou para fora. Depois, foi a vez de Martins. O atacante recebeu uma bola enfiada, cheia de açúcar, cara a cara com o arqueiro coreano. Tinha tempo e espaço para pensar na melhor decisão possível. Mas não o fez. Tentou um toque de categoria por cima do goleiro e a bola saiu ao lado da barra, junto com as chances da Nigéria de se classificar para a próxima fase.

Me lembrou bastante, claro que com as devidas proporções, o duelo entre Inglaterra e Camarões pela Copa do Mundo de 1990, na Itália. Depois de sair atrás do placar, os camaroneses, liderados pelo histórico Roger Milla, viraram a partida em quatro minutos, marcando aos 16 e aos 20 do segundo tempo. Os ingleses abriram a sua defesa indo ao ataque, e os africanos seguiram perdendo oportunidades por puro capricho. O castigo veio a galope. Lineker, de pênalti, deixou tudo igual. Na prorrogação, mais do mesmo. Camarões em cima, chances desperdiçadas e outro pênalti, que Lineker fez e fechou o placar: 3x2 para os ingleses. Uma partida que ficou na história como a imagem da África no futebol: muito show e pouco resultado.

Parece que falta algo para os africanos triunfarem. Eles têm habilidade e força física, mas acho que perdem o jogo na própria cabeça. São mentalmente fracos. Se abalam com gols perdidos e levados, não conseguem reunir forças para reagir em situações adversas. E, mesmo quando conseguem, esbarram no próprio preciosismo. Em tentar fazer o mais bonito, um toque com mais categoria. Pode ser que não seja proposital, como algo mais instintivo. Mas é fato que eles tropeçam nas próprias pernas.

Irmãos Boateng: Caim e Abel do futebol

KAUÊ DINIZ

Não é tão raro vermos familiares ou até mesmo irmãos defendendo as cores de um mesmo país numa Copa do Mundo. Neste Mundial, por exemplo, não faltam exemplos: Wilson Palacios, Jhony Palacios e Jerry Palacios (Honduras); Yaya Touré e Kolo Touré (Costa do Marfim); Edgard Barreto e Diego Barreto (Paraguai). Além deles, há os primos Rigobert Song e Alexanders Song (Camarões) e Samir Handakovic e Jasmin Handakovic (Eslovênia), ambos goleiros. No passado, já houve os gêmeos holandeses Frank e Ronald de Boer.

Mas nesta Copa presenciaremos uma situação inusitada e conflituosa. Pela primeira vez, irmãos de sangue estarão se degladiando na próxima quarta-feira, no duelo entre Alemanha e Gana. E é degladiando mesmo porque Kevin-Prince Boateng, meia ganês do Portsmouth/ING, não gostou nada de ser crucificado pelo próprio irmão, Jérôme Boateng, zagueiro alemão do Manchester City/ING, por ter lesionado e tirado Ballack do Mundial. Eles romperam ligação.

Virou uma relação estilo Caim e Abel, mas que, felizmente, não acabará em assassinato, ou em briga dentro de campo, pois enquanto o Boateng ganês estiver no gramado, seu irmão ficará, no máximo, secando-o do banco de reservas, já que não é titular. Tarefa difícil deve ser a do pai David. Por qual dos dois ele torcerá?

Tchau Tchau Unidos dos Nomes Feios!!!

GUSTAVO LUCCHESI

Adeus, Unidos dos Nomes Feios. Mesmo sem a Argentina mostrar vontade, a Grécia se despediu da Copa 2010 de forma melancólica. Quase acerto o placar (chutei 2x1), mas Katsouranis, Papadopoulos, Kapetanos (já vai tarde coisa ruim) e companhia deixam o Mundial marcando apenas dois gols e conseguindo uma vitória em três jogos, tudo isso graças aos amarelões nigerianos. Dizer que os gregos fizeram feio é demais, já que ninguém esperava muito mesmo. Por isso, eles podem voltar para casa sem se envergonhar do que fizeram.

