Teste para cardíacos

quarta-feira, 23 de junho de 2010

PAULO FAZIO

Que dia emocionante o de hoje na Copa do Mundo. A começar pelo Grupo C. A Inglaterra, pressionada para conquistar a classificação, jogou a vida contra a Eslovênia, que também precisava do resultado para passar de fase. O gol marcado por Defoe garantia os ingleses nas oitavas, mas os eslovenos seguiram atrás do empate até o último minuto, tirando a respiração de qualquer telespectador. Mas o melhor ainda estava por vir. Assim que o árbitro apitou o final do confronto, a transmissão cortou para o jogo dos Estados Unidos e... gol! Eliminados até os 45 minutos do segundo tempo, os americanos foram salvos por um gol emocionante de Landon Donovan, que fez 1x0 e impulsionou a equipe até a primeira posição da chave. O empate deixava os ianques na terceira posição, atrás da Eslovênia.

Depois foi a vez do também indefinido Grupo D. Alemanha enfrentava Gana e precisava vencer para seguir adiante. Jogo lá e cá, chances perdidas para todos os lados, com vantagem para os africanos. Até que Ozil mandou um foguete no ângulo para sacramentar o 1x0 que levava os alemães até a fase seguinte. Simultâneamente, a Sérvia tinha pela frente uma pragmática Austrália, também em busca de uma das vagas. Os europeus dominavam o jogo, perdiam gols atrás de gols. Um deles com Krasic, que driblou o goleiro e bateu por cima. Os Socceroos, que não tinham nada com isso, foram lá e fizeram 2x0. Mas Pantelic diminuiu e aí começou o Deus nos acuda. A Sérvia se mandou ao ataque, já que o empate a classificaria. Foi quando, aos 48 minutos, o mesmo Pantelic recebeu a bola do jogo. Cruzamento vindo da direita, livre de marcação, tudo perfeito para sacramentar o 2x2. Tudo, menos a pontaria de Pantelic, que mandou todas as chances sérvias por cima do gol!

Como diria o narrador Gavão Bueno: "é, amigos, isso é teste para cardíacos!". Finalmente essa Copa do Mundo engrenou. Eu já estava ficando receoso por ter esperado quatros longos anos para uma competição de baixo nível técnico e emocional. Mas tudo já mudou. E agora é esfregar as mãos e esperar o final de semana. Inglaterra x Alemanha e Argentina x México. O bicho vai pegar!

Martín, o imortal

YURI DE LIRA

Sem sombra de dúvidas, o argentino mais contente com a vitória da Alviceleste sobre a Grécia (ontem, por 2x0) foi o atacante Martín Palermo, de 36 anos. O segundo gol da equipe acabou sendo anotado por "El Titán" - agora, ainda mais imortal. Ao marcar, tornou-se o maior artilheiro da seleção na Era Maradona, com seis tentos - contra cinco de Gonzálo Higuaín.

"É um dos dias mais felizes da minha vida. Uma loucura, algo incrível. É impagável viver em carne própria o que tantos jogadores me haviam contado sobre um Mundial", falou, emocionado. O atacante do Boca Juniors mostrou-se bastante grato ao "Pibe de Oro". A princípio, o técnico só o teria convocado para retribuir o gol da classificação para a Copa, feito por Palermo nas Eliminatórias Sul-Americanas. "Não tenho palavras para agradecer", disse. "Eu, na verdade, poderia estar na sala da minha casa, assistindo a Messi, Carlitos (Tévez) e Sebástian (Verón) ", completou o ídolo do Clube da Ribeira.

Martín é o que chamam, na Argentina, de "vacunador" (equivalente a "matador", no jargão futebolístico brasileiro). Com pouca técnica, porém com faro de gol apuradíssimo, o xeneize, apesar da idade, é, na minha opinião, de fundamental importância para o plantel de Don Diego. É aquele típico homem de referência no ataque do "El Diez". Sabe colocar a bola nas redes como poucos.

Se depender dos torcedores da seleção do Prata, o centroavante pode ter certeza que terá mais chances entre os titulares. "É incrível como torcem por mim. Não é fácil ganhar o reconhecimento da torcida em geral quando alguém está tão identificado com a camisa de um time (Boca Juniors)", pontuou, na coletiva de imprensa.

O gol da classificação

LÉO LISBÔA

Mais uma atuação que deixou a desejar. Na vitória por 1x0 sobre Gana, a Alemanha voltou a apresentar falhas no sistema defensivo e, ainda assim, saiu de campo vencedor. Quem garantiu a classificação para as oitavas de final foi o meia Mesut Ozil.

O triunfo e a posição de primeiro colocado do Grupo D colocaram a Alemanha em uma situação não muito agradável: encarar a Inglaterra, que ficou em segundo no C. Mesmo com as duas seleções mal das pernas neste Mundial, o jogo do próximo domingo promete grandes emoções.

