PAULO FAZIO
Ao acompanhar os minutos finais do empate entre a Coreia do Sul e Nigéria, uma questão me veio à cabeça: "como os africanos podem ser tão displicentes?". O placar estava 2x2, resultado que levava os coreanos a passarem de fase. Um gol das Super Águias, entretanto, mudaria todo o panorama, classificando os nigerianos. Mas, lance a lance, as chances iam sendo desperdiçadas. Uma delas chegou a ser inadmissível. Ayegbeni recebeu passe de Ayila na pequena área, a centímetros da linha do gol, sem ninguém para atrapalhar ou incomodar, e fez o impossível: mandou para fora. Depois, foi a vez de Martins. O atacante recebeu uma bola enfiada, cheia de açúcar, cara a cara com o arqueiro coreano. Tinha tempo e espaço para pensar na melhor decisão possível. Mas não o fez. Tentou um toque de categoria por cima do goleiro e a bola saiu ao lado da barra, junto com as chances da Nigéria de se classificar para a próxima fase.
Me lembrou bastante, claro que com as devidas proporções, o duelo entre Inglaterra e Camarões pela Copa do Mundo de 1990, na Itália. Depois de sair atrás do placar, os camaroneses, liderados pelo histórico Roger Milla, viraram a partida em quatro minutos, marcando aos 16 e aos 20 do segundo tempo. Os ingleses abriram a sua defesa indo ao ataque, e os africanos seguiram perdendo oportunidades por puro capricho. O castigo veio a galope. Lineker, de pênalti, deixou tudo igual. Na prorrogação, mais do mesmo. Camarões em cima, chances desperdiçadas e outro pênalti, que Lineker fez e fechou o placar: 3x2 para os ingleses. Uma partida que ficou na história como a imagem da África no futebol: muito show e pouco resultado.
Parece que falta algo para os africanos triunfarem. Eles têm habilidade e força física, mas acho que perdem o jogo na própria cabeça. São mentalmente fracos. Se abalam com gols perdidos e levados, não conseguem reunir forças para reagir em situações adversas. E, mesmo quando conseguem, esbarram no próprio preciosismo. Em tentar fazer o mais bonito, um toque com mais categoria. Pode ser que não seja proposital, como algo mais instintivo. Mas é fato que eles tropeçam nas próprias pernas.
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