Para os argentinos reservei com exclusividade esse último parágrafo. É impressionante a qualidade dos hermanos do meio para frente. Como já postei anteriormente, eles são uma espécie de Mike Tyson dos gramados, onde a eficiência na hora de atacar é tão devastadora que os defeitos na hora de defender não ficam tão expostos. E é assim que a Argentina joga e acredita que pode ganhar a Copa, encurralando os seus adversários para atacá-los sem parar, pois se der brecha para o adversário respirar e bater também, a chance do gigante azul e branco cair diante de um oponente qualificado é muito grande. Ah, e parabéns a Martin Palermo. Trinta e seis anos, seu primeiro jogo em Copas e seu primeiro gol, com apenas 15 minutos em campo.

África em baixa

BRENNO COSTA

Depois de Camarões e África do Sul, mais um time africano caiu. A Nigéria lutou até os minutos finais, perdeu um gol incrível e foi castigada pela incompetência ofensiva. Quem se deu melhor com o empate por 2x2 foi a Coreia do Sul. Com um bom toque de bola, o time asiático mereceu passar de fase. Previsão de um bom duelo no mata-mata com o Uruguai.

A Coreia do Sul ensaiou uma pressão no começo do jogo, mas ficou mesmo na ameaça. Foram os nigerianos que passaram a se arriscar no ataque com mais propriedade, segurança. Curiosamente, fechavam-se bem na defesa e arriscavam lances perigosos. O destaque foi Uche, que, além de fazer um gol, acertou a trave. Principalmente depois do primeiro tento, a seleção alviverde jogou um futebol mais consistente - o que não aconteceu nas duas primeiras partidas. A maneira como surgiu o gol de empate sul-coreano retrata bem uma certa injustiça. Foi sorte a bola ter entrado.

No entanto, a equipe asiática acertou mais uma cobrança de falta logo início da etapa final. Com a vantagem no placar, a Coreia do Sul voltou a jogar um bom futebol, tocando bem a bola e se expondo no ataque quando necessário. Passou a merecer a vitória. Só que a Nigéria voltou a produzir boas chances. Antes de empatar, um gol incrível foi perdido por Yakubu, sem goleiro. Além disso, Obinna arriscou chutes muito perigosos de fora da área. A emoção de decidir o classificado persistiu até os minutos finais.

Será a despedida da Unidos dos Nomes Feios e da decepção verde?

GUSTAVO LUCCHESI

Adeus Kapetanos (enfim livre desse nome horroroso, que só me remete ao tinhoso lá de baixo). Já vão tarde amarelões africanos. Na reta final do Grupo B, é dia de gregos e nigerianos arrumarem suas malas e voltar para o aconchego de suas casas. Na pior das situações ( com direito a ameaça de morte da torcida a um dos jogadores), segurando a lanterna da chave com duas derrotas em dois jogos, a Nigéria precisa vencer o bom time da Coréia do Sul e torcer para a Grécia derrubar a toda-poderosa Argentina. Mesmo frequentando a lanterna do Bolão da Folha (adeus credibilidade!), adianto que nenhum desses dois resultados irá acontecer.

E antes que alguém tente vestir a fantasia de defensor dos fracos e oprimidos, recorro ao próprio capitão dos africanos, Joseph Yobo, que mostrou sinceridade e covardia na coletiva do último domingo. "Perdemos dois jogos e não temos a menor chance de classificação", sentenciou Yobo. Mesmo sabendo que isso é verdade, dar uma de peru de Natal e morrer de véspera numa Copa do Mundo é, no mínimo, tão irresponsável quanto o futebol africano de anos atrás. Vai dar Coreia do Sul, 3x0.

No outro jogo, mesmo com El Fanfarrón Maradona avisando que irá poupar alguns titulares, os hermanos vencem por 2x1, e carimbam o passaporte em primeiro lugar, com os sul-coreanos em segundo.

E o milagre não veio

GUSTAVO LUCCHESI

Na tentativa de um milagre, bem que África do Sul e França tentaram, mas acordaram muito tarde e perderam o bonde que tem como próxima parada as oitavas de final. Na primeira vitória de Carlos Alberto Parreira em Copas do Mundo dirigindo uma seleção sem ser o Brasil, os bafana bafana mostraram um futebol um pouquinho melhor do que o apresentado nos dois primeiros jogos, pecando, como sempre, nas finalizações e definições de passes. Dizer que foi uma grande apresentação de despedida já é exagero para comover e consolar os já sofridos sul-africanos.