Gana vai enfrentar um adversário menos tradicional no futebol, mas nem por isso menos perigoso. Os Estados Unidos, que passaram de fase como líderes do Grupo C, terminaram a primeira etapa invictos. No ano passado, na Copa das Confederações, os americanos chegaram à final, derrotando a temida Espanha na semifinal e perdendo por 3x2 para o Brasil, de virada, em duelo que chegou a abrir dois gols de diferença.

Despedida agitada

GUSTAVO PAES

Eles correram muito e perderam várias chances. O jogo entre Sérvia e Austrália foi agitado, bem disputado, mas acabou marcando a despedida das duas equipes da Copa do Mundo. Morreram abraçadas, mas nada muito carinhoso, pois o jogo foi duro. Para os australianos, ficou o alento da vitória por 2x1 diante dos europeus.

Impossível saber ao certo, mas a vitória na rodada anterior diante da Alemanha parece ter deixado os sérvios confiantes em excesso. Durante todo o primeiro tempo e boa parte do segundo, os europeus conseguiram dominar a Austrália, mas pareciam displicentes na hora de decidir as jogadas. A velha e traidora sensação de que a equipe melhor tecnicamente pode marcar quando quiser.

O papel dos autralianos estava bem ensaiado. A mesma marcação viril - incluindo até as velhas falhas na linha de impedimento. E a eficiência. Palavrinha mágica essa. Pelo alto, o atacante Tim Cahill abriu o marcador. Minutos depois, o meia Holman ampliou a vantagem dos Socceroos.

Só depois da desgraça feita, os sérvios ficaram com sangue nos olhos, disputando cada bola como se fosse a última. Conseguiram ainda diminuir a desvantagem com Pantelic. Mas já era tarde demais. Sérvia, time de boa técnica mas pouca gana (com o perdão do trocadilho), fora da Copa.

Apesar de vocês

GUSTAVO PAES

Depois da vitória contra a Argélia e da classificação assegurada para as oitavas de final, os americanos já podem comemorar ao som de "Apesar de você", música de Chico Buarque. Ou melhor, na versão americana é "Apesar de vocês", no plural. Dedicada aos árbitros Koman Coulibaly (Mal) e Frank De Bleeckere (BEL).

O erro de Koman Coulibaly foi mais grosseiro, anulando de forma absurda um gol legal dos americanos, que consagraria o time em uma virada emocionante diante dos eslovenos. Dois pontos perdidos para a arbitragem.

Já o experiente belga se envolveu em lances mais complicados. Primeiro seguiu a orientação do auxiliar e anulou um gol de Dempsey, alegando impedimento. As imagens mostram o americano na mesma linha. Mas o lance é muito difícil.

No segundo tempo, a culpa de De Bleeckere começou a aumentar, após dois lances violentos da Argélia. Primeiro, o zagueiro Yahia deu um soco na boca de Dempsey. O pior, dentro da área. Pênalti que o belga não viu. Alguns minutos depois, o volante Lacen impediu o contra-ataque puxado por Altidore com um pisão criminoso no calcanhar do atacante americano. Jogada para expulsão, que ficou só no amarelo.

Amanhã há de ser outro dia para os americanos. Dia de comemoração. Apesar de Coulibaly e De Bleeckere.

Para não se tornar uma decepção

LÉO LISBÔA

Em apenas três jogos, a seleção alemã pode ir do céu ao inferno. Após vencer, convencer e dar esperanças que poderia ser a sensação do Mundial da África do Sul, os germânicos sucumbiram na segunda rodada. Se na estreia golearam a Austrália por 4x0, no duelo seguinte veio o imprevisto (pelo menos para a Alemanha) e foram derrotados pela Sévia por 1x0. Hoje, a partir das 15h30, tudo que o técnico Joachim Low e seus comandados querem é evitar uma nova zebra.

Para não ficar de fora das oitavas de final, a Alemanha precisa vencer Gana por qualquer resultado. Se empatar com a seleção africana, que lidera o Grupo D, os alemães terão que torcer para que os sérvios tropecem novamente. O adversário da Sérvia será a Austrália, lanterna da chave. Sem apresentar um futebol convincente, mas com um sistema defensivo bastante eficiente, eles esperam um novo triunfo. Caso repitam o placar que construíram contra a Alemanha, a Sérvia passará de fase.

Classificação merecida

GUSTAVO PAES

Os Estados Unidos podem não jogar um futebol encantador nesta Copa do Mundo (aliás, quem joga?). Mas a classificação americana para as oitavas de final da competição, passando em primeiro do Grupo C, foi mais do que merecida. Foi sofrida a vitória diante da Argélia, por 1x0 - com gol de Donovan nos acréscimos -, mas a equipe que jogou melhor do que todos os adversários durante a primeira fase avança com justiça.

