Em Cuba, cinema é lugar de Copa

quinta-feira, 8 de julho de 2010

THIAGO SOARES
Da Revista da Folha
Enviado especial

SANTIAGO DE CUBA - Olhei a primeira vez e não acreditei. No Cine Cuba, no centro de Santiago de Cuba, uma das programações do “Verano Cinematográfico” não era nenhum filme. Mas assistir aos jogos da “Copa Mundial Futbol – Sudafrica 2010” ali mesmo, no escurinho do cinema. Nas duas semifinais e a final do Mundial, os cubanos poderão ver os jogos num telão ao preço de 2 Cuc (cerca de 2 Euros), a moeda convertida que os turistas usam no país. Pergunto à bilheteira do cinema quantas pessoas estão assistindo ao jogo Holanda X Uruguai e ela me responde que 82 cubanos pagaram para ver a partida. “Como muitos têm televisão velhas em casa, acabam vindo para cá assistir aos jogos”, explica. Quando digo que sou brasileiro, mais uma vez, o capítulo “novela” se abre. Sabe qual foi o maior público que o Cine Cuba já teve em toda sua história? “A exibição do último episódio de 'Mulheres Apaixonadas'. Tivemos lotação esgotada: 250 pessoas”, diz a bilheteira.

No hotel Meliá, o cinco estrelas de Santiago de Cuba, um grupo de turistas alemães está mobilizando o Daiquiri Bar, no lobby, para fazer uma espécie de camarote VIP para assistir às partidas. No jogo contra a Argentina, eles faziam a festa enquanto os cubanos franziam as testas – lamentando a saída do amado Dieguito Maradona.

Praga argentina

IRCE FALCÃO

Nos últimos Mundiais, os argentinos mostraram que têm bom futebol, mas que não têm força para chegar às finais. Mostraram também que são vingativos e "amaldiçoam" as seleções responsáveis pela eliminação deles. O "feitiço argentino" começou em 1998, quando a Holanda foi eliminada pelo Brasil depois de mandar os reis do tango de volta para casa.

Em 2002, quem sofreu foi a Suécia, eliminada nas oitavas de final, logo depois de fazer parte de um dos maiores fracassos dos hermanos em Mundiais, quando eles não passaram nem da fase de grupos. O calvário da Alemanha começou em 2006, quando eliminou a Argentina nas quartas e foi derrotada pela Itália na semifinal. Ontem, a maldição se repetiu, e os alemãs ficaram, novamente, nas semis, depois de atropelar os pupilos de Maradona, vencendo por 4x0.

Reza a lenda que os argentinos não serão campeões do mundo enquanto não pagarem uma promessa feita à Virgem de Copacabana del Abra de Punta Corral, da província de Tilcara, em 1986, quando os hermanos, com direito a gol de mão, levantaram a taça. Os religiosos mais fervorosos acreditam que, enquanto a promessa não for paga, nada de título.

Beleza que os argentinos estejam amaldiçoados (essa parte confesso não achar ruim), mas a urucubaca está passando para os outros. Então, das duas uma. Ou Maradona e sua trupe pagam a tal promessa, ou é bom nós, brasileiros, começarmos a rezar para eles ficarem bem longe da gente na Copa de 2014. Ninguém merece maldição de argentino dentro de casa.

A verdadeira moda: ficar pelado

IRCE FALCÃO

Não sei para que as pessoas se preocuparam tanto em comprar roupinhas e acessórios para acompanhar a Copa do Mundo por dentro da moda se a real moda do momento é esta história de ficar pelado. Não importa se o time ganhou, perdeu ou empatou, o que interessa mesmo é tirar a roupa e aproveitar os comentados 15 minutinhos de fama. Que o diga a paraguaia Larissa Riquelme, que caiu nas graças do público masculino. Aqui na redação, o nome da "namoradinha da Copa" é quase unanimidade. Ê falta de assunto. Triste!

Em todos os países, no mínimo, uma pessoa prometeu tirar a roupa se o time fosse campeão (no Brasil esse número poderia ser multiplicado por mil). O técnico da Argentina, Maradona, engrossou o coro. Ainda bem que ele foi eliminado logo, pois seria a visão do inferno vê-lo pelado. É uma necessidade de aparecer incrível. Ontem, um espanhol resolveu entrar na onda do nudismo comemorativo e desfilou, peladão, pelas ruas de Madrid. A Fúria ainda nem levantou a taça, mas ele já mostrou toda a euforia.

Do jeito que as coisas vão, o nudismo vai ser uma coisa natural em 2014 (já estou até vendo a desculpa: "o Brasil tem um clima muito quente!"). As pessoas nem gostam de aparecer e com a quantidade de gente dando ibope então, fechou. O comércio que se prepare, pois a venda de camisas e acessórios deve diminuir bastante no próximo Mundial.

Paul, o polvo profeta

IRCE FALCÃO

Quem, em sã consciência, fazendo um retrospecto do que rolou até agora na Copa do Mundo da África do Sul, apostaria que a Espanha iria vencer a favortíssima Alemanha no Mundial? Difícil. Mas ele, a sensação dos palpites, acertou novamente. Muito mais atrativo do que aqueles que se julgam os "reis das previsões", o polvo profeta, Paul, virou a sensação da Copa, acertando todos os resultados da seleção alemã.

A revelação de quem será o vencedor acontece de forma inusitada, sem ter nada a ver com os tradicionais jogos de búzios, tarô e outras crenças. No aquário alemão de Oberhausen, onde o polvo vive, são colocados dois baús com a mesma quantidade de comida, cada um com a bandeira de uma seleção. O animal é colocado no centro do recipiente e, só então, escolhe o lado do vencedor da partida.

O palpite é tão seguro, mas tão seguro, que Paul acertou até a derrota alemã para a Sérvia, na segunda partida da fase de grupos. Só ele acertou, tenho certeza! As vitórias sobre Austrália, Gana, Inglaterra e Argentina também foram adiantadas pelo profeta aquático.

Agora, imaginem esse polvo num bolão? Covardia total. Já estou pensando em adotar Paul na próxima Copa para ver se tenho um desempenho melhor nas apostas aqui da editoria de Esportes.

Destaques da Folha de Pernambuco

Holanda e Espanha farão a final da Copa do Mundo da África do Sul, no próximo domingo. O destaque do caderno Folha na Copa desta quinta-feira é a vitória da Fúria sobre a Alemanha por 1x0. O único gol da partida foi assinalado por Puyol. Pela primeira vez, os espanhóis vão disputar a decisão de um Mundial. Do outro lado, a Holanda já foi vice-campeã duas vezes (1974 e 1978). O certo mesmo é que o seleto grupo de campeões mundiais passará de sete para oito integrantes.

As equipes da Folha de Pernambuco acompanharam a partida de ontem em três lugares diferentes. Estivemos juntos com os espanhóis, os alemães e assistimos à primeira transmissão em 3D para o Nordeste. Uma experiência bastante interessante, que está narrada no caderno Folha na Copa. Não deixe ler.
 

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