Diante de um verdadeiro defunto francês, os anfitriões da Copa 2010 brincaram de ser gente grande e já podem arrotar que passearam sobre um campeão do mundo e potência europeia. No mais, para a África do Sul resta aproveitar o sentimento de que o “I gotta a felling that tonight's gonna be a good night” ecoado no show de abertura da Copa não serviu muito para o futebol, mas que poderá fazer um belo estrago nos quase 15 dias que restam de festa e confraternização mundial.

Aos franceses, vergonha na cara por uma das seleções mais medíocres que já vestiu o uniforme dos Bleus. Nem a de 2002, que deixou o Mundial sem marcar um gol sequer, foi tão vergonhosa, pois essa de 2010 claramente não foi derrotada por ninguém, pois nunca lutou.

Celeste fortalecida

BRENNO COSTA

México e Uruguai, definitivamente, não fizeram um jogo cauteloso. As duas equipes protagonizaram uma partida aberta, principalmente para fugir de um provável duelo com a Argentina nas oitavas. A Celeste Olímpica, surpreendentemente, mostrou-se superior em um grupo muito equilibrado e saiu em primeiro lugar sem sofrer um gol, vencendo por 1x0. Tem time para chegar as quartas. Já o El Tri mostra deficiência ofensiva e não deve dar trabalho para o time de Maradona, na próxima fase.

O primeiro tempo foi movimentado. O técnico do Uruguai, Oscar Tabarez, repetiu a boa formação do segundo jogo. A Celeste passou de um time retranqueiro na estreia para uma equipe que busca o ataque. Forlán voltou a fazer um bom papel como armador e ajudou muito a equipe a ser melhor na etapa inicial. Já o México sentiu a ausência de Vela, contundido, muito mais pela escolha de começar com o veterano e gordinho Blanco. Ele se movimentou muito pouco, como era esperado.

Para a segunda etapa já era esperada uma certa pressão do México por causa do desempenho da África do Sul diante da França. No entanto, os comandados de Aguirre não conseguiram criar boas oportunidades de gol– uma preocupação a mais para as oitavas, já que o ataque da equipe ainda não se mostrou decisivo. Quando os Bleus anotaram um tento no outro duelo, claramente o México tirou pé do acelerador e administrou o resultado.

Decisão

BRENNO COSTA

África do Sul x França e México x Uruguai respiram decisão. O Grupo A ainda segue em aberto e, logo mais às 11h, terá seus vencedores proclamados. É bem verdade que muitos especulam um empatezinho maroto entre a El Tri e a Celeste Olímpica, com quatro pontos cada. O resultado garante as duas equipes na próxima fase. O problema é que, assim, a seleção de Aguirre fica com o segundo posto e jogaria as oitavas contra a Argentina. Ninguém quer isso! As duas equipes apresentaram um bom futebol até o momento. Se não ficar no jogo de comadres, vale a pena assistir. Mas acredito que a cautela prevalecerá, e o meu palpite é 1x1.

Já os Bafana Bafana jogam pelo orgulho do país e uma escrita antiga. Todos os anfitriões passaram à fase seguinte. No entanto, o time de Parreira não conveceu. Joga com inocência e sem poder de decisão. Falta qualidade técnica. Apenas vontade não tem sido suficiente. Do lado dos franceses, muita confusão. A já especulada desunião foi escancarada. Grupo rachado e que ainda recebe pitacos do aposentado Zidane. Muita vergonha tem passado os Bleus sob o comando do medríoce Domenech. O resultado da partida imagino que seja uma vitória da África do Sul por 2x1.

Destaques da Folha de Pernambuco

O técnico da Seleção Brasileira, Dunga, perdeu a compostura no domingo e xingou o árbitro francês Stéphane Lannoy, o jogador marfinense Didier Drogba e o jornalista Alex Escobar, da TV Globo. A repercussão foi tanta que a Fifa deve anunciar hoje uma punição ao treinador. Esse o principal destaque do caderno Folha na Copa desta terça-feira.

E tem mais: a goleada de 7x0 de Portugal em cima da Coreia do Norte; a recuperação da Espanha, que depois de perder para a Suíça na estreia, venceu Honduras, ontem, por 1x0; e as definições dos classificados dos grupos A e B.
 

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