Faltou talento ao Chile

segunda-feira, 28 de junho de 2010

YURI DE LIRA

Na Copa América de 2007, justamente uma goleada brasileira em cima do Chile (6x1) ocasionou a queda do até então técnico de "La Roja", Nelson Acosta. O treinador argentino Marcelo Bielsa assumiu o posto. No momento, o elenco estava rachado e alguns atletas preferiam as festas a jogar futebol. De pulso firme, "El Loco" era o homem ideal para mudar esse cenário. Reformulou parte do plantel, impôs uma postura ofensiva (quase suicida, às vezes) e deu uma verdadeira identidade à equipe andina. Depois de 12 anos, classificou os chilenos para uma Copa do Mundo - chegando, inclusive, a ser eleito o estrangeiro mais influente do país. Também resolveu apostar na coletividade e na disciplina. Porém, faltou matéria-prima. Ainda que queridos pela população local, faltou aquele plus aos jogadores para chegarem mais longe no Mundial.

Exigir que os comandados de Bielsa ganhassem da Canarinho seria demais. Não dá para comparar a qualidade técnica das duas seleções. Os 3x0 refletiu isso. Sem tradição em Copas do Mundo, ter chegado às oitavas de final ficou de bom tamanho. Para se ter uma ideia, a melhor colocação obtida pelo Chile na competição foi um terceiro lugar em 1962, quando foi o anfitrião da disputa.

Hoje, minutos antes do início da partida diante do combinado tupiniquim, "El Loco" decidiu mudar a formação da equipe. Saiu do 4-2-1-3 e foi para o 4-3-3, sem a presença de um armador de origem. Contando com o retorno de Humberto Suazo no comando de ataque, adotou, teoricamente, uma tendência ainda mais para frente da que vinha jogando. Quase estilo kamikaze. Sem resultados. Durante todo o embate, a marcação, como de praxe, foi frouxa; e o ataque (ponto forte de "La Roja") acabou sendo anulado pelos eficientes defensores brasileiros. A ausência de três titulares (Marco Astrada, Waldo Ponce e Gary Medel - suspensos) complicou ainda mais a vida do país de Pablo Neruda.

Neste Mundial, talvez tenha faltado ao Chile um meia de ligação (ou "enganche", como eles costumam falar). Matías Fernández e "El Mago" Valdívia, os que podiam cumprir essa função, não têm qualidade suficiente para assumir tamanha responsabilidade. Quem poderia ser esse armador era o meio-campista da Roma/ITA David Pizarro. No entanto, por problemas de comportamento, sepultou as suas chances de ser convocado para a Copa. Aos bravos chilenos, primeiros sul-americanos eliminados no certame, resta saber que o selecionado da terra do vinho foi longe demais.

Quando o Brasil foi Brasil

PAULO FAZIO

Venceu e convenceu. Hoje, no Ellis Park, em Johannesburgo, o Brasil mostrou que pode jogar além dos resultados. Com uma formação mais solta, a Seleção Brasileira atropelou o Chile e fez 3x0 sem muitas dificuldades e com espaço para mais. As mudanças feitas no meio de campo deram uma outra cara ao time. Ramires e Daniel Alves deram mais mobilidade a uma equipe antes engessada. Foi um resultado que deixou os brasileiros mais otimistas no próprio selecionado.

O Chile hora nenhuma assustou. Nos minutos finais, até que tentou fazer uma pressão em busca de um gol pelo menos. Mas faltou objetividade. Muito toque de bola e pouca finalização. Confesso que até torci para que o selecionado de Marcelo Bielsa diminuísse a contagem. Mas pelo bem do meu bolão, claro. Coloquei 3x1 e estava esperando cravar o resultado para dar uma subida na tabela de classificação. Não deu.

