Quem será o craque?

domingo, 4 de julho de 2010

FELIPE AMORIM

Wayne Rooney. Cristiano Ronaldo. Franck Ribéry. Lionel Messi. Kaká. Qual a semelhança entre estes nomes, além de serem craques consagrados internacionalmente? Todos, sem exceção, decepcionaram na Copa do Mundo da África do Sul. De candidatos a craques na competição, eles deixaram o continente africano com o fracasso entre roupas e chuteiras na bagagem. Mas quem disse que a savana ficou menos interessante sem a presença deles? Pelo contrário. Alguns atletas seguem forte no páreo para levar o título de melhor atleta do Mundial de 2010. Abaixo a lista que, para mim, fornecerá o craque da Copa.

Alemanha
Da Alemanha podemos tirar dois fortes candidatos ao título, principalmente se os germânicos forem os campeões mundiais. Bastian Schweinsteiger vem se destacando tanto na marcação no meio-campo, na distribuição das jogadas e como elemento surpresa no ataque. Não é à toa que lidera a equipe de Joachim Löw. Já Miroslav Klose, de grão em grão, quer dizer... de gol em gol (já são quatro nesta edição e 14 no geral) mostra que sua pontaria continua afiada. Além disso, busca ultrapassar o recorde de Ronaldo, que marcou 15, para se tornar o maior artilheiro das Copas.

Espanha
Já David Villa vem sendo “o cara” da Fúria nesta Copa. Com Fernando Torres aquém do seu melhor futebol, e mesmo contando com o melhor meio de campo do mundo, quem vem se destacando dentro da equipe é o novo atacante do Barcelona. Artilheiro do Mundial, com cinco gols, o camisa 7 terá a prova de fogo na próxima quarta-feira, quando enfrentará os badalados alemães.

Holanda
Do lado holandês são dois canhotos os destaques. Craque da equipe, Robben, mesmo com aquela jogadinha manjada de vir da direita e puxar para o meio antes de chutar, desequilibra qualquer jogo e pode abocanhar o título de melhor da Copa. Com quatro gols, Sneijder, que comandou a virada laranja contra o Brasil, pode ser campeão de tudo nesta temporada (já levou o Italiano, a Copa da Itália e a Liga dos Campeões, pela Internazionale).

Uruguai
Por fim, mas não menos decisivos, Suárez e Forlán têm sido fundamentais nas históricas vitórias da Celeste nesta Copa. Por isso que ambos, com três gols no Mundial cada, são os representantes do Uruguai a craque do Mundial.

Só o Uruguai salvará

FELIPE AMORIM

No último dia 16 de junho, escrevi aqui neste blog que o desempenho das seleções sul-americanas na Copa do Mundo da África do Sul estava dando gosto de se ver. Até aquele momento, em 23 partidas realizadas, elas eram as únicas que continuavam invictas. Dias depois, o nobre companheiro Brenno Costa trouxe um outro relato relevante neste espaço: pela primeira vez na história das Copas, o número de equipes da Conmebol nas quartas de final era maior que o de europeias (4x3). Mas bastaram apenas quatro jogos para essa euforia acabar. Hoje, o panorama se inverteu.

Culpa dos tropeços nas quartas de final. A favoritíssima Seleção Brasileira azedou ante o futebol rápido dos holandeses, que viraram o jogo para 2x1. A temida Argentina, do melhor do mundo Lionel Messi, foi humilhada pelos Meninos da Alemanha, ao ser goleada por um sonoro 4x0. O Paraguai, da linda torcedora Larissa Riquelme, até lutou, mas ficou no meio do caminho. Melhor para a Fúria que venceu pelo placar mínimo.

O sul-americano que segue vivo na disputa é o Uruguai. Mas aí cabe uma peculiaridade. A Celeste foi a única equipe que não enfrentou um europeu nas quartas. Os uruguaios eliminaram Gana, nos pênaltis. E olhe que por pouco também quase seguiu no mesmo comboio dos “hermanos”, não fosse o pênalti desperdiçado pelo atacante Asamoah Gyan, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação.

Terça-feira, a América do Sul será o Uruguai, contra a Holanda, no primeiro duelo da semifinal. Se passar, teremos uma final entre a malícia do futebol sul-americano contra a obediência do europeu. Do outro lado se enfrentam Alemanha x Espanha. Caso contrário, poderemos ter a sensação de estamos assistindo a mais uma final da Eurocopa.

O otimismo não pode virar arrogância

TERNI CASTRO

Confiança total. Depois de derrotar o Brasil nas quartas de final, a Holanda está mais do que otimista para conquistar o seu primeiro título mundial. Após chegar duas vezes ao vice-campeonato em 1974 e 1978, os Laranjas acreditam ser este ano o momento certo de levar o caneco para Amsterdã, ainda mais agora que derrotaram a única seleção pentacampeã do certame.

O discurso, que até poderia soar arrogante, faz sentido. A Laranja Mecânica mostrou que está forte e mesmo não jogando aquele futebol brilhante, conquistou resultados expressivos (os 100% de aproveitamento que o digam). Segundo seus próprios jogadores, o time pode vencer qualquer equipe do mundo e o técnico Bert van Marwijk, no melhor estilo marrento, confirmou a "arrogância positiva" da Holanda. Tomara que essa empolgação não chegue à beira da prepotência. Os holandeses têm que tomar muito cuidado com o selecionado uruguaio, que está com a mesma vontade -se não for maior, já que são mais de 40 anos sem alcançar a fase decisiva do torneio - de chegar à final da Copa.