EUA e Argélia fizeram um jogo muito aberto. Mas a falta de qualidade dos atacantes de ambas as equipes foi fator preponderante para o placar apertado. No segundo tempo, os argelinos se tornaram deficientes em todos setores, e o time do decisivo meia Donovan cresceu no jogo.

Com a derrota da Eslovênia contra a Inglaterra se concretizando, os Estados Unidos precisavam da vitória, mas pareciam nervosos com a responsabilidade. Se na técnica e na calma estava difícil, apareceu o espírito competitivo, característica marcante da personalidade americana. Brigando até o último minuto, eles foram premiados com um gol do seu principal jogador, no rebote. Suada e difícil foi essa conquista, a mais emocionante do Mundial até agora.

Precisa melhorar muito

LÉO LISBÔA

Não merecia. Jogou mal e nem parecia que possui alguns jogadores que podem jogar em qualquer time do mundo. Rooney, Gerard e Lampard pouco fizeram para que a Inglaterra se classificasse para as oitavas de final. O gol da classificação inglesa na vitória por 1x0 sobre a Eslovênia, por sinal, não saiu de uma jogada trabalhada, com troca de passes. Lembrou mais a maneira como os ingleses atuavam antigamente, a base do famoso "chuveirinho". Milner cruzou e Defoe estufou as redes adversárias.

Se quiserem ir mais longe nesta Copa do Mundo, o técnico Fabio Capello vai ter que mudar em poucos dias a forma da sua equipe jogar. Mesmo com bons defensores, o sistema defensivo inglês vacilou e só não sofreu o empate porque a Eslovênia deixa a desejar quando o quesito é a técnica. A cada rodada que passa, vou me decepcionando mais com a Inglaterra e Rooney, que mesmo sem marcar um gol sequer nesta primeira fase, ainda sonha em ser o melhor do mundo.

Por um fio

GUSTAVO PAES

A última rodada do Grupo C da Copa do Mundo pode marcar a despedida de mais uma camisa forte. Depois da França, a Inglaterra corre sérios riscos de deixar o Mundial ainda na primeira fase. Pela frente, daqui a pouco, às 11h, o English Team tem a Eslovênia, que, se não apresentou um futebol brilhante, conseguiu bons resultados dentro da competição e agora lidera a chave.

Rooney e companhia, que já convivem com pesadas críticas depois das duas primeiras apresentações, vão ter que sair para o jogo e vencer se quiserem avançar. Um empate forçaria os ingleses a torcerem pela Argélia no confronto contra os Estados Unidos no outro confronto decisivo do grupo. Depender dos argelinos é tarefa ingrata, já que os americanos apresentaram o futebol mais consistente do grupo até o momento, apesar de ocupar "apenas" a segunda colocação.

Até agora, dentre os gigantes que desembarcaram na África do Sul para a disputa da Copa do Mundo, os ingleses perderam apenas para a França no quesito decepção. Com uma liga para lá de badalada, e jogadores importantes que conseguem bom destaque dentro das principais equipes do país - Rooney no Manchester United, Lampard no Chelsea e Gerrard no Liverpool -, esperava-se muito mais da equipe de Fabio Capello. Uma queda hoje, na fase de grupos, representaria o fim melancólico para vários integrantes de uma geração que fez bem aos seus clubes, mas que não conseguiu formar uma grande selecionado.

Copa na Rádio Folha FM (96.7)

Confira daqui a pouco, a partir das 7h, informações sobre a Copa do Mundo no Folha Notícias. Além disso, a Rádio Folha FM (96.7) está trazendo durante toda a programação curiosidades e fatos históricos do torneio. Basta sintonizar 96.7 ou acessar a rádio pela internet, através do endereço da Folha Digital - www.folhape.com.br.

Destaques da Folha de Pernambuco

A eliminação da França ainda na primeira fase da Copa do Mundo é o principal destaque do caderno Folha na Copa desta quarta-feira. Os Bleus perderam para a África do Sul por 2x1 e ambas as seleções se despediram do torneio. Pelo Grupo A, classificaram-se Uruguai e México. Já no Grupo B, a Argentina manteve os 100% de aproveitamento com a vitória de 2x0 sobre a Grécia. A segunda equipe classificada da chave foi a Coreia do Sul, que empatou por 2x2 com a Nigéria.

Confira também no caderno Folha na Copa as quatro partidas programadas para hoje: Inglaterra x Eslovênia e Estados Unidos x Argélia, pelo Grupo C; e Alemanha x Gana e Sérvia x Austrália, pelo Grupo D.

No noticiário da Seleção Brasileira, Kaká disse que não tem sangue de barata, defendeu o técnico Dunga e pediu que o jornalista Juca Kfouri respeitasse a sua religião. Boa leitura!
 

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