No Brasil, foi muito bom ver Kaká se movimentando mais. O meia se lançou bastante ao ataque, sempre dando opções e aparecendo para receber os passes. Ver os atacantes Luís Fabiano e Robinho marcando gols também é sempre bom. Mas o atacante do Santos tem que deixar de ser fominha algumas vezes. Não é forçando que ele vai ser o destaque brasileiro no Mundial. Outro ponto bastante satisfatório foi a atuação de Michel Bastos, que conseguiu, depois de três jogos, fazer boas jogadas pela esquerda, desafogando o jogo sempre em cima de Maicon.

A vitória foi ótima, mas agora é a hora de pensar na Holanda. O 3x0 em cima do Chile foi um ótimo resultado, mas o triunfo já era esperado. Resta saber se o técnico Dunga vai manter a formação que deu outra cara ao Brasil ou se vai optar pelo retorno de Felipe Melo e Elano ao meio de campo. Essa resposta só teremos na sexta-feira, às 11h. Agora é hora de comemorar.

Tudo como esperado

PAULO FAZIO

O primeiro tempo do duelo entre Brasil e Chile acabou como esperado. Com a formação contando com Ramires e Daniel Alves no meio de campo, a Seleção teve mais opções na frente. Não foi aquele time que tocava a bola por minutos, mas sem objetividade, chato. Michel Bastos também apareceu bem na esquerda. O lateral estava precisando dar mais vida ao setor.

O resultado disso foi um 2x0 sem sustos. Juan, de cabeça, e Luís Fabiano, com um passe sensacional de Kaká, construíram o placar. A equipe chilena até mostrou um pouco de velocidade, com jogadas de toque rápido, mas pouco fez no quesito eficiência.

Gostei do que vi. Lógico que os jogadores ainda estavam se acostumando com o esquema mais ofensivo. Chutou mais, foi mais veloz, fez mais tabelas. Enfim, jogou como a Seleção deve jogar.

Com esse placar, o segundo tempo deve ser mais tranquilo. O Chile vai ser Chile e vai se mandar para o ataque, dando todo o espaço necessário para transformar o 2x0 em uma goleada. Vamos ver. Meu palpite foi 3x1, vou continuar com ele.

Uma Seleção mais solta

PAULO FAZIO

Escrevi há pouco tempo que, com as saídas de Felipe Melo e Elano, os substitutos naturais deveriam ser o pernambucano Josué e Daniel Alves, respectivamente. Não porque seriam as melhores opções - digo isso mais em relação à entrada de Josué -, mas sim pelo que Dunga havia demonstrado em outras partidas. Quando saiu a relação dos titulares, entretanto, a surpresa estava lá: Ramires.

Dunga optou por testar uma formação que muito brasileiro queria faz tempo. Tirar um dos volantes de contenção, que pouco fazem com a bola no pé, para a entrada de um jogador que possa fazer com que a transição da bola para o ataque seja com mais qualidade. Acho a opção corretíssima. Ramires tem qualidade e velocidade para isso. Além disso, é um jogador que aparece muito no ataque. Com uma marcação muito pesada em Kaká, os espaços para ele vão aparecer.

Já Daniel Alves não é preciso nem falar. É o 12º titular de Dunga. E com méritos. Seja na lateral esquerda, na direita ou no meio de campo, está sempre disposto em qualquer posição que atue. No meio, tem qualidade técnica suficiente para armar boas jogadas com Maicon pela direita, além de ser um jogador inquieto, que quer sempre a bola para partir para cima e arriscar uma jogada mais incisiva.

Acho que o técnico da Seleção acertou nas substituições, fugindo do seu pragmatismo comum. Creio que as mudanças podem fazer a equipe ficar mais solta, ofensiva. É o que todo brasileiro quer.