Ainda assim, não se pode negar o favoritismo dos holandeses. Mas como tudo nesta Copa está imprevisível, não me surpreenderia se o Uruguai conquistasse a tão sonhada vaga na decisão. Faço minhas as mesmas palavras do meia holandês De Jong (referindo-se ao título mundial ), mas em relação à Celeste: Por que não?

Piqué, o melhor amigo dos adversários

IRCE FALCÃO

Quando os adversários da Espanha entram em campo, eles não jogam com 11 atletas, mas com 12. O motivo é que, na seleção catalã, um jogador em especial parece atuar como infiltrado, trabalhando para, na melhor oportunidade, beneficiar o oponente. Inacreditável que, em uma Copa do Mundo, um zagueiro seja o principal responsável pelos gols das equipes adversárias. Mas ele existe. Ele é Piqué, defensor da seleção espanhola e do Barcelona.

No primeiro jogo deste Mundial, Piqué se embolou com os atacantes da Suíça e acabou deixando o caminho livre para a primeira e surpreendente derrota da Fúria na Copa da África. Contra o Chile, no último e decisivo jogo da fase de grupos, o zagueiro também deu aquela ajudinha ao desviar um chute de Rodrigo Millar, tirando o goleiro Casillas da jogada. Gol chileno.

Ontem, contra o Paraguai, na partida que valeu a passagem inédita da Espanha às semifinais, Piqué bem que tentou ajudar, novamente, o adversário. No segundo tempo de um duelo bastante equilibrado, o zagueiro decidiu mudar a história do jogo. A favor dos adversários, claro. Piqué, praticamente, brincou de cabo-de-guerra, segurando o braço de Cardozo, dentro da área. O artilheiro do Benfica, de Portugal, no entanto, não aproveitou a oportunidade e, com um pênalti mal cobrado, perdeu a chance de fazer história. Bom, Piqué deu a chance...

E se a Alemanha, adversária da Espanha na semifinal, já está voando em campo, com a ajudinha de Piqué então. Sinto pena por antecipação dos companheiros do "melhor zagueiro da Copa" (já eleito pelos adversários, com certeza).

Uma laranja sem gosto

KAUÊ DINIZ

Sou fã do futebol holandês, até porque, na minha opinião, é o que mais se assemelha ao brasileiro. Eles têm a técnica refinada, objetivam em sua essência o futebol bonito e mantêm viva a figura dos pontas no esquema tático. Características que sempre me fizeram admirá-los e colocá-los como minha segunda seleção de coração.

No entanto, o que a atual Laranja está produzindo nesta Copa do Mundo, apesar da eficiência comprovada nos números – é a única entre as quatro semifinalistas a ter 100% de aproveitamento -, não é digna das suas tradições. E eu não sou uma voz única neste pensamento. O próprio Cruyff, maior ídolo da história do futebol holandês, já fez duras críticas à postura da atual equipe, que eu aponto como a mais fraca Holanda, em termos de beleza técnica , dos últimos 25 anos, tempo em que acompanho de perto futebol. Talentos na equipe existem, até porque Robben, Sneidjer, Van Persie, Kuyt, Van der Vaart sabem jogar bola, mas parecem tolhidos no esquema tático implantado pelo atual treinador.

Após a brilhante Laranja Mecânica da década de 70, vice-campeã mundial em 1974 e 1978, a Holanda passou por um pequeno hiato de talentos, que voltou a florescer na segunda metade dos anos 80. Era o time do eterno Marco Van Basten, um dos maiores centroavantes que pude ver atuar, Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Ronald Koeman. Juntos, conquistaram a Eurocopa de 1988. No entanto, essa mesma geração fracassou na Copa da Itália, dois anos depois.

Em 1994, a Laranja só não foi mais longe porque encontrou Romário e Bebeto pela frente, naquele inesquecível 3x2. Mas eles tinham o fantástico Bergkamp, o endiabrado ponteiro Overmars, além de Koeman, zagueiro de potente chute, um dos melhores que vi jogar, Rijkaaard e Aron Winter.

Quatro anos depois, uma geração ainda mais talentosa aparecia e era novamente aniquilada numa Copa do Mundo pelo Brasil, desta vez nos pênatis – ficaram na quarta posição. Mas era um time fantástico e que jogava um futebol refinado, com um meio de campo que dava gosto de ver com Davids, Seedorf, Ronald De Boer e Cocu. Um ataque com Bergkamp e Kluivert, um miolo de zaga com Frank De Boer e Stam, e o goleiro Van Der Sar.

Nos últimos anos, apesar de poucos resultados convincentes, montaram seleções que sempre valorizaram a plasticidade do futebol. Mas, desta vez, o técnico Van Marwijk preferiu trocar o espetáculo pelo futebol de resultado. Pode até ser campeã, mas perde um fã.

Destaques da Folha de Pernambuco

Domingo sem futebol pela Copa do Mundo, mas o caderno Folha na Copa ainda repercute a eliminação da Seleção Brasileira do torneio. Segundo especialistas da área de Psicologia, faltou equilíbrio ao grupo para ir mais adiante. Esse problema ficou bem evidente no comportamento do técnico Dunga.

Além disso, produzimos na última sexta-feira, durante o jogo Brasil x Holanda, uma matéria numa casa que abriga adolescentes em situação de risco. São histórias de vida muito sofridas, mas que encontram no futebol uma ponta de esperança para um futuro melhor. Confira o resultado dessa visita neste domingo, na sua Folha de Pernambuco.
 

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