Vale a pena ver de novo

PAULO FAZIO

De todos os possíveis adversários que poderia enfrentar nas oitavas de final, não teria um melhor para o Brasil que não o Chile. Não só por ser um time ofensivo, presa preferida da equipe de Dunga, mas também pelo histórico de vitórias recentes da Seleção no embate entre os dois países: os chilenos são verdadeiros fregueses. Por isso, hoje, às 15h30, no Estádio Ellis Park, em Joahnnesburgo, tudo conspira a favor de um atropelamento brasileiro.

As estatísticas escancaram a superioridade amarela. Brasil e Chile já mediram forças 65 vezes: 46 vitórias brasileiras, 12 empates e somente sete triunfos chilenos, de acordo com dados do site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Recentemente, na Copa do Mundo de 1998, os dois países duelaram também pelas oitavas de final do torneio. Atropelamento da Seleção, que venceu por 4x1.

Sem a menor vontade de diminuir esses números, o técnico Dunga não deverá fazer grandes mudanças na equipe que vinha sendo titular. Kaká, depois de cumprir suspensão, volta a comandar o meio de campo. Assim como Robinho, poupado contra Portugal, deve ser o parceiro de Luís Fabiano no ataque. O único ponto de interrogação se encontra no meio de campo. Felipe Melo sentiu uma lesão no tornozelo, e pode ser substituído pelo pernambucano Josué. Além dele, Elano não se recuperou totalmente de uma entrada sofrida contra a Costa do Marfim e pode dar lugar para a entrada de Daniel Alves.

Já o técnico Marcelo 'El Loco' Bielsa, que já não conta com uma retaguarda das mais impenetráveis, ainda não poderá contar com sua dupla de zaga titular. Medel e Ponce receberam o segundo amarelo contra a Espanha e estão suspensos. Estrada, expulso no mesmo duelo, também é desfalque. Mesmo com tantas perdas, Bielsa pode comemorar a volta do meia Matias Fernández, principal articulador de jogadas da La Roja.

Ainda sem convencer, Holanda avança

TERNI CASTRO

Em jogo bastante disputado, a Holanda derrotou a surpreedente seleção da Eslováquia por 2x1 (aê, palpite certeiro!) e carimbou o passaporte para as quartas de final da Copa do Mundo. Apesar do revés sofrido diante da Laranja Mecânica, vale ressaltar aqui o bom desempenho do selecionado eslovaco, que poderia muito bem ter despachado os holandeses de volta para casa. Poderia, mas graças, principalmente, ao astro Robben - um dos destaques da partida -, o sonho eslovaco de ir mais longe vai ter que ser adiado para as próximas edições do Mundial.

A partida, como era de se esperar, começou com os laranjas indo para cima. O atacante Robben, mostrando que está completamente recuperado da lesão na coxa, carregava juntamente com Sneijder o ímpeto dos holandeses. O resultado, então, foi o tento marcado pelo avançado depois de um bom lançamento do meia. Depois disso, a Holanda pisou no freio e o que se viu foi uma chuva de tentativas desperdiçadas pelos eslovacos, principalmente com o atacante Vittek e com o meia Stoch. Entretanto, numa displicência da defesa eslovaca, foi a Holanda que ampliou o placar com Sneijder. Já no fim da partida, a Eslováquia diminuiu de pênalti com Vittek - agora, artilheiro do Mundial juntamente com o argentino Higuaín, ambos com quatro gols -, mas era tarde demais. Festa, então, laranja.

Parabenizo a boa seleção da Eslováquia, que em momento algum desistiu de buscar o resultado diante da poderosa Holanda. Pena mesmo que não tenham seguido na competição. Quanto à Laranja Mecânica, parece mesmo que adotou uma postura pragmática, percebida desde o momento que a equipe faz o primeiro gol e depois se contenta em administrar o resultado. Cuidado, Holanda, pois esse joguinho contra o Brasil (possível adversário nas quartas) não vai dar certo. Enfim, mais uma vez os laranjas venceram, mas não convenceram.

Palpites da equipe de Esportes da Folha

Veja os palpites da equipe de Esportes da Folha de Pernambuco para o jogo Brasil x Chile, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

Flávio Batista - Brasil 4x1 Chile
Kauê Diniz - Brasil 3x0 Chile
Felipe Amorim - Brasil 3x0 Chile
Claudemir Gomes - Brasil 2x1 Chile
Gustavo Lucchesi - Brasil 5x2 Chile
Gustavo Paes - Brasil 3x1 Chile
Léo Lisbôa - Brasil 3x0 Chile
Paulo Fazio - Brasil 3x1 Chile
Brenno Costa - Brasil 2x1 Chile
Yuri de Lira - Brasil 3x0 Chile
Irce Falcão - Brasil 3x0 Chile
Terni Castro - Brasil 3x0 Chile

Mande sua foto para o Folha na Copa

Você vai vestir o verde e o amarelo e vai torcer pela Seleção Brasileira, hoje à tarde, contra o Chile? Então, prepare a máquina fotógrafia, registre o momento e envie a imagem para o blog Folha na Copa. Para fazer isso é muito fácil. Basta mandar o material para o email esporte@folhape.com.br. Não esqueça de colocar seu nome e de identificar as demais pessoas que, porventura, estiverem na foto. Estamos esperando!

Todos de olho em Holanda x Eslováquia

TERNI CASTRO

O jogo mais improvável - ou não - vai acontecer. Holanda e Eslováquia se encontram logo mais, às 11h, para disputar uma vaga nas quartas de final da Copa. Quem não acreditava numa classificação dos eslovacos, surpreenderam-se com um time bem postado e disposto a aprontar na competição - fato que já rendeu frutos, com o despache da poderosa Itália de volta para casa na fase de grupos.

Nesta partida tudo pode acontecer. Os eslovacos já mostraram que não estão para brincadeira. Com um meio de campo organizado e um ataque que sabe fazer gols - o avançado Vittek já configura como um dos artilheiros desta edição com três tentos -, a Eslováquia não tem nada a perder e tudo indica que irá travar um grande duelo com a Holanda. Já a Laranja Mecânica vem embalada pelos 100% de aproveitamento - até aqui foram três vitórias em três jogos - e espera emplacar de vez o futebol ofensivo tão esperado neste Mundial. Dúvida somente é a presença do astro holandês Robben, ainda não confirmado na equipe titular.

Arrisco-me a palpitar numa vitória dos Laranjas (por 2x1), mas esse jogo pode ir até para a prorrogação. Espero que sim, pois vai ser mais emoção e garantia de uma grande disputa para os amantes do futebol.

Copa na Rádio Folha FM (96.7)

Confira daqui a pouco, a partir das 7h, informações sobre a Copa do Mundo no Folha Notícias. Além disso, a Rádio Folha FM (96.7) está trazendo durante toda a programação curiosidades e fatos históricos do torneio. E hoje, dia de jogo do Brasil no Mundial, contra o Chile, acompanhe as expectativas para o jogo, além de comentários no intervalo e ao final da partida.

Para ouvir, basta sintonizar 96.7 ou acessar a rádio pela internet, através do endereço da Folha Digital - www.folhape.com.br.

Destaques da Folha de Pernambuco

A Seleção Brasileira terá um velho freguês pela frente na partida de oitavas de final da Copa do Mundo da África do Sul. Hoje, às 15h30, o time comandado por Dunga enfrentará o Chile, no Estádio Ellis Park, em Johannesburgo. Essa partida, como não poderia deixar de ser, é o destaque do caderno Folha na Copa desta segunda-feira.

E você pode conferir também os resultados do fim de semana, que classificaram Uruguai, Gana, Alemanha e Argentina para as quartas de final. Aliás, os dois jogos do domingo foram marcados por erros grosseiros da arbitragem.

E segunda-feira é dia de Agito na Copa, coluna assinada pelo jornalista Thiago Soares. Tudo isso e muito mais na sua Folha de Pernambuco.